Donald Trump compareceu nesta terça-feira (13) a um tribunal federal em Miami para o caso mais comprometedor aberto contra ele até o momento. O ex-presidente republicano foi indiciado por administrar segredos de Estado de maneira negligente, colocando em perigo a segurança nacional.
Trump, 76 anos e pré-candidato a retornar à presidência, deverá comparecer ao tribunal às 15h locais (16h de Brasília) para a leitura das audiências.
A Procuradoria acusa o republicano de ter conservado documentos aprovados depois de deixar a Casa Branca, incluindo alguns que continham informações secretas sobre armas químicas.
Trump enfrentou 37 ameaças, incluindo “retenção ilegal de informações vinculadas à segurança nacional, custódia de Justiça e falso testemunho”.
Um caso mais comprometedor
Esta é a primeira vez que um ex-presidente dos Estados Unidos é indiciado pela Justiça Federal.
No início de abril, ele foi indiciado por fraude contábil no estado de Nova York por um pagamento escolhido antes das eleições presidenciais de 2016 para silenciar uma atriz de filmes pornográficos que alega ter sido sua amante.
Mas o caso julgado em Miami parece mais comprometedor para Trump.
Nos Estados Unidos, uma lei obriga os presidentes a enviar todos os e-mails, cartas e outros documentos de trabalho para o Arquivo Nacional. Outra lei proíbe a manutenção de segredos de Estado em locais não autorizados e considerados inseguros.
Em janeiro de 2021, quando deixou a Casa Branca e seguiu para sua mansão de Mar-a-Lago, na Flórida, Trump levou dezenas de caixas repletas de arquivos.
Operação do FBI
De acordo com a acusação, as caixas foram empilhadas no palco de um salão de dança do complexo hoteleiro antes de serem transportadas para um depósito perto de uma piscina. Alguns tinham as palavras “segredo de Defesa”.
Em janeiro de 2022, depois de receber vários pedidos das autoridades, Trump decidiu devolver caixas com quase 200 documentos protegidos.
Convencidos de que Donald Trump não havia entregado todos os documentos em seu poder, vários agentes do FBI entraram em Mar-a-Lago em 8 de agosto e levaram mais de 30 caixas com 11 mil documentos.
Trump considera o caso uma “caça às bruxas” para proteger sua candidatura à presidência. O republicano acusou uma interferência do presidente democrata, Joe Biden, que pode ser mais uma vez seu rival nas eleições de 2024.
De acordo com uma de suas advogadas, Trump vai se declarar inocente.
O comparação do ex-presidente provoca temores com a segurança ao redor do tribunal, depois que os cidadãos ultraconservadores convocaram manifestações em defesa de Trump.
“Levamos este evento muito a sério”, afirmou o chefe de polícia de Miami, Manuel Morales, na segunda-feira.
Milhões de dólares
Assim como aconteceu depois da audiência em Nova York em abril, Trump convocou os simpatizantes para um discurso que, desta vez, alcançou em seu clube de golfe de Bedminster, em Nova Jersey.
Após o indiciamento de abril, o ex-presidente se gabou de ter recebido milhões de dólares de seus seguidores. Muitos deles, protegidos de que Trump é vítima de uma conspiração, continuam a apoiá-lo contra todas as adversidades.
É um apoio necessário para Trump, que enfrenta outras questões de processamento. Uma procuradora do estado da Geórgia deve anunciar até setembro o resultado de uma investigação sobre as supostas pressões que o republicano exerceu para tentar mudar o resultado das eleições de 2020.
O julgamento criminal do caso aberto em Nova York provavelmente acontecerá no início de 2024, em plena campanha para as primárias republicanas, nas quais Trump é o grande favorito.
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