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Ministros do G20 se reúnem na Índia divididos por guerra na Ucrânia

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Autoridades de Estados Unidos e Rússia estão em Nova Délhi, nesta quarta-feira (1º), para uma cúpula do G20 marcada por profundas divisões sobre o conflito na Ucrânia.


O secretário de Estado americano, Antony Blinken, já avisou que não se encontrará com seu homólogo russo, Serguei Lavrov, nesta reunião de dois dias dos ministros das Relações Exteriores do grupo das 20 maiores economias do mundo.


Blinken disse que tampouco pretende se reunir com o ministro chinês das Relações Exteriores, Qin Gang.


“Não tenho planos de ver nenhum dos dois no G20”, declarou Blinken à imprensa, ainda no Uzbequistão, antes de viajar para Nova Délhi, embora tenha afirmado que participará de grupos de trabalho com eles.


Os Estados Unidos confiam em que os ministros das Relações Exteriores do G20 vão condenar a invasão russa da Ucrânia, disse um alto funcionário que acompanha Blinken.


“Acredito que veremos um discurso que reflete a maioria, senão a maioria esmagadora do G20, que continua se opondo à guerra da Rússia”, disse esse dirigente a bordo do avião que leva Blinken a Nova Délhi.


O encontro dos chanceleres se segue ao dos ministros das Finanças, no sábado (25). Neste último, não se chegou a um acordo sobre uma declaração final por causa das divergências sobre a Ucrânia. China e Rússia foram os únicos integrantes do grupo a não endossar os parágrafos do documento referentes à “guerra na Ucrânia”.


Blinken e Lavrov não estiveram na mesma sala desde a cúpula do G20 de julho passado em Bali. E seu último encontro cara a cara foi em janeiro de 2022, semanas antes da invasão russa da Ucrânia. Desde então, trataram de diferentes temas, mas não da guerra.


Lavrov chegou na terça-feira à noite à Índia, país que não condenou a guerra. Segundo o Ministério russo das Relações Exteriores, criticará o Ocidente em sua intervenção na cúpula.


Para Moscou, os países ocidentais querem “se vingar pelo inevitável desaparecimento dos mecanismos de dominação de suas mãos”, conforme nota divulgada por sua Chancelaria.


“As políticas destrutivas dos Estados Unidos e de seus aliados levaram o mundo à beira do desastre, causaram um retrocesso no desenvolvimento socioeconômico e agravaram a situação dos países mais pobres”, acrescenta o texto.


Balão “Espião”

As relações entre Estados Unidos e China também se encontram em um momento de tensão.


Em 4 de fevereiro, os Estados Unidos derrubaram um suposto balão espião chinês que sobrevoava sua costa oeste, o que levou Blinken a cancelar uma visita à China e denunciar uma “violação inaceitável da soberania americana e do direito internacional”.


Pequim negou que fosse um balão espião, dizendo se tratar de um dispositivo destinado à pesquisa climática.


Nesse contexto, o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, “exortou os Estados Unidos a mudarem de curso, reconhecerem e repararem os danos que seu uso excessivo da força causou às relações sino-americanas”, informou a agência pública de notícias Xinhua.


Blinken se reuniu com Wang na Alemanha, onde pediu-lhe que evite dar “apoio material” à Rússia para sua guerra, como se especula em Washington, embora China negue ter essa intenção.


Na sexta-feira (3), Blinken deve se encontrar com seus colegas do Quad, formado por Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia, um grupo informal que muitos veem como um baluarte para contenção da China na região da Ásia-Pacífico.




De acordo com o Ministério japonês das Relações Exteriores, a reunião confirmará “o compromisso com o fortalecimento de uma ordem internacional livre e aberta baseada na lei”.


Saia justa para a Índia

O Grupo dos Vinte é formado por 19 países e pela União Europeia (UE). Abrange 85% da economia mundial e dois terços de sua população.


A Índia quer que a presidência do bloco se concentre em temas como alívio da pobreza e financiamento para enfrentar a mudança climática, mas a guerra na Ucrânia parece dominar a agenda.


Nova Délhi compartilha a preocupação do Ocidente com a China, mas também é um grande comprador de armas russas e aumentou suas importações de petróleo russo.


A Índia não condenou a invasão da Ucrânia, embora o primeiro-ministro Narendra Modi tenha dito ao presidente russo, Vladimir Putin, no ano passado, que “não são tempos de guerra”.


O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse estar confiante em que a Índia usará a reunião para “fazer a Rússia entender que esta guerra deve terminar”.


“O sucesso da reunião de hoje será medido pelo que pudermos fazer sobre isso”, afirmou Borrell, em entrevista à imprensa em Nova Délhi.

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