A União Europeia (UE) iniciou nesta quarta-feira (14), em Bruxelas, a sua primeira cúpula com a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que apresentou como uma oportunidade para dinamizar as relações comerciais e os investimentos.
“Pode ser que haja muitos, muitos quilômetros que nos separam. Mas há muito mais valores que nos unem”, disse a presidente da Comissão Europeia (braço Executivo da UE), Ursula von der Leyen, na cerimônia de abertura.
No entanto, para além das declarações de otimismo e união, persistem divergências nos posicionamentos sobre a guerra na Ucrânia ou sobre as crescentes tensões com a China devido à sua presença numa rota fundamental para o comércio mundial.
Desde o início da ofensiva russa contra a Ucrânia, os países da UE buscam consolidar uma frente global contra a Rússia, para enfrentar as consequências econômicas e políticas desse conflito a nível mundial.
No entanto, os 10 países que formam a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) não estabeleceram uma frente única e mostram diferenças em sua resposta a essa guerra.
Por exemplo, Singapura aceitou as sanções ocidentais contra a Rússia, enquanto Vietnã e Laos – que têm laços estreitos com a Rússia – permaneceram mais neutros.
Junto com a Tailândia, eles optaram pela abstenção em uma votação das Nações Unidas em outubro que condenava a tentativa da Rússia de anexar regiões da Ucrânia ocupadas desde fevereiro.
Presença chinesa
Mas além das discussões sobre o tom a ser usado com a Rússia, outro gigante paira sobre a cúpula UE-ASEAN: a China.
As reivindicações da China sobre o mar da China Meridional provocaram tensões com vários de seus vizinhos e levantaram preocupações na Europa sobre os fluxos comerciais nesse canal marítimo fundamental.
A UE considera fundamental se tornar um parceiro de confiança das economias asiáticas, num momento marcado pela crescente rivalidade entre a China e os Estados Unidos.
Na abertura da cúpula, Von der Leyen ofereceu um enorme pacote de investimentos, de aproximadamente 10 bilhões de euros (cerca de 10,6 bilhões de dólares) para os próximos cinco anos.
Esta é uma tentativa óbvia de se apresentar à ASEAN como um contrapeso à presença chinesa.
No entanto, ao chegar ao encontro, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, afirmou que há “uma batalha de ofertas na esfera geopolítica, não apenas uma batalha de narrativas (…). Temos que oferecer mais”.
A ASEAN e a UE suspenderam seus esforços para negociar um acordo comercial conjunto há mais de uma década, e o bloco europeu desde então se concentrou em fechar acordos com membros individuais.
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