Quase 50 governantes europeus se reúnem nesta quinta-feira (1) na Moldávia com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, em uma demonstração de força diplomática diante de Vladimir Putin, neste país de fronteira com a Ucrânia e que vive com medo de ações inesperadas Rússia.
Os participantes do encontro estão a apenas 20 milhas da Ucrânia para enviar uma mensagem de apoio às duas ex-repúblicas soviéticas.
Desde o início de maio, a Rússia intensificou os ataques com drones contra o Kiev. Um novo bombardeio nesta quinta-feira na capital ucraniana matou pelo menos três pessoas, incluindo uma criança. A Ucrânia acusa Moscou de “aterrorizar” a população civil, mas o Kremlin insiste que ataca apenas alvos militares.
Ao mesmo tempo, a região russa de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, foi alvo de “bombardeios ininterruptos” nesta quinta-feira (1°), que deixou oito feridos. A Rússia anunciou na quarta-feira (31) que iniciou a retirada de centenas de menores de idade após a intensificação dos ataques.
“Estou feliz de estar aqui”, disse o presidente ucraniano, antes de agradecer ao povo moldávio “por ter recebido muitos refugiados desde o primeiro dia de guerra”.
A reunião acontece no castelo de Mimi, uma propriedade vinícola na cidade de Bulboaca, a 35 km da capital Chisinau.
O fórum da Comunidade Política Europeia (CPE) é muito mais amplo que a União Europeia, pois inclui os 27 membros da UE e outros 20 países convidados.
“Vamos confirmar novamente o nosso apoio à Ucrânia, que resiste à agressão russa”, destacou a presidente da Moldávia, Maia Sandu.
Assim como na primeira edição do encontro em Praga, em outubro do ano passado, a reunião terminará com uma foto muito acompanhada dos governantes, que desta vez terá uma ausência de peso: o presidente turco Recep Tayyp Erdogan, reeleito no domingo.
O local não foi escolhido por acaso, pois a reunião acontece a poucas milhas da Transnístria, uma região moldávia separatista pró-Rússia.
“A Rússia de Putin excluiu-se desta comunidade ao iniciar uma guerra contra a Ucrânia”, declarou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell. “Espero que a presença de tantos líderes aqui, tão perto da Ucrânia, envie uma mensagem forte sobre a unidade de muitos Estados, não apenas da União Europeia, para defender a ordem internacional”, acrescentou.
Moldávia e Ucrânia desejam entrar para UE
A CPE é uma entidade informal, idealizada pelo presidente francês Emmanuel Macron, que reúne países com perfis muito diversos, como Armênia, Geórgia, Islândia, Noruega, Suíça, Turquia, Reino Unido, Sérvia e Azerbaijão.
A anfitriã Moldávia deve expressar mais uma vez o desejo de entrar na UE.
“O lugar da Moldávia é na União Europeia”, afirmou na quarta-feira Maia Sandu, que recebeu uma mensagem de incentivo da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que reconheceu os “enormes progressos” da ex-república soviética nas reformas necessária para possibilitar a adesão ao bloco.
A questão da adesão também é importante para a Ucrânia. Kiev obteve o status de candidato oficial no mesmo momento que a Moldávia, em junho de 2022. Mas o caminho para percorrer ainda é longo.
Os líderes europeus também devem falar sobre a segurança da Ucrânia, enquanto os ministros das Relações Exteriores dos países membros da Otan participam de outra reunião em Oslo para responder à demanda de Kiev de adesão à aliança atlântica.
Para Zelensky, as “dúvidas” sobre a adesão da Ucrânia e da Moldávia na aliança militar comprometeram a Europa em perigo.
“Cada dúvida que expressamos é uma parte que a Rússia tentará ocupar”, afirmou.
“Todos os países europeus que têm fronteira com a Rússia e não querem que a Rússia retire uma parte de seu território devem ser membros de pleno direito da Otan e da UE”, reiterou o chefe de Estado.
Reduzir a tensão no Kosovo
A reunião na Moldávia pode ajudar a reduzir a tensão no norte do Kosovo, onde incidentes foram registrados nos últimos dias entre policiais e manifestantes, uma onda de violência que deixou 30 soldados da força de Otan feridos.
Os sérvios boicotaram a eleição municipal de abril em quatro localidades, que terminaram com vitórias de prefeitos albaneses-kosovares, apesar do índice de participação inferior a 3,5%.
As cerimônias de posse dos prefeitos na semana passada agravaram a situação no Kosovo, que proclamou sua independência da Sérvia de modo unilateral em 2008, o que nunca foi reconhecido por Belgrado.
Também está prevista uma reunião dos governantes da Armênia e do Azerbaijão, que negociará o fim de um conflito. Os países vizinhos disputam há três décadas o controle da região de Nagorno-Karabakh, localizada no Azerbaijão e habitada principalmente por armênios.
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