O Departamento de Energia dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira (13) um “avanço científico maior” no campo da fusão nuclear.
Há décadas, os cientistas buscam gerar energia com esse mecanismo, que tem várias vantagens: não gera CO2, produz menos rejeitos radioativos do que a energia nuclear conhecida até agora e não traz riscos de acidentes.
A energia das estrelas
A fusão difere da fissão nuclear, técnica atualmente usada em usinas nucleares que envolve a quebra das ligações dos núcleos atômicos para liberar energia.
A fusão é o processo inverso: envolve a fusão de dois núcleos leves (hidrogênio, por exemplo), para criar um pesado (hélio), e isso também libera energia.
É o processo que ocorre em estrelas como o Sol.
“Controlar a fonte de energia das estrelas é o maior desafio tecnológico da humanidade”, escreveu no Twitter o físico Arthur Turrell, autor do livro “The Star Builders”.
Métodos diferentes
A fusão só é possível aquecendo materiais a temperaturas extremamente altas, acima de 100 milhões de graus Celsius.
“É preciso encontrar mecanismos para isolar essa matéria extremamente quente de tudo que poderia esfriá-la”, explicou o chefe de projetos da Comissão de Energia Atômica da França (CEA), Erik Lefebvre, à AFP.
Há décadas, os cientistas tentam fazer com que a energia produzida pela fusão nuclear exceda a usada para causar a reação.
Trata-se de demonstrar que é possível obter um “ganho líquido de energia”, uma etapa crucial que entusiasma muitos cientistas ao redor do mundo.
Mas “o caminho ainda é muito longo” até “uma demonstração em escala industrial e comercialmente viável”, alerta Erik Lefebvre, para quem esses projetos ainda exigem 20, ou 30 anos de trabalho.
Por que o esforço?
Ao contrário da fissão, a fusão não acarreta o risco de um acidente nuclear. Se houver uma falha no sistema, a reação é simplesmente interrompida, explica Lefebvre.
Além disso, a fusão produz menos rejeitos radioativos do que as centrais atuais geram. E não produz gases de efeito estufa.
“É uma fonte de energia totalmente descarbonizada, que gera poucos resíduos e que é intrinsecamente muito segura” para o que seria “uma solução futura para os problemas energéticos em escala global”, resume Lefebvre.
Devido ao seu estado de desenvolvimento, não representa uma solução imediata para a crise climática e para a necessidade de uma rápida transição de energias fósseis.
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