O papa Francisco viajou nesta sexta-feira (3) da República Democrática do Congo (RDC), após uma visita marcada pelos apelos à paz, para o Sudão do Sul, outro país africano muito afetado pela violência.
Em Kinshasa, capital do país com o maior número de católicos na África, o pontífice argentino condenou o conflito no leste da RDC, pediu aos governantes que lutem contra a corrupção e fez um apelo aos jovens para que se envolvam no futuro da nação.
Antes do fim da visita à RDC, Francisco fez um um discurso para os bispos do país.
Ele pediu aos religiosos que não se limitem à “ação política” e que se concentrem no povo, em um país onde a Igreja Católica atua tradicionalmente como contrapoder.
O papa iniciou em seguida uma “peregrinação da paz” no Sudão do Sul, país mais jovem do mundo (conquistou a independência em 2011), de maioria cristã, que está entre os mais pobres do planeta e sofre com a devastação provocada por uma guerra civil.
Em Juba, o papa, de 86 anos, será acompanhado pelos líderes das Igrejas da Inglaterra e da Escócia, representantes das outras duas confissões cristãs deste país de 12 milhões de habitantes.
Os três líderes religiosos se envolveram pessoalmente no processo de paz – os dirigentes políticos, no entanto, ignoraram os apelos à reconciliação.
Depois de décadas de luta com o Sudão, e dois anos após sua independência, o país iniciou em 2013 uma guerra civil de cinco entre os grupos de Salva Kiir (atual presidente do país) e Riek Mashar (atual primeiro vice-presidente).
Quase 380 mil pessoas morreram no conflito, que deixou milhões de deslocados e uma economia em ruínas.
Apesar do acordo de paz de 2018, a violência prossegue, estimulada pelas elites políticas.
A Igreja preenche um vazio em áreas sem serviços governamentais e onde os trabalhadores humanitários são vítimas frequentes de ataques violentos.
Em 2019, Francisco recebeu os dois inimigos no Vaticano, se ajoelhou e suplicou pela paz.
Feriado
O pontífice deve chegar ao país às 15h00 (10h de Brasília) e fará uma visita de cortesia ao presidente e aos vice-presidentes. Também fará um discurso no palácio presidencial.
No sábado, ele se reunirá com religiosos católicos e deslocados internos para uma oração ecumênica. No domingo celebrará uma missa.
Centenas de pessoas viajaram a Juba de outras partes do país.
Quase 60 jovens caminharam 400 quilômetros até a capital para divulgar uma mensagem de unidade, em um país com mais de 60 grupos étnicos.
Quase 5.000 policiais e soldados foram mobilizados para a visita e esta sexta-feira foi declarado feriado nacional.
Até o momento a viagem do papa foi marcada pelo apelo de Francisco pelo fim das “cruéis atrocidades” no leste da República Democrática do Congo, assim como da corrupção.
Na terça-feira, primeiro dia da visita, ele criticou o “colonialismo econômico”, que impede a RDC “de “aproveitar de modo suficiente de seus imensos recursos naturais”.
Esta é 40ª viagem internacional de Francisco desde que foi eleito papa em 2013 e a terceira para a África subsaariana.
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