O maior grupo de guerrilheiros dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que não aceitou o acordo de paz de 2016 declarou um cessar-fogo unilateral até 2 de janeiro, anunciou neste sábado o gabinete do comissário presidencial de paz.
“Ouvindo (a) as comunidades e os processos organizacionais, o EMC [Estado-Maior Central das] Farc declara um cessar-fogo unilateral até 2 de janeiro de 2023”, escreveu o alto comissário para a paz, Danilo Rueda, no Twitter.
Nesta mesma semana, o Exército de Libertação Nacional (ELN) anunciou uma trégua, enquanto seguiam em Caracas as negociações de paz com o governo colombiano.
Ambas as organizações prometeram cessar os ataques contra as forças públicas até 2 de janeiro.
Segundo o presidente colombiano, Gustavo Petro, outras estruturas ilegais, como a dissidência das Farc Segunda Marquetalia, paramilitares da Sierra Nevada de Santa Marta (norte) e gangues do porto de Buenaventura, o mais importante do Pacífico, também declararam o cessar-fogo.
“Esperamos que os verdadeiros processos de paz sejam consolidados”, escreveu Petro no Twitter após o anúncio do autodenominado Estado-Maior Central das Farc.
Em vídeo divulgado pela W Radio, oito rebeldes em uniformes camuflados e portando fuzis pedem às forças públicas reciprocidade no cessar-fogo. Também especificam que a medida será aplicada nas regiões conflituosas de Magdalena Medio, sul do departamento de Bolívar, Antioquia e Norte de Santander, fronteira com a Venezuela.
Na gravação, os guerrilheiros garantem que a trégua vai durar até 7 de janeiro.
Através do pseudônimo Ivan Mordisco, o EMC das Farc manifestou seu interesse em fazer parte da “paz total”, a política com a qual Petro pretende extinguir por meio do diálogo o conflito armado que continua na Colômbia apesar da dissolução das Farc.
Em setembro, o comissário de paz se reuniu no departamento de Caquetá (sul) com delegados dessa frente para explorar uma possível negociação, que ainda não foi iniciada oficialmente.
O centro de estudos independente Indepaz estima que Mordisco tenha cerca de 2 mil guerrilheiros sob seu comando.
Segundo Rueda, o ex-número dois das antigas Farc e negociador de paz em Havana, Iván Márquez, líder da Segunda Marquetalia, também está interessado em participar das negociações de paz propostas por Petro, o primeiro presidente de esquerda da Colômbia.
Em mais de meio século, o conflito armado colombiano deixou pelo menos nove milhões de vítimas entre mortos e deslocados.
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