O incêndio na cidade de Viña del Mar, na costa central do Chile, que já deixou pelo menos dois mortos e 130 casas destruídas, ainda não foi totalmente controlado nesta sexta-feira (23), embora três focos tenham sido contidos fora das áreas urbanas.
As primeiras luzes do dia revelaram o panorama de destruição deixado pelo fogo, que começou na tarde de quinta-feira nas colinas da cidade localizada 120 quilômetros a oeste de Santiago.
“Perdemos tudo, documentos, veículo. O que mais dói são os cachorros que ficaram. Estão lá, mortos”, disse à AFP o morador Óscar González, na localidade Forestal desta cidade.
À tarde, o presidente Gabriel Boric chegou à região para chefiar uma reunião de emergência e posteriormente visitar as áreas afetadas.
“Podem ter certeza de que não vamos deixá-los sozinhos”, afirmou o presidente, destacando a necessidade de redobrar as medidas de prevenção no início de um verão especialmente quente no Chile.
“Estamos sobre um barril de pólvora no nosso país. O que aconteceu ontem (quinta) poderia ocorrer em muitos lugares”, alertou o presidente.
Seu governo espera que, com as condições meteorológicas vigentes e os recursos que possui, o incêndio possa ser controlado ainda nesta sexta.
“Nas condições atuais do incêndio, nas condições climáticas que estão previstas e com os recursos disponíveis, o prognóstico é (de que se consiga) controlar o incêndio ao longo do dia”, assegurou o vice-secretário do Interior, Manuel Monsalve.
As autoridades confirmaram a morte de duas pessoas: uma mulher de 85 anos e um homem de 62.
Além disso, Montalve detalhou que os números oficiais sobre a tragédia – que começou na parte alta da cidade e avançou pelos morros – eram de 30 feridos leves, cerca de 130 casas destruídas pelas chamas e 125 hectares arrasados pelo fogo.
“Tivemos que sair com a roupa do corpo. (…) Conseguimos encher baldes e nos molhar um pouco, mas foi um inferno”, contou a moradora de Villa Montes Evelyn Arancibia.
“O fogo começou lá cima, em (a localidade de) Rodelillo. Quando vimos, o fogo já estava aqui embaixo. As casas foram pegando fogo uma atrás da outra, até chegar na minha, e passou para o outro lado. Está tudo queimado. Praticamente todo o povoado queimou”, detalhou Daniel Velázquez, de 66 anos.
Muitas casas destruídas
A prefeita de Viña del Mar, Macarena Ripamonti, informou que está em andamento “a consolidação do número” de casas destruídas.
“Trabalhamos com entre 200 e 500 casas (afetadas). Às 5h, tínhamos 131 confirmadas, mas há muitas mais”, disse.
As autoridades detalharam que o fogo continua ativo em três áreas florestais, e que trabalham para controlá-lo com 11 brigadas terrestres, 10 helicópteros e mais dois aviões-tanque.
Para facilitar os trabalhos de combate ao incêndio, ajudar as pessoas afetadas e proteger as residências que tiveram que ser evacuadas, o governo decretou estado de exceção por catástrofe na região de Valparaíso.
“Precisamos de caminhões para que tirem todo entulho que temos aqui, para que possamos limpar nossas casas. Ficamos sem nada, tudo queimou”, desabafou a professora Javiera Lagos, de 29 anos.
A tragédia, que começou como um incêndio florestal, teve início nas colinas de Viña del Mar. Avivadas por fortes rajadas de vento, as chamas avançaram até atingir os setores habitados, a maioria de baixa renda, com casas de construção leve e ruas estreitas.
“Sabemos qual é o local de origem, está em um setor onde havia concentração de vegetação e havia algumas pessoas que estão identificadas neste ponto de início”, afirmou a uma rádio local Rolando Pardo, chefe do Departamento de Prevenção de Incêndios Florestais da Corporação Nacional Florestal (Conaf).
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