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Procurador pede seis meses de prisão preventiva a governador opositor na Bolívia

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Um procurador da Bolívia pediu, nesta quinta-feira (29), seis meses de prisão preventiva para o governador do departamento de Santa Cruz e líder opositor Luis Fernando Camacho, acusado de “terrorismo” em um caso relacionado com a saída do ex-presidente Evo Morales em 2019.


“A medida cautelar solicitada é a prisão preventiva por um período de seis meses”, a ser cumprida no presídio de segurança máxima de Chonchocoro, disse em coletiva de imprensa o procurador designado para o caso, Omar Mejillones, após a prisão de Camacho.


O governador de Santa Cruz (leste), líder da terceira força política no Parlamento (atrás do governante Movimento ao Socialismo, o esquerdista MAS, e o centrista Comunidade Cidadã), foi detido na quarta pela polícia, que cumpria ordens da Procuradoria.


A entidade explicou que a detenção se deve ao processo aberto contra Camacho por sua participação no caso denominado “golpe de Estado” contra Morales (2006-2019).


Um juiz deve resolver nas próximas horas sobre a prisão temporária do governador opositor.




“Sequestrado”

Camacho, que governa a região mais populosa e próspera da Bolívia, foi detido em uma rua da cidade de Santa Cruz de la Sierra, principal centro industrial da Bolívia, e depois foi levado a La Paz para se apresentar frente ao procurador Mejillones. No entanto, se ateve a seu direito de ficar em silêncio.


“Não tenho medo da prisão da ditadura”, afirmou o governador na madrugada desta quinta em sua conta no Twitter.


E em outra publicação nesta plataforma, acrescentou: “hoje fui sequestrado pela justiça do MAS. Minha única culpa é ter defendido a democracia e junto a todo um povo unido ter freado a fraude”.


Protestos na sexta

O Comitê Cívico de Santa Cruz, um poderoso conglomerado cívico-empresarial, convocou a população nesta quinta-feira a fazer uma “greve” de 24 horas nesta sexta, 30.


Tratam-se de interrupções de ruas e avenidas na cidade de Santa Cruz, de quase dois milhões de habitantes.


Os primeiros protestos foram registrados ainda na quarta em Santa Cruz, com a ocupação de dois aeroportos por opositores: o internacional de Viru Viru e o doméstico de El Trompillo, causando a suspensão temporária dos voos.


Os manifestantes tentaram evitar o traslado por via aérea de Chamacho a La Paz.


Posteriormente, manifestantes incendiaram os escritórios da Procuradoria local, algumas dependências do governo e a residência do ministro de Obras Públicas em protesto contra a detenção. Também houve confrontos com a polícia, que não deixaram feridos.


Apoios e repúdios

Os ex-chefes de Estado bolivianos Jeanine Áñez (2019-2020) e Jorge Quiroga (2001-2002), do mesmo grupo político de Camacho, assim como Carlos Mesa (2014-2018), condenaram a detenção do governador.


Áñez também foi alvo das mesmas acusações de Camacho e em junho foi sentenciada a dez anos de prisão.


O ex-presidente Morales afirmou, em separado, que “finalmente depois de três anos, Luis Fernando Camacho responderá pelo golpe de Estado que resultou em roubos, perseguições, detenções e massacres do governo de fato”.


Camacho teve papel-chave na pressão para a saída de Morales da Presidência, em 2019, após 14 anos no poder.


Ele negou várias vezes ter fomentado um golpe de Estado e prefere falar de uma revolta popular contra Evo Morales, a quem acusa de ter fraudado as eleições presidenciais de 2019 para se manter no poder.


A missão eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) concluiu que houve “manipulação dolosa” e “irregularidades graves” nas eleições de 2019 na Bolívia, e ressaltou a impossibilidade de validar os resultados.


Reeleito, o presidente Morales renunciou em meio a uma convulsão social, depois que as Forças Armadas urgiram que deixasse o poder.

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