A Justiça do Peru avalia nesta quinta-feira (15) se prorroga a prisão do ex-presidente Pedro Castillo, cuja tentativa de golpe de Estado provocou protestos violentos, que levaram o novo governo a decretar estado de emergência nacional.
Segundo o Ministério da Saúde, oito pessoas morreram durante as manifestações. Os protestos mais intensos acontecem no sul do país, onde cinco aeroportos (Andahuaylas, Arequipa, Puno, Cuzco e Ayacucho) permanecem fechados.
Mais de 100 vias estão bloqueadas, o que dificulta o transporte e o abastecimento. Cerca de 2 mil caminhões de carga da Bolívia estão retidos no sul peruano.
Em Lima, dezenas de manifestantes acampam ao redor da prisão policial onde está detido Castillo, que tentou dar um autogolpe no último dia 7 e dissolver o Congresso. Opositores do ex-presidente afirmam que parte de seu apoio vem do Movadef, braço político do Sendero Luminoso, guerrilha maoísta que semeou o caos no Peru nas décadas de 1980 e 1990.
“Desde o dia em que Castillo assumiu a presidência já éramos terroristas. Não o deixaram governar, éramos ladrões, corruptos”, criticou Vilma Vásquez, 42, sobrinha do ex-presidente, nas imediações da prisão. “Vamos ficar até que ele saia. Peço que as passeatas sejam pacíficas.”
Os manifestantes pedem a libertação de Castillo, a renúncia de sua sucessora constitucional, a ex-vice-presidente Dina Boluarte, o fechamento do Parlamento e a realização de eleições gerais imediatas.
Em cerimônia na Força Aérea nesta quinta-feira (15), Dina pediu ao Congresso que aprove a reforma constitucional para antecipar as eleições gerais de 2026 para 2023. “Peço ao Congresso que tome as melhores decisões para encurtar os prazos.”
“Pedro Castillo continua sendo o meu presidente, mas o retiraram ilegalmente. Dina Boluarte não representa em nada o país”, criticou o indígena Irineo Sánchez, que está em Lima para participar dos protestos.
O Parlamento iniciou nesta quinta-feira um debate para antecipar as eleições gerais, o que exige uma reforma constitucional. Enquanto isso, peruanos de todo o país também se concentravam ao redor da Praça San Martín de Lima, epicentro histórico dos protestos.
“Não somos terroristas. O presidente foi sequestrado. Não existe justiça, têm que fechar o Congresso”, protestou a dona de casa Lucy Carranza, 41.
A situação também causou problemas diplomáticos para o Peru, que convocou hoje para consultas seus embaixadores em Argentina, Bolívia, Colômbia e México, em rechaço à decisão desses governos de apoiar Castillo.
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