Um dia depois dos enfermeiros, os funcionários do serviço britânico de ambulâncias entraram em greve nesta quarta-feira (21) para exigir melhores salários do governo, que os acusou de prejudicar “conscientemente” os pacientes.
O movimento de protesto social aumenta no país diante da inflação acima de 10% e das crescentes tensões com o governo conservador, que se recusa a negociar melhorias salariais.
O mal-estar atinge vários setores: enfermeiros, ferroviários, alfândega e correios. Mas a greve das ambulâncias coloca uma pressão especial sobre o governo em razão dos riscos que representa para as pessoas que precisam de cuidados urgentes.
No jornal The Daily Telegraph, o ministro da Saúde, Steve Barclay, acusou os sindicatos de “uma decisão consciente de prejudicar os pacientes”.
“É uma declaração verdadeiramente ofensiva para os funcionários do serviço de ambulâncias e do NHS”, o sistema público de saúde, respondeu Rachel Harrison, secretária-geral do sindicato GMB.
Quase 750 militares receberam treinamento para substituir os trabalhadores das ambulâncias.
Ainda assim, o diretor médico do NHS na Inglaterra, Stephen Powis, pediu que a população beba com moderação porque será “um dia muito difícil para os serviços de saúde”.
“Trabalhamos em estreita colaboração com os sindicatos para garantir a manutenção dos serviços de emergência para doenças com risco de morte, incluindo derrames cerebrais e crises cardíacas”, disse.
No sudoeste de Londres, alguns manifestantes carregavam faixas com a frase “Salvem o NHS“.
A secretária-geral do sindicato GMB disse que “cabe ao governo acabar com o conflito”.
“Ao se recusar a discutir salários com os sindicatos, o governo é quem decide continuar o conflito”, acusou Harrison.
Ultimato
A greve ocorre um dia após outra dos enfermeiros, que já haviam decretado uma paralisação na semana passada.
Na terça-feira à noite, o sindicato Royal College of Nursing enviou um ultimato ao governo, com o prazo de dois dias para alcançar um acordo sobre os salários, sob ameaça de novas paralisações após o Natal.
A categoria, em greve pela primeira vez em 100 anos de existência do sindicato, tornou-se um símbolo do aumento do custo de vida.
O primeiro-ministro Rishi Sunak, porém, permaneceu inflexível na terça-feira.
“Reconheço que é difícil. É difícil para todos porque a inflação está onde está”, afirmou.
“A melhor forma (…) de ajudar a todos no país é reduzir a inflação o quanto antes”, declarou.
No entanto, os profissionais da área da saúde gozam de amplo apoio da população depois que atuaram na linha da frente da luta contra a covid.
Além disso, sofrem com a austeridade orçamentária que há anos pesa sobre o respeitado e gratuito sistema público de saúde.
De acordo com uma pesquisa do instituto YouGov publicada na terça-feira, dois terços dos britânicos apoiam as greves dos enfermeiros e 63% dos funcionários das ambulâncias.
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