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Presidente da Colômbia anuncia saída do governo de dois aliados após escândalo de escutas ilegais

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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou nesta sexta-feira a saída do governo de Laura Sarabia, seu braço direito, e do embaixador na Venezuela, Armando Benedetti, ambos muito próximos do presidente e envolvidos em um escândalo de escutas telefônicas ilegais, conspiração e chantagem.


Depois que uma maleta com milhares de dólares foi roubada da casa de Sarabia, sua babá acabou sendo interrogada com um polígrafo na sede presidencial e suas conversas telefônicas foram interceptadas com um falso relatório policial que a ligava a traficantes de drogas do Clã do Golfo, segundo o Ministério Público.




Benedetti, um poderoso político que apoiou Petro na campanha, apresentou o presidente a Sarabia e que até então era embaixador na Venezuela, juntou-se à intrincada história em uma reviravolta inesperada que deixa mais perguntas do que respostas: os ex-funcionários compartilharam a mesma babá e se acusam mutuamente.


— Enquanto a investigação está sendo realizada, minha querida e estimada funcionária e o embaixador venezuelano estão se retirando do governo para que, pelo poder que essas acusações implicam, ninguém possa sequer ter a desconfiança de que os processos de investigação serão alterados — disse Petro em uma cerimônia do Exército.


O presidente também repetiu insistentemente durante seu discurso que o “governo respeita os direitos humanos e não intercepta ilegalmente os telefones”.


Sucesso de popularidade

O autodenominado “governo da mudança” de Petro foi criticado por recorrer a velhas práticas políticas. As escutas telefônicas ilegais marcaram a História polarizada da Colômbia em meio ao prolongado conflito armado, e Petro, junto com alguns de seus ministros de esquerda, foram vítimas disso.


— Aqui não pode haver mancha nem mesmo dúvida de que este governo não vai repetir a sujeira que outros fizeram — disse o presidente.


Antes de tomar posse, o presidente e o ministro da Defesa foram reconhecidos como vítimas dos chamados “choques” do Departamento Administrativo de Segurança (DAS), extinto em 2011.


O DAS, que dependia da Presidência, esteve envolvido no governo de direita de Álvaro Uribe (2002-2010) em um escândalo de escutas telefônicas ilegais de magistrados da Suprema Corte, opositores e jornalistas.


No poder desde agosto, o primeiro governo de esquerda da História da Colômbia acumula reveses que têm prejudicado sua popularidade. Segundo levantamento do Invamer divulgado nesta sexta-feira, a aprovação da gestão Petro passou de 50% em novembro para 34% em maio.


Petro renovou sete ministros em abril, rompendo com os partidos tradicionais e virando-se para a esquerda, em meio aos obstáculos que suas reformas enfrentam para se tornar realidade no Congresso.


A babá

A cuidadora Marelbys Meza foi babá dos filhos de Benedetti até junho de 2022, quando foi demitida sob suspeita de roubar milhares de dólares após um teste de polígrafo que detectou mentiras em seu depoimento, segundo o ex-embaixador.


Sarabia a contratou em agosto de 2022, após consultar Benedetti, segundo o próprio ex-diplomata.


Em 30 de janeiro, a babá foi submetida a um segundo teste de polígrafo por suspeita de outro roubo, desta vez na casa de Sarabia e que, segundo o ex-chefe de gabinete, correspondeu a US$ 7 mil (R$ 34 mil).


Meza disse à mídia local que foi levada a um porão anexo à Casa de Nariño, sede presidencial, onde durante quatro horas foi questionada sobre o roubo.


Risco, exaustão e dor nas costas: A rotina dos desminadores humanitários na Colômbia


— Senti-me sequestrada, atordoada, afogada — disse ela numa entrevista que incendiou as redes sociais e foi a ponta do iceberg de um escândalo que parecia doméstico mas acabou por enlamear o governo.


“Com o uso de uma denúncia falsa” os telefones da babá e de uma empregada de Sarabia foram interceptados por suspeita de serem aliadas do Clã do Golfo, a maior quadrilha de drogas do país, segundo o Ministério Público.


Segundo a imprensa, Sarabia acusa Benedetti de chantageá-la ao não publicar a entrevista da babá em troca de um Ministério.


O ex-embaixador, que levou Meza num voo privado para Caracas, onde ficou vários dias, diz que estava tentando ajudar Sarabia e é ela quem “está manipulando a informação e aquela cortina de fumaça que não justifica o abuso de poder, sequestro e intimidação”, de acordo com uma mensagem em sua conta no Twitter.

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