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Atingido por escândalo, presidente sul-africano tem futuro incerto

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O futuro político do presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, estremece nesta sexta-feira (2), após o escândalo de um roubo a uma das suas propriedades onde foram encontrados maços de notas escondidos num sofá.


Os pesos-pesados do partido Congresso Nacional Africano (ANC), cuja imagem está manchada pela corrupção e divisões internas, estão reunidos em Johannesburgo para discutir o futuro de seu presidente.




Com maioria no Parlamento desde 1994, o ANC de Nelson Mandela tem o chefe de Estado desde o fim do apartheid e a instauração da democracia.


O porta-voz do presidente informou na quinta-feira (1º) que Ramaphosa faria um anúncio iminente“, embora tenha insistido que a situação era complicada demais para decisões “precipitadas”.


Ramaphosa, de 70 anos, passou toda a quinta-feira consultando líderes do partido. Durante a manhã, pessoas próximas do presidente disseram à imprensa local que ele não lutaria para se manter no cargo.


Mas à noite, os rumores de uma possível renúncia se acalmaram depois que parte do partido e o setor empresarial saíram em sua defesa.


“As pessoas à frente do ANC não querem que ele saia”, resumiu à AFP um líder partidário, que pediu anonimato.


Nesta sexta-feira, até o chefe da Igreja Anglicana se pronunciou a seu favor. “Ninguém deve estar acima da lei, mas fazer um julgamento de uma pessoa com base no que é, na verdade, uma comissão de inquérito preliminar, pode levar à anarquia”, declarou o arcebispo Thabo Makgoba, o sucessor de Desmond Tutu.


Maços nas almofadas

No início da semana, tudo parecia correr bem para o presidente.


Duas semanas antes do congresso do ANC, Ramaphosa aparecia como o favorito para conquistar o apoio do partido e tentar o segundo mandato em 2024, desde que o partido vença as eleições gerais.


Mas na quarta-feira, uma comissão parlamentar publicou um relatório sobre o escândalo Phala Phala, nome de uma fazenda do presidente, onde ele cria gado, sua segunda grande paixão depois da política.


Ramaphosa “pode ter cometido violações e contravenções” em ligação a um roubo em 2020 nesta fazenda, após o qual foram encontrados 580 mil dólares em maços escondidos sob as almofadas de um sofá, em um “quarto de hóspedes pouco usado”, de acordo com o relatório.


O escândalo estourou em junho, quando um ex-oficial de inteligência, próximo aos críticos de Ramaphosa no ANC, entrou com uma ação judicial.


Segundo ele, ladrões invadiram a fazenda e acabaram revelando o dinheiro escondido, mas o presidente não denunciou o fato à polícia nem ao Fisco.


Ramaphosa sempre negou qualquer crime, alegando que o dinheiro era procedente da venda legítima dos animais de sua fazenda. Um funcionário achou que seria mais seguro colocar as notas nas almofadas do que em um cofre.


O presidente pode ser alvo de um processo de impeachment. O Parlamento se reúne na terça-feira para votar se inicia ou não o procedimento.


Vários membros influentes do ANC já se posicionaram a favor do presidente.


“Vamos ao Parlamento na terça-feira, rejeitaremos este relatório e a vida continuará como antes”, declarou o parlamentar Mathole Motshekga, um apoiador de Ramaphosa.

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