Uma maioria opositora pediu, nesta quarta-feira (21), a interrupção das funções do “governo interino” de Juan Guaidó na Venezuela, por considerar que, quatro anos após a sua autoproclamação, o mecanismo perdeu força sem atingir seus objetivos de mudança política.
“Nós nos dirigimos ao país para restabelecer a vigência da Constituição da República Bolivariana da Venezuela, a interrupção das funções do governo interino prevista para o próximo dia 4 de janeiro”, diz o comunicado, assinado por 69 do 112 opositores que apoiaram a autoproclamação de Guaidó em 2019, quando a oposição controlava o Parlamento.
“Os objetivos de libertação esperados não foram alcançados, e o país reclama novos caminhos que nos levem à democracia”, destaca o texto do grupo, formado por membros dos maiores partidos de oposição: Ação Democrática (AD), Primeiro Justiça (PJ) e Um Novo Tempo (UNT).
A petição vem na véspera de uma sessão do Parlamento eleito em 2015, que defende a sua vigência por considerar que as eleições legislativas de 2020, vencidas pelo chavismo, foram uma fraude.
A sessão foi convocada no último fim de semana por Guaidó, segundo quem a “Presidência encarregada é essencial para o não reconhecimento do regime” de Nicolás Maduro, e que suprimi-la “abriria as portas para o reconhecimento do ditador”.
“Posso afirmar que o mecanismo constitucional que defendemos foi útil para não reconhecer a ditadura e entregar ajuda, proteger ativos, apoiar esta etapa de resistência democrática”, diz Guaidó em um vídeo publicado nas redes sociais, no qual ele pede que se aguardem os resultados do debate.
O grupo de opositores, no entanto, aponta que o amplo apoio internacional com o qual Guaidó contou em 2019 diminuiu.
Os Estados Unidos continuam sendo o principal aliado de Guaidó, mas ele perdeu apoio de países como Argentina, México, Peru e Colômbia.
A figura do “governo interino” criou grandes divisões há meses dentro da oposição, que já pediu a realização de eleições primárias em 2023 para definir um candidato único que enfrente Maduro nas eleições presidenciais de 2024.
O grupo de opositores considera que a oposição deve se concentrar em obter “eleições livres, justas e verificáveis, a recuperação do padrão de vida da população” e a assistência à emergência humanitária.
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