O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta sexta-feira (9) que começará a enviar armas nucleares táticas para a Bielorrússia a partir de 7 e 8 de julho, quando as instalações especiais para armazená-las ficarem prontas. Será a primeira vez que Moscou alocará artefatos nucleares fora do território russo desde o colapso soviético, em 1991.
No final do mês passado, o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, havia afirmado que a transferência já tinha começado, mas Putin deu o novo prazo nesta sexta ao receber o aliado em um retiro no balneário de Sochi. Ao aliado, o chefe do Kremlin disse que “tudo está indo de acordo com os planos”, de acordo com transcrições divulgadas por Moscou.
“Preparativos para as instalações relevantes terminarão entre 7 e 8 de julho, e vamos começar imediatamente as atividades relacionadas à transferência dos tipos apropriados de armas para o seu território” afirmou Putin, sem deixar claro quantos armamentos serão deslocados ou a localização exata do espaço para armazená-los.
Em resposta, de acordo com as transcrições, Lukashenko disse, referindo-se a Putin por seu primeiro nome:
“Obrigado, Vladimir Vladimirovich.”
Desde que a invasão russa na Ucrânia começou há mais de 15 meses, Putin afirma que o maciço envio ocidental de armas para Kiev — auxílio que permite a resistência ucraniana após o arsenal do país praticamente se esgotar nos meses iniciais de conflito — constitui uma guerra de procuração. O armazenamento de armas para o território bielorrusso, portanto, seria uma resposta a isso.
O primeiro sinal de que o envio poderia acontecer veio ainda em março, quando Putin anunciou que enviaria ao país um número não especificado dessas armas, que possuem ogivas menos potentes e de menor alcance que as demais. Ainda assim, as ameaças que o Kremlin faz de usá-las causam imensa preocupação no Ocidente devido ao grande potencial destrutivo.
Lukashenko sinalizou pouco depois que aceitaria alocar os artefatos, afirmando que “os canalhas estrangeiros” deveriam entender que não conseguiram impedir Moscou e Minsk. O acordo para a transferência foi firmado no último dia 25 — na ocasião, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, citou como justificativa uma escalada “extremamente aguçada das ameaças nas fronteiras ocidentais da Rússia e da Bielorrússia”
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