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O estranho silêncio da Al-Qaeda sobre o sucessor de seu líder Zawahiri

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Desde que os Estados Unidos anunciaram a morte, em julho de 2022, de Ayman al-Zawahiri, sucessor de Osama bin Laden, o grupo fundamentalista islâmico Al-Qaeda evita comentar a veracidade de sua morte. 


O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou em 2 de agosto a morte do jihadista egípcio no Afeganistão em um ataque de drone. 


Desde então, os meios de comunicação oficiais do grupo islamita continuaram a transmitir mensagens de áudio ou vídeo sem data de seu líder. Não confirmam nem negam sua morte. 


“É realmente estranho. Uma rede só funciona com um líder. Precisa de uma pessoa em torno da qual tudo gire”, comentou à AFP Hans-Jakob Schindler, diretor do think tank independente Counter-Extremism Project.


Para outros especialistas, todas as opções estão abertas. “É claro que pode ser que os Estados Unidos estejam errados sobre sua morte”, observaram em dezembro os investigadores Raffaello Pantucci e Kabir Taneja no site Lawfare. 




Os especialistas recordaram anúncios passados sobre mortes de líderes terroristas importantes, que depois reapareceram.


“Parece improvável dada a confiança com que o presidente Biden falou”, analisaram.


Hipótese Saif al-Adl


Outra hipótese é que o grupo não teria conseguido contato com o suposto sucessor de Zawahiri, seu ex-número dois, Saif al-Adl


Este ex-tenente-coronel das Forças Especiais Egípcias participou na década de 1980 na Jihad Islâmica Egípcia. 


Depois de ter sido preso e depois solto, viajou para o Afeganistão para se juntar à Al-Qaeda e se tornou o número dois de Zawahiri. 


No entanto, analistas citam regularmente a hipótese de Saif al-Adl estar escondido na República Islâmica do Irã, um país xiita pouco simpático ao movimento sunita ultrarradical. 


Para Schindler, “Saif serve de lastro, mas também um trunfo para o regime iraniano”. 


Teerã poderia, dependendo de seus interesses, entregá-lo aos Estados Unidos ou, ao contrário, permitir que a rede os atacasse. 


Outro cenário possível é que o Talibã silenciou a Al-Qaeda.


Zawahiri foi morto em um bairro rico de Cabul, onde as autoridades não poderiam ignorar sua presença.


A “decisão de não comentar [sua execução] pode ser parte dos esforços talibãs para administrar a frágil, mas profunda, relação com a Al-Qaeda” enquanto tenta apaziguar Washington.


Al-Adl também pode estar morto ou escondido, para evitar o destino de seu antecessor e de dois líderes do grupo rival Estado Islâmico (EI), mortos com oito meses de diferença em 2022.


Importância limitada


A organização interna da Al-Qaeda é muito diferente hoje daquela da época dos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. 


O grupo estendeu suas filiais do Levante à África, passando pelo sul da Ásia. Mas essas ramificações são muito mais autônomas da organização central do que no passado. 


O silêncio do grupo após o anúncio da morte de Zawahiri “reflete a importância limitada do quartel-general da Al-Qaeda, que é um símbolo, mas com pouca relevância operacional”, destaca Barak Mendelsohn, professor da universidade Haverford da Pensilvânia.


Nesse sentido, Al-Qaeda e EI compartilham dificuldades bastante semelhantes. 


Em novembro, o EI anunciou a morte de seu líder, o iraquiano Abu Hassan al-Hashimi al-Qurashi, e a nomeação de seu sucessor.


“Embora o EI tenha eleito novos califas, ninguém nunca ouviu falar deles. No entanto, as facções permaneceram leais”, diz Tore Hamming, cientista político dinamarquês do Departamento de Estudos de Guerra do King’s College de Londres.


“Para a Al-Qaeda, pode ser a mesma coisa, com um simples conselho de personalidades de alto escalão assumindo o papel de um emir”, acrescenta.

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