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Morte de britânica desperta febre em “detetives” do TikTok

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O caso do desaparecimento e morte da britânica Nicola Bulley suscitou uma explosão preocupante de detetives “amadores” que, motivados por ficções de séries baseada em crimes reais, acreditam poder fazer o trabalho da polícia no do TikTok.


Quando Bulley, uma conselheira hipotecária de 45 anos, desapareceu no final de janeiro  — deixando seu celular abandonado em um banco no meio de uma ligação de trabalho — a cobertura inicial da imprensa foi discreta.




Três semanas depois, quando seu corpo foi encontrado, o caso já estava presente em todos os meios de comunicação tradicionais e nas redes sociais, onde usuários tentavam desenvolver teorias controversas sobre sua morte.


Os detetives trabalharam, desde o princípio, com a teoria de que a mulher, casada e mãe de duas filhas, caiu em um rio e se afogou.


No entanto, a dificuldade inicial dos mergulhadores para encontrar o corpo despertou a imaginação dos fãs do mundo “true crime” (crimes reais).


A cobertura nas redes sociais atingiu o auge quando um usuário do TikTok se gravou desenterrando possíveis locais onde o corpo poderia estar e depois registrou o momento em que o corpo de Bulley foi finalmente retirado do rio.


Séries e podcasts

O interesse pelo gênero “true crime” disparou na última década graças à infinidade de programas sobre o assunto, incluindo o podcast “Serial” (2014) e a série “Making a Murderer” (2015) sobre condenações injustas, explica David Schmid, professor associado da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos.


As duas produções mostram “um novo tipo de interesse público direto no trabalho de casos arquivados ou naqueles em que a audiência sente que houve erro da Justiça”, diz ele.


Adnan Syed, um americano que passou 23 anos na prisão pelo assassinato de sua ex-namorada, foi absolvido no ano passado por um juiz depois que “Serial” deu visibilidade mundial ao seu caso, oferecendo novas evidências de sua inocência.


Embora a maioria das produções deste gênero tenha tratado os casos com respeito e ética, a tendência atual seria caminhar para o sensacionalismo, comenta Schmid.


Um dos exemplos é a série da Netflix “Dahmer: Um Canibal Americano” (2022), sobre um assassino em série, que fez sucesso em muitos países, mas foi amplamente criticada por pessoas próximas às vítimas.


“Qualquer um de nós está a um evento traumático de que o pior dia de nossas vidas se torne o programa favorito de seu vizinho”, lamentou Eric Perry, parente de Errol Lindsey, uma das vítimas de Dahmer.


O envolvimento de detetives amadores — auxiliados por novas tecnologias e bancos de dados online, e operando fora das regras da mídia tradicional — também provoca preocupações sobre a possível destruição de evidências ou o dano potencial causado a pessoas equivocadamente identificadas como suspeitas.


“Vemos muitos crimes na ficção, ficamos envolvidos e parte da alegria é pensar nos casos e resolvê-los”, diz Amanda Keeler, professora de mídia digital da Universidade de Marquette, em Wisconsin.


Já Schmid acredita que um dos aspectos mais preocupantes do caso Nicola Bulley é a “sensação quase palpável de decepção” que, no final, acabou não passando de um trágico acidente.


“Onde estamos como sociedade quando ficamos tão desesperados (…) para consumir o trauma dos outros que quase ficamos desapontados por não ter sido um assassinato?”, questiona.

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