Quando um amendoim é tocado em um copo de cerveja, essa leguminosa cai para o fundo, mas em seguida sobe novamente e inicia uma “dança” que tem intrigado os cientistas mais persistentes.
Esse grande mistério foi solucionado graças ao empenho de um cientista brasileiro que estava de passagem por Buenos Aires para aprender espanhol.
E seu estudo, publicado nesta terça-feira (13), pode ter motivação para certas extrações minerais ou para o comportamento do magma terrestre.
O pesquisador brasileiro Luiz Pereira, autor principal do estudo, explicou à AFP que ficou surpreso ao descobrir que os garçons em Buenos Aires colocavam amendoins na cerveja.
Os amendoins pesam mais que o líquido que os envolve, então naturalmente caem para o fundo. Mas logo em seguida eles voltam a subir e começam a oscilar, um fenômeno que pode durar até que a cerveja perca o gás.
Esse fenômeno se explica porque o amendoim atrai e retém pequenas bolhas de dióxido de carbono que gaseifica a cerveja.
Essas bolhinhas provocam a subida do amendoim. Ao entrar em contato com o ar, elas estouram e o processo se repete.
“As bolhas se formam melhor ao redor do amendoim do que nas paredes do copo”, explicou Pereira, pesquisador da Universidade Ludwig Maximilian, em Munique, Alemanha.
Sua equipe de físicos internacionais (com especialistas da Alemanha, Reino Unido e França) descobriu que quanto maior o ângulo entre a superfície do amendoim e a bolha, mais rapidamente esta se forma.
Mas a chave está em não deixar a bolha ficar muito grande, no máximo cerca de 1,3 mm.
Conforme a experiência avança, desde que o cliente não beba a cerveja ou coma os amendoins, pode-se observar que o processo se repete enquanto a gaseificação perdurar.
Um processo semelhante ocorre, de acordo com o estudo publicado na revista Open Science da Royal Society, quando ar é injetado para separar e capturar o ferro do mineral que o retém.
“O ferro se prende mais facilmente às bolhas, enquanto os outros minerais caem para o fundo”, explica o texto.
E o mesmo acontece com a magnetita, que consegue subir para as camadas superiores do magma da crosta terrestre, mesmo sendo mais denso.
Devido ao ângulo de contato com as bolhas de gás, acreditam os pesquisadores, o mineral “recai” e sobe novamente.
Pereira explicou que em prol da ciência, os cientistas continuarão “experimentando com as características de diferentes amendoins e cervejas”.
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