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Uruguai afirma seguir negociações com a China e que Brasil seguirá com seu caminho paralelamente

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Após receber o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Montevidéu, o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, admitiu divergências com o Brasil sobre as negociações de seu país em torno de um acordo de livre-comércio com a China. O uruguaio propôs que o Brasil negocie paralelamente com o gigante asiático e posteriormente os dois países tentem alinhar as prioridades nesta relação.


Lula, por sua vez, reiterou a necessidade de os países que compõem o Mercosul negociarem com a China em bloco, e não individualmente. E defendeu que o Mercosul se dedique a firmar o acordo de livre comércio com a União Europeia antes de avançar com a China.


– O Uruguai vai avançar nas suas negociações com a China, o Brasil pode paralelamente fazer seu caminho e após isso nós vamos compartilhar tudo que foi negociado e o Uruguai pode se ajustar ao que o Brasil propor – declarou Lacalle Pou, ao lado de Lula.


O peso econômico e demográfico do Brasil é muito importante, exaltou o presidente uruguaio. Apesar de as diferenças sobre as negociações com a China, há, segundo ele, “boas intenções” de ambos os lados e não há impedimento para que os demais integrantes do Mercosul participem do processo de estreitamento de relações comerciais com o país asiático.




– Não brigamos, mas simplesmente marcamos pontos de diferenças para melhorar o Mercosul. O Uruguai tem necessidade de se abrir ao mundo e o Mercosul pode vir junto, já temos negociações em andamento.


O bloco sul-americano, acrescentou Lacalle Pou, precisa ser “moderno, flexível e aberto ao mundo. E o Uruguai não abre mão de se abrir para o mundo”.


Lula sinalizou que concorda com a necessidade de “abertura e renovação” do Mercosul. Atendendo aos apelos de Lacalle Pou, o presidente brasileiro disse que tem disposição para implementar mudanças, mas antes é preciso discutir que ajustes são necessários ao bloco.


– O que precisamos fazer para modernizar o Mercosul? Estamos totalmente de acordo com a abertura e renovação do Mercosul. Por isso, é importante uma abertura para outros países.


Mas ele enfatizou:


– Apesar de o Brasil ter a China como seu maior parceiro comercial, nós queremos negociar com os chineses enquanto Mercosul.


Lula defendeu, no entanto, que o bloco se dedique a firmar o acordo de livre comércio com a União Europeia antes de avançar com a China.


– Vamos firmar esse acordo com a União Europeia para, em seguida, discutirmos um acordo entre Mercosul e China. É urgente que Mercosul faça um acordo com a União Europeia, o que é discutido desde 2003.


O petista pontuou que os pleitos de Lacalle Pou, de produzir e vender mais, são “mais que justos” porque é legítimo “defender interesses da sua economia e seu povo”. Reforçou, porém, que em seus primeiros mandatos atuou para fortalecer países da América do Sul, chegando em determinado período a uma balança comercial com superávit para o Uruguai de US$ 8,5 bilhões.


– Cansei de fazer discurso de que Brasil não poderia crescer sozinho, mas junto com todos países da América do Sul. Isso porque fazia parte da nossa visão contribuir para que todos crescessem juntos. Desde que tomei posse, decidimos que o Brasil deveria ter uma política generosa com seus parceiros.


Na área de infraestrutura, os presidentes discutiram projetos de interesse comum em áreas de fronteiras, como a hidrovia da Lagoa dos Patos, construção de uma nova ponte entre Rio Branco e Jaguarão, bem como a ampliação do aeroporto de Rivera, no Uruguai.

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