Saúde Única é o conceito dado para uma visão integrada sobre a união indissociável da saúde animal com a saúde ambiental e com a saúde humana. Trata-se de um termo reconhecido pelas organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
A médica-veterinária, pesquisadora, doutoranda em Sociedade Tecnologias e Políticas Públicas (SOTEPP-UNIMA-AL), membro do CRMV-AL (Comissão de Saúde Pública) e do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) como conselheira na gestão 2023-2026, Evelynne Hildegard Marques de Melo, conta que, historicamente a raiz desse conceito foi marcada por Hipócrates, filósofo e pai da Medicina, em meados do Séc. V a.C. onde defendeu a ideia de que a Saúde Pública estava ligada a um ambiente saudável.
A profissional destaca que a Medicina Veterinária é uma das profissões no mundo com maior campo de atuação e sempre abrange situações integradas homem-animal-ambiente, uma vez que lida com a saúde animal, sendo totalmente dependente do meio ambiente, onde estão, por sua vez, contidas as fontes diretas de alimentação e, também, os patógenos. “Com isso, todo o envolvimento atinge a saúde humana seja pela dependência alimentar, seja pela interação enquanto animais de estimação. Então, os trabalhos do médico-veterinário envolvem defesa sanitária animal, a Saúde Pública, a pesquisa uni e multidisciplinar”, discorre.
Na Saúde Pública, segundo Evelynne, o médico-veterinário atua na inspeção e fiscalização de produtos de origem animal; na pesquisa de tecnologias de produção, além de ser responsável pelo estudo de medidas de saúde pública relativas às zoonoses e ao manejo ambiental. “Na clínica médica, atua garantindo prevenção de doenças que extrapolam do animal ao homem, de modo que atua equilibrando saúde e bem-estar animal e saúde humana, saúde pública”, frisa.
Novidade no Brasil
Levando em conta tamanha importância da questão, no dia 05 de janeiro deste ano, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, regulamentou a Lei nº 14792, que institui o Dia Nacional da Saúde Única: Dia 03 de novembro.
Questionada sobre a importância de contarmos com uma data como esta no calendário, Evelynne menciona que a iniciativa foi da data simbólica ao Dia da Saúde Única, lançada pela Wildlife Conservation Society, em 2004. “No Brasil, os Ministérios da Saúde, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente vêm trabalhando na criação de normas e orientações voltadas à aplicação prática da Saúde Única. O objetivo maior é a prevenção”, informa.
A pandemia da covid-19, de acordo com a veterinária, foi um momento marcante para que todos sentissem a preocupação que cerca as pessoas, quanto às zoonoses emergentes e reemergentes, onde já se sabe que constituem cerca de 70% delas. “Também se sabe que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem mais de 200 tipos de zoonoses e, aproximadamente, 60% das doenças infecciosas humanas têm sua origem em animais. Então, todo esforço no sentido de prevenção deve acontecer por iniciativa dos países”, defende.
Para além do dia
Embora agora haja uma data simbólica, a médica-veterinária salienta que todo dia é dia de realizar atividades voltadas à valorização da Saúde Única e isso pode ocorrer nas atividades rotineiras do médico-veterinário. “Por exemplo, quando o profissional realiza cuidados básicos com animais de estimação, como caninos e felinos domésticos, no ato de vacinação, vermifugação e controle de ectoparasitas associados à explicação educativa aos seus tutores da importância dessas medidas que previnem zoonoses”, cita.
E, para os dias comemorativos estipulados em lei, Evelynne acredita ser interessante promover atividades lúdicas com crianças, filmes educativos e palestras técnicas. “Estes são exemplos de ações que podem ser utilizadas para fortalecer o que é a Saúde Única aos populares”, finaliza.