Donald Trump afirmou, nesta quinta-feira (8), que foi indiciado na investigação federal sobre sua gestão de documentos confidenciais após deixar a Casa Branca. É a ameaça legal mais séria contra o ex-presidente dos Estados Unidos em meio a uma tempestade de investigações criminais enquanto ele tenta voltar ao cargo.
“O corrupto Governo Biden informou meus advogados que fui indiciado, aparentemente devido à Farsa das Caixas”, escreveu Trump em sua plataforma Truth Social, ao revelar a notícia histórica – a primeira vez no país que um chefe do Executivo, atual ou anterior, enfrenta acusações federais.
Não houve confirmação imediata por parte do Departamento de Justiça, embora alguns veículos de imprensa dos Estados Unidos, incluindo The New York Times, tenham citado fontes dizendo que Trump foi acusado.
Em sua publicação, Trump, que concorre novamente à presidência, disse que foi convocado a comparecer a um tribunal federal na próxima terça-feira em Miami.
“Nunca achei possível que algo assim pudesse acontecer a um ex-presidente dos Estados Unidos”, escreveu.
Segundo pessoas familiarizadas com o assunto, Trump recebeu sete acusações, que incluem retenção voluntária de segredos de defesa nacional, fazer declarações falsas e conspiração para obstrução da justiça.
Trump, que completa 77 anos na próxima semana, negou repetidas vezes qualquer irregularidade.
Seu anúncio chega um dia depois de a imprensa americana divulgar que os promotores federais haviam informado aos advogados do magnata republicano que ele é alvo da investigação sobre o possível uso indevido de documentos sigilosos.
Ele já era o primeiro ex-presidente ou presidente dos EUA a ser formalmente acusado de um crime: em março, Trump foi indiciado no caso dos pagamentos, na véspera das eleições, pelo silêncio de uma estrela pornô que afirmou ter tido um caso com ele.
Em um comunicado após suas postagens iniciais, a campanha de Trump criticou o que chamou de “abuso de poder sem precedentes” e pediu que o indiciamento fosse descartado.
No Congresso, seus aliados rapidamente se uniram em sua defesa, incluindo o congressista Jim Jordan, que preside o Comitê Judiciário da Câmara. “É um dia triste para os Estados Unidos. Que Deus abençoe o Presidente Trump”, disse.
O promotor especial Jack Smith, nomeado pelo procurador-geral Merrick Garland, tem investigado um conjunto de documentos confidenciais que Trump havia armazenado em sua residência em Mar-a-Lago depois do fim de seu mandato.
O FBI levou cerca de 11.000 papéis depois de cumprir um mandado de busca em Mar-a-Lago em agosto. O republicano pode enfrentar acusações de obstrução da justiça após passar meses resistindo aos esforços para recuperar os arquivos.
Trump acabou entregando 15 caixas com quase 200 documentos sigilosos aos Arquivos Nacionais em janeiro do ano passado, mas foi intimado por quaisquer registros pendentes em sua posse.
– Problemas legais se acumulam –
Alguns legisladores democratas também reagiram. A aparente acusação de Trump “é outra afirmação do estado de direito”, declarou Adam Schiff, membro da Câmara dos Representantes.
“Durante quatro anos, ele agiu como se estivesse acima da lei”, acrescentou. “Mas ele deve ser tratado como qualquer outro transgressor da lei. E hoje, ele foi.”
Trump tem negado irregularidades no caso dos arquivos, porém, reconheceu abertamente ter recebido e guardado os documentos, o que mina a sugestão de seus advogados de que ele teria os pegado sem querer na confusão de uma partida caótica.
“Essa evidência se soma às montanhas de provas que já existem, e nenhuma peça isolada é o ‘fim de tudo’, mas quando você as junta, o caso é muito forte”, disse a ex-promotora do caso Watergate, Jill Wine-Banks, à MSNBC. “Não dá para imaginar que ele saia impune.”
Trump já é alvo de várias outras investigações, enquanto tenta se tornar o candidato republicano para desafiar o presidente Joe Biden nas eleições de 2024.
Smith também está analisando se Trump deveria enfrentar acusações relacionadas ao ataque ao Capitólio em 2021. E promotores da Geórgia estão investigando se ele tentou reverter ilegalmente o resultado das presidenciais de 2020 no estado.
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