A evolução da Medicina Felina no Brasil e no mundo reflete não apenas avanços técnicos e científicos, mas, também, uma mudança fundamental na forma como os gatos são compreendidos e cuidados. Os tutores estão buscando cada vez mais por gatos ao invés de cães e, ao longo das últimas décadas, e, também por conta dessa demanda, houve uma transformação na abordagem veterinária voltada para a espécie, impulsionada por uma combinação ímpar entre pesquisa e tecnologia.
A médica-veterinária especializada em gatos, proprietária da Clínica de Medicina Felina “Gato é Gente Boa”, Vanessa Zimbres, concorda que o comportamento dos tutores tem influência na evolução da Medicina Felina. “Nós vemos, hoje, uma corrida de profissionais em busca de atualização na área, justamente, devido, não somente ao aumento do número de gatos nos consultórios, mas, principalmente, pela exigência dos tutores de gatos que, indiscutivelmente, têm suas características”, analisa.
Pontos fortes na Medicina Felina
Neste trabalho dos veterinários focados apenas nos gatos, Vanessa afirma que o profissional deve sempre ter em mente que o gato é um animal que não foi totalmente domesticado e tem suas infinitas particularidades físicas e comportamentais. “Diante disso, muitos problemas físicos têm origem comportamental. Por isso, o médico de felinos deve ter um bom conhecimento em etologia felina”, salienta.
Outro ponto considerado importante pela profissional e que anda de mãos dadas com o atendimento de felinos é o clínico saber fazer uso de protocolos de sedação/anestesia, mesmo que básicos. “Não é incomum o plantonista receber pacientes agressivos ou mesmo em situações de urgência em que ele precise fazer uma sedação segura para manusear o paciente. A Medicina Felina, em muitos casos, é uma Medicina de Urgência”, destaca.
Porém, ainda há o que melhorar na área, na visão de Vanessa: “Ainda que já esteja em grande evolução, precisamos progredir em relação a fármacos seguros e adequados à espécie. Infelizmente, os tratamentos que temos específicos para gatos faltam muito no mercado, ou por não existirem ou por não ter disponibilidade e pior: ainda há os que são muito caros e, por fim, o tutor não nos dá outra alternativa a não ser substituir a medicação por uma mais barata, mesmo que não seja a ideal”, compartilha.
Clínica e profissionais especializados
A ida ao veterinário com gatos é uma questão complicada para muitos tutores que, às vezes, preferem deixar de lado as consultas de rotina para não estressar o animal e só os levam quando há alguma urgência, deixando de lado o ditado popular que diz que prevenir é melhor que remediar.
Sobre isso, Vanessa assegura que buscar por uma clínica especializada já facilita bastante o processo. “É legal ressaltar que o gato esconde os sintomas de qualquer problema de saúde, portanto, o mínimo sinal de que algo não vai bem, significa que esse paciente esteja com o problema, provavelmente, há dias. E em Medicina Felina, não podemos perder tempo antes que os sintomas se agravem. O tutor pode entrar em contato com a clínica e pedir auxílio ou mesmo buscar na internet dicas de como levar seu gato ao veterinário de forma menos estressante”, sugere.
Assim, Vanessa frisa a importância da especialização em felinos, justamente, porque, no gato, as coisas são diferentes e um veterinário multiespécie pode não conseguir atender o animal adequadamente.
Um dos cinco pilares das necessidades ambientais dos gatos está em respeitar seu senso olfativo, conforme comentado pela veterinária: “Se um gato é atendido em um ambiente com cheiro de outro gato, já é capaz de desencadear uma agressividade. Pior acontece com o cheiro de outros animais. Barulhos também devem ser evitados. O gato, antes de ser atendido, precisa de um tempo de ambientação para que ele se sinta seguro e permita seu exame clínico. Outro fator de extrema importância é que o veterinário nunca deve fazer nada a força ou de maneira rápida. Tudo deve ser feito no tempo do gato”, conclui.