Gabriela Couto, da redação
[email protected]
O mês de dezembro é marcado pelas comemorações e confraternizações de final de ano, mas, durante ele, acontece, também, uma importante campanha da causa animal. Chamada de Dezembro Verde, a campanha tem o foco de combater o abandono e os maus-tratos contra animais, reunindo ONGs, protetores e tutores.
Dezembro foi escolhido, justamente, por conta das festas e das férias, já que, durante esse período, há um registro de aumento no número de animais abandonados, e a campanha surgiu para conscientizar sobre a temática.
Além da campanha durante todo o mês, amanhã, dia 10 de dezembro, é celebrado o Dia Internacional dos Direitos dos Animais, que visa chamar atenção para a necessidade de inclusão de todos os animais como sujeitos morais, de direito, capazes de sentir e de sofrer.
Falando em direito dos animais, lembramos do trabalho de diversas ONGs e protetores que atuam para garantir o bem-estar dos pets, entre elas a Confraria dos Miados e Latidos, que foi fundada em 2007, em São Paulo (SP), e, em 2010, em Nova Friburgo (RJ). A Confraria atua na intenção de proporcionar bem-estar e qualidade de vida à maior quantidade possível de cães e gatos, conhecendo suas necessidades, respeitando suas peculiaridades e contribuindo para a sua relação com os seres humanos.
Segundo a vice-presidente e diretora Administrativa da ONG, Adriana Tschernev, a Confraria foi a primeira iniciativa estruturada de Captura, Esterilização e Devolução (CED) no Brasil. “CED é uma técnica internacionalmente difundida de controle populacional ético de gatos de vida livre, que vivem em colônias nos parques, praças e terrenos da cidade. Eles são capturados, castrados e, em seguida, devolvidos aos seus lugares de origem. Esses animais, em sua maioria, não apresentam perfil de adoção, tendo tido pouco ou até nenhum contato com seres humanos há gerações”, explica.
Por meio dessa iniciativa, surgiu a necessidade de abrigar e encaminhar para adoção os filhotes e os animais dóceis, nascendo assim, oficialmente, a ONG Confraria. “E foi assim que surgiu a Confraria, primeiro com pequenos lares temporários, com capacidade de acolhimento de apenas seis animais por vez, até a estrutura que temos hoje, 15 anos depois”, completa Adriana.
Atualmente, a ONG abriga cerca de 200 gatos, sendo 140 na sede, onde estão os animais aptos para adoção e 60 na clínica, onde possuem área de maternidade, socialização, internação e centro cirúrgico. E o trabalho com cães se dá por meio de apoio a protetores, fornecendo suprimentos, castração e visibilidade nas redes sociais e nos eventos de adoção. A equipe da Confraria conta 15 colaboradores em tempo integral e mais 60 voluntários, que apoiam nos eventos e nas adoções.
Adriana acredita que campanhas como a Dezembro Verde são de extrema importância e auxiliam na educação da sociedade sobre as consequências do abandono. “Precisamos entender que nós, seres humanos, domesticamos os cães e gatos, os tornando dependentes de nós tanto física, como emocionalmente. Um animal que teve um lar, uma família, pode chegar a morrer de tristeza quando abandonado – isso se sobreviver a todos os perigos das ruas. Mesmo que seja devolvido diretamente à ONG, ficam completamente desorientados e sem referências, tendo que dividir o espaço e os recursos com um grande número de animais”, conta.
A vice-presidente comenta que a campanha deve ser mais divulgada, pois, assim, irá atingir um público cada vez maior, auxiliando nas informações e na conscientização. “Quanto mais divulgado, mais alcance terá o convite à reflexão e mais chances teremos que as pessoas se conscientizem de que o elo com um animal é para a vida toda e não apenas enquanto são filhotes, jovens e saudáveis – ou enquanto as circunstâncias da vida são convenientes”.
A Confraria recebe muitas denúncias e solicitações de resgates diariamente, mas, infelizmente, eles não conseguem atender e acompanhar todos os pedidos. “Recebemos, semanalmente, dezenas de solicitações de resgates. Infelizmente, somos capazes de atender diretamente apenas uma pequena fração delas – mas em todos os casos, orientamos para que a própria pessoa que faz a denúncia participe da solução do problema, ela mesma recolhendo temporariamente e promovendo a adoção daquele animal, sem que ele tenha que passar por um abrigo”, explica Adriana, completando que “de 2020 para cá, observamos um aumento de cerca de 35% na notificação de casos de abandono e pedidos de resgate”.
De acordo com Adriana, as causas do abandono são as mais variadas: mudança de casa, mudança de cidade, perda de emprego ou fonte de renda, morte do tutor e desinteresse da família em acolher o animal, divórcio, problemas de saúde mental. Ela conta, também, que o combate ao abandono se dá com orientação e educação da sociedade, além de políticas públicas que garantam um mínimo de condições de sobrevivência às famílias.
LEIA TAMBÉM:
Vantagens do mix feeding no tratamento da obesidade em cães
Campanha Dezembro Laranja aborda a prevenção do câncer de pele
Vira-lata caramelo: veterinária comenta favoritismo por cães sem raça definida, especialmente dessa cor