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Inteligência Artificial, o assunto tabu na Apple

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A Apple conseguiu um novo marco com a apresentação de suas últimas inovações, incluindo um dispositivo de realidade virtual e aumentada ultrassofisticado, sem mencionar a Inteligência Artificial (IA), tecnologia considerada impossível de ser ignorada em todos os eventos do Vale do Silício.


Desde o lançamento do fenomenal ChatGPT pela startup OpenAI no ano passado, todas as empresas de tecnologia têm competido no terreno da IA generativa.




A realidade é que não têm escolha, com analistas, investidores e consumidores tomados pela febre desses programas capazes de produzir textos, imagens e vídeos com um simples pedido em linguagem comum.


Microsoft e Google estão agregando essa tecnologia, rapidamente, a seus navegadores e programas de escritório para atrair usuários encantados com ter um robô escrevendo seus e-mails e planejando suas férias.


Várias empresas, do Snapchat a bancos e operadoras de turismo, estão adicionando aplicativos de chat de última geração a seus serviços para não ficarem para trás. Mas a Apple, vizinha do Google e da Meta (controladora do Facebook e Instagram), não mencionou a IA generativa, ou mesmo inteligência artificial, uma vez sequer, em sua conferência anual para desenvolvedores na segunda-feira passada.


“A Apple ignora a revolução generativa da IA”, foi o título da revista especializada Wired no final do evento.


Discrição?

Não é que o fabricante do iPhone seja estranho à Inteligência Artificial, um conceito amplo que engloba inúmeras tecnologias que não são raras, nem particularmente complexas.


A expressão é criticada, em especial, porque evoca um futuro de ficção científica em que máquinas sencientes e onipresentes assumiriam o controle da humanidade. É por isso que algumas empresas, como TikTok e Facebook (Meta), desenvolvem inovações que usam IA sem que o termo seja o essencial.


“Nós a integramos nos nossos produtos, é claro, mas os usuários não necessariamente pensam nisso como IA”, explicou o CEO da Apple, Tim Cook, em entrevista à ABC News esta semana.


Várias funcionalidades mostraram, na segunda-feira, que, de fato, envolvem essa tecnologia.


O vice-presidente sênior de engenharia de software da Apple, Craig Federighi, afirmou, por exemplo, que os algoritmos de “aprendizado de máquina” vão melhorar a ferramenta automática de verificação ortográfica.


Poderia ter explicado que, graças à IA, o teclado ficará menos limitado quando um usuário quiser digitar certos palavrões comuns, além de aprender suas preferências e fazer sugestões. Mas ele não mencionou esses algoritmos.


A IA também desempenhará um papel maior no primeiro dispositivo de realidade virtual mista da marca, que será lançado no próximo ano por US$ 3.500 (em torno de 17 mil reais na cotação atual, a R$ 4,88).


De fato, o computador do Vision Pro será capaz de gerar um avatar numérico hiper-realista do usuário que estiver usando o equipamento, graças a gravações de vídeo da pessoa e a sensores que capturam os movimentos da boca e das mãos em tempo real.


‘Estão muito atrasados’

Para alguns observadores, o tabu sobre IA mostra que a Apple perdeu terreno para suas concorrentes.


“Estão muito atrás”, disse o analista independente Rob Enderle.


O sucesso do ChatGPT “pegou-os de surpresa”, avaliou o especialista.


“Acho que eles pensaram que esse tipo de IA não ia chegar tão cedo (…) Agora eles serão forçados a comprar uma startup nesse campo”, completou.


O rendimento aleatório da Siri, assistente de voz da Apple lançada há dez anos, também dá a impressão de que a gigante californiana ainda tem um caminho a percorrer.


“Está claro para quase todos que a Apple perdeu em competitividade com a Siri. É, provavelmente, o produto, no qual o atraso é mais evidente”, disse Yory Wurmser, da Insider Intelligence.


Mas o especialista também lembra que a Apple é, antes de tudo, uma empresa de equipamentos de informática.


Os aplicativos com base em Inteligência Artificial são “um meio de melhorar a experiência do usuário, mais do que um fim em si mesmo” para a Apple.


Para Dan Ives, da Wedbush, apesar do que não foi dito, a apresentação do Vision Pro demonstra o potencial do grupo em IA.


“É a primeira etapa no centro de uma estratégia maior da Apple para construir um ecossistema de aplicativos de IA generativa” sobre o novo dispositivo, acrescentou.


 


 

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