Os soldados que procuram pelo cão Wilson esperam que o pastor belga de seis anos use “seu instinto de caça” para sobreviver na selva, por onde se perdeu em meio às buscas pelas quatro crianças que sobreviveram a um acidente aéreo na Colômbia. Afinal, Wilson é um “descendente direto do lobo” e recebeu treinamento especializado para missões do tipo.
Duas semanas atrás, Wilson quebrou a coleira que o prendia a seu guia e mergulhou na selva colombiana na trilha das quatro crianças. Elas apareceram, mas o paradeiro do cachorro ainda é desconhecido. Setenta oficiais uniformizados e apoiados por duas cadelas no cio tentam localizar o animal na área do departamento de Caquetá. “Jamais se abandona um companheiro”, afirmaram as Forças Militares da Colômbia. O cachorro já foi visto duas vezes, mas se assustou e fugiu.
Quando nasceu, Wilson era o mais forte da “Ninhada W” – assim chamada porque todos os filhotes foram batizados com nomes que começam com essa letra. Ele treinou por 14 meses na na Escola de Engenheiros Militares, localizada na zona sudeste da capital colombiana. Na época, o pastor belga Malinois macho já era “forte, sem medo, muito curioso”, como relatou Edgar Fontecha, instrutor canino da escola militar.
Wilson foi treinado nesse centro militar para realizar atividades como detectar explosivos e drogas, fazer resgates sob os escombros de edifícios colapsados e rastrear pessoas em missões humanitárias — esta última se tornou a sua especialidade.
A raça do animal, que historicamente foi treinada para conduzir rebanhos, passou a ser adestrada para fins militares diante de suas habilidades extraordinárias. Mas Wilson desenvolveu um talento raro, pelo seu temperamento. Segundo o “Cambio Colombia”, de uma ninhada de oito a dez animais, provavelmente apenas um vai se tornar “espetacular”, como ele é, para buscas e missões humanitárias; com sorte, às vezes dois.
Entre as habilidades marcantes da raça estão o olfato muito apurado — o que os favorece no rastreamento de pessoas e drogas, por exemplo — e uma condição física robusta, quase incansável. Em cerca de 14 meses de treinamento, os cães como Wilson se tornam capazes de descer com o condutor de helicóptero, corda e rapel, treinam para superar obstáculos no campo e na cidade.
“Eles são a coisa mais próxima de um cachorro Rambo”, resume o “Cambio Colombia”, em referência ao protagonista interpretado nas telas por Sylvester Stallon.
Como pastor belga Malinois, raça nativa da cidade belga de Mechelen, Wilson é muito leal. Um único tutor militar acompanha o animal ao longo de toda a sua vida e nas diferentes operações de que participa. Cristian David Lara, responsável por Wilson, permanece na floresta para tentar encontrar pistas de seu paradeiro.
“É um cachorro muito forte, muito bem treinado, temos certeza de que ainda está vivo” disse à AFP o soldado Elvis Porras, instrutor canino da Escola de Engenheiros Militares, onde Wilson treinou.
Durante as missões, os cães não seguem junto aos soldados nas buscas. Eles recebem um objeto com o cheiro da pessoa perdida e se lançam pela região para tentar encontrá-la. Outro cão, de nome Ulises, foi liberado da operação depois de ser encontrado desidratado e com náuseas. Wilson já havia se perdido outras vezes, mas voltava ao comando após alguns dias, também desidratado.
Os soldados confiam que, assim como as crianças, Wilson evitará cobras, onças, onças e outros predadores que rondam a área.
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