Após 47 minutos de audiência, na primeira representação criminal federal contra um ex-presidente na História dos Estados Unidos, Donald Trump fez pouco mais do que acenar para apoiadores na saída do fórum de Miami. Escoltado por uma operação policial numerosa, o primeiro ato do principal candidato republicano à Presidência depois de ser fichado e receber 37 acusações criminais foi parar em um restaurante cubano na Calle Ocho, na cidade mais famosa da Flórida.
Trump deixou o fórum no centro de Miami no final da tarde, acompanhado por um forte aparato policial, após passar por procedimentos judiciais e ser apresentado ao juiz Jonathan Goodman, que supervisionou a acusação. Na saída do prédio, Trump acenou com o polegar, através do vidro fechado, para apoiadores reunidos do lado de fora.
Enquanto Trump estava sendo retirado do local, um manifestante anti-Trump vestido com um macacão de prisão — e que já havia se envolvido em alguns incidentes na frente do prédio — correu para a rua em frente à carreata de Trump, carregando um grande cartaz. As autoridades o empurraram para fora do caminho, levando-o ao chão e depois levando-o embora enquanto uma grande multidão o seguia, gritando “Prendam-no!”.
A comboio com o ex-presidente seguiu na direção Oeste, ao bairro de Little Havana, onde Trump foi recebido com gritos de “Viva o presidente!”. O bairro, associado principalmente à população de cubano-americanos e exilados foi um dos principais redutos eleitorais de Trump nas últimas eleições.
Trump fez então sua primeira parada, entrando no restaurante Versailles, que se autoproclama como a cozinha cubana mais famosa do mundo. No local, o republicano cumprimentou uma multidão de apoiadores, incluindo um rabino e um ministro sem denominação que orou em seu nome. Ele não comeu nada no local, segundo um fotojornalista do The New York Times que acompanhava a comitiva.
“A visita de Trump ao restaurante Versailles ocorre um dia depois de ele ligar para um meio de comunicação em língua espanhola, a Americano Media, e concordar com a comparação do apresentador de sua acusação com investigações de líderes políticos na América Latina. A equipe de Trump vê uma oportunidade política de aumentar sua parcela de votos, especialmente na Flórida, com os exilados cubanos”, escreveu Maggie Haberman, correspondente política sênior do The New York Times.
Os próximos passos do processo contra o ex-presidente ainda não estão detalhados, mas o magistrado que supervisionou a acusação, Jonathan Goodman, determinou condições especiais para Trump até o fim do julgamento, incluindo que não deveria ter contato com testemunhas sobre os fatos do caso, exceto por meio de seus advogados, e que não discutisse o caso com Walt Nauta, co-réu no processo e seu assessor pessoal. O juiz disse entender que os dois devem se falar diariamente, mas disse que qualquer coisa relacionada ao caso deve passar por seus advogados.
Nauta compareceu perante o juiz nesta terça, mas não prestou depoimento, pois seu advogado pediu uma prorrogação de duas semanas para indicar um representante na Flórida.
Em uma live, Trump acusou o governo de Joe Biden de persegui-lo. O ex-presidente disse que o governo americano está “aparelhado” e “fora de controle” — em uma mostra da disposição já manifestada de inflamar sua base de seguidores e partir para o ataque contra seus adversários democratas.
Apesar da parada no restaurante em Miami, jornalistas e apoiadores esperam Trump em seu clube de golfe em Bedminster, Nova Jersey, onde ele deve fazer um discurso durante a noite. Funcionários do clube colocaram bandeirolas, bandeiras americanas, cerca de 150 cadeiras brancas para os participantes e o tipo de pódio azul que Trump usou como presidente.
*Com The New York Times e AFP
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