Câncer é um termo genérico para um grande grupo de doenças que pode afetar qualquer parte do corpo. Essa é a definição disseminada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que ainda lembra que existem tumores malignos ou neoplasias. A principal característica que define o câncer é o rápido e incontrolável crescimento de células anormais que aumentam além de seus limites habituais e podem invadir partes adjacentes do corpo e se espalhar para outros órgãos.
Neste 04 de fevereiro, Dia Mundial de Combate ao Câncer, falamos com o médico-veterinário especializado em Oncologia que atende na rede de hospitais veterinário Pet Care, Leandro Bacha, que revela: os tumores de pele e mucosas (mastocitoma, melanomas, carcinoma de células escamosas), mamário (carcinoma) e os hematopoiéticos (linfoma e leucemias) são os que mais acometem cães e gatos. “Ainda existem as neoplasias ósseas e de tecidos moles (sarcomas)”, adiciona.
Bacha explica que, para cada tipo de tumor, existe um tratamento mais direcionado. “Disponíveis no mercado brasileiro temos: quimioterapia, cirurgia, eletroquimioterapia, radioterapia, criocirurgia, terapias alvo (inibidores de tirosina quinase) e imunoterapia. Algumas novidades, como anticorpos monoclonais para o tratamento específico de alguns tumores, foram lançados no exterior”, indica.
Chances de cura
O veterinário destaca que o sucesso do tratamento do paciente oncológico não depende somente do tratamento instituído. “A presença de metástases pode limitar o resultado do tratamento e causar piora no quadro clínico do paciente. Então, ter ciência do estado geral do animal, comorbidades, presença de metástases, tipo de tumor é que irão definir a cura”, esclarece.
Mas, segundo Bacha, a detecção precoce e a realização de procedimentos especializados podem, sim, levar à cura em diversos casos. “Nem sempre é possível curar a doença, mas sempre é possível tratar visando a melhora dos sintomas clínicos, aumento da sobrevida e com qualidade de vida”, frisa.
Atenção especial
Além do protocolo terapêutico instituído, o pet acometido pela doença deve receber um manejo especial, tanto na clínica, quanto em casa, pelo tutor. “Os cuidados básicos que definem a qualidade de vida e o bem-estar dos animais, como garantir a nutrição do paciente, tratamento e controle da dor, controle de sintomas como náusea, além dos check-ups, devem ser contínuos e próximos. Para os pacientes em quimioterapia, a atenção deve ser redobrada para evitar os efeitos indesejáveis da quimioterapia e infecções secundárias por conta da imunossupressão são importantes”, menciona.
Dependendo da localização do tumor (por exemplo, neoplasias hepáticas císticas), o veterinário afirma que cuidados extras para evitar traumas abdominais são importantes. “Além disso, conhecer o seu pet, para identificar quando algo não está bem e quando é necessário procurar um serviço veterinário é essencial, para a lida com as emergências. O histórico e prontuário bem escrito e detalhado auxiliam nos atendimentos e continuidade do caso do animal quando há alguma emergência”, sugere.
Além disso, o profissional lembra que a nutrição do paciente é o quinto sinal vital segundo a World Small Animal Veterinary Association (WSAVA) e deve ser reconsiderada em pets com câncer. “Alimentos de fácil digestão, palatáveis e com densidade energética e nutrientes adequados evitam a caquexia, estimulam o apetite e auxiliam na manutenção do funcionamento do organismo, por isso, são essenciais”, recomenda.
Prevenção
Nenhum tutor quer ter um pet acometido por algum tipo de câncer, mas Bacha declara que não existe fórmula mágica para evitar o surgimento de câncer em animais de estimação. “De efetivo, com alta porcentagem de sucesso, é a castração precoce de fêmeas (antes dos 12 meses de idade), para evitar o carcinoma mamário e a orquiectomia, que evita os tumores testiculares nos machos. Ademais, a exposição à fumaça de cigarro (fumante passivo) pode contribuir (segundo alguns estudos) ao surgimento de cânceres. A exposição prolongada ao sol em pacientes com pelagem clara e o desenvolvimento da dermatite actínica também pode estar associado a neoplasias cutâneas”, alerta e complementa que a detecção e tratamento precoces continuam sendo os melhores aliados para lidar com neoplasias malignas, na visão do profissional.
E, para finalizar, o profissional ainda diz que, muitas vezes, as neoplasias podem ser detectadas pelos tutores. “Olhar e ouvidos atentos e um exame físico minucioso podem trazer sempre surpresas. Os exames complementares tanto de check-up, quanto de diagnóstico, são essenciais para a detecção precoce. Se vir uma ‘bolinha’ ou se o tutor perceber uma, não deve ter receio de palpar, examinar e levar ao veterinário para realizar citologia ou biópsia. Isso pode mudar o desfecho de um paciente”, garante.