O presidente Luis Alberto Lacalle Pou afirmou que a negociação do Uruguai para um acordo de livre comércio com a China não o exclui do Mercosul e convidou os demais integrantes do bloco econômico a negociarem junto com ele.
Lacalle Pou receberá o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (25) em Montevidéu. O presidente brasileiro tentará dissuadi-lo de assinar o Tratado de Livre Comércio (TLC) com Pequim, que avalia poderá desequilibrar o Mercosul.
Após participar da sétima cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em Buenos Aires, Lacalle Pou afirmou que é possível que o acordo do país com a China e o Mercosul convivam juntos.
O presidente uruguaio disse que se o Mercosul quiser acompanhar o Uruguai nas negociações, será bem-vindo.
– Não são coisas excludentes – disse em coletiva de imprensa.
Ele acrescentou:
– Não sou um rupturista e no Uruguai não gostamos de manchetes tão trágicas – afirmou o presidente uruguaio ao ser questionado se um eventual acordo do país com Pequim representaria o fim do Mercosul.
Aberto a propostas “melhores” de países do bloco
Lacalle Pou defendeu que o “Uruguai precisa se abrir para o mundo” e disse que a intenção do país de negociar diretamente com a China não é nova, já havia sido proposta pelos ex-presidentes Tabaré Vázquez (2005-2010 e 2015-2020) e José Mujica (2010-2015).
O governo brasileiro estuda maneiras de compensações comerciais ao Uruguai para evitar que as discussões com a China evoluam. Lacalle Pou demonstrou estar aberto a negociar:
-Se houver uma proposta melhor de algum dos países do bloco, estamos dispostos a negociar. Vamos conversar amanhã com Lula em Montevidéu
O presidente uruguaio disse ainda que o Mercosul é a quinta região mais protecionista do planeta. As regras do bloco impedem negociações individuais entre seus membros sem o endosso do bloco. A base do grupo é a tarifa externa comum, que estabelece que todos os países membros devem cobrar mesma tarifa para um mesmo produto, quando a mercadoria for importada de fora da zona econômica integrada de comércio.
Para Brasil e Argentina, um eventual acordo bilateral entre Uruguai e China colocará em xeque o Mercosul pelo potencial de inundar a região com a importação de produtos chineses. Esta negociação bilateral, que abriria portas para transações com tarifas mais baixas, abalaria especialmente a indústria do bloco econômico, que tem como seus principais clientes Brasil e Argentina.
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