Editada no Brasil pelo Documenta Pantanal, publicação relata os desafios e êxitos do projeto que, além da província de Corrientes, onde foi criado o Parque Nacional Iberá, também reinseriu em santuários como o Impenetrable, a Estepe Patagônica e a Patagônia Azul, animais como tamanduás-bandeiras, ariranhas e onças-pintadas
Com iniciativas ainda pouco conhecidas no Brasil, desde 2010, a Fundação Rewilding Argentina mantém o foco de suas ações no rewilding, uma estratégia de restauração ecológica que tem revolucionado a reintrodução da vida selvagem em ecossistemas onde espécies animais foram submetidas à extinção local. Repleta de desafios e êxitos, com resultados e ensinamentos inspiradores, a trajetória transformadora da instituição pode agora ser conhecida por especialistas e pelo público em geral com a publicação, no Brasil, de Rewilding na Argentina.
Escrito a seis mãos por três lideranças da instituição – Sofía Heinonen, diretora executiva; Sebastían Di Martino, diretor de Conservação; e Emiliano Donadío, diretor Científico –, o livro acaba de ser editado aqui, por iniciativa do Documenta Pantanal, projeto que reúne profissionais diversos com a missão de divulgar um dos mais ricos biomas nacionais, o Pantanal.
Com um projeto gráfico repleto de imagens exuberantes – fotos que permeiam capítulos de elucidativo didatismo sem renunciar à profundidade temática que o tema demanda –, Rewilding na Argentina foi traduzido pelo ecólogo Fernando Fernandez, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Essa constatação, de que o livro tem o potencial de influenciar práticas que podem ser replicadas pela comunidade científica de outros países e do Brasil, também é compartilhada por Teresa Bracher, coordenadora do Documenta Pantanal. “O lançamento de Rewilding na Argentina é um importante marco para as conexões que possam ultrapassar tanto o âmbito dos nossos ideais quanto a manutenção do patrimônio natural do Brasil, para podermos ir além, para podermos adentrar de forma potente e eficaz nas instâncias governamentais que representam setores diretamente ligados e afetados pela manutenção e preservação do meio ambiente”, defende.
Quem deve ler?
Para todos os públicos e com download gratuito em PDF (confira detalhes no serviço, incluindo a compra de exemplares físicos), o livro é, sobretudo, um testemunho do compromisso socioambiental inegociável e incansável do casal de empresários e fílantropos norte-americanos Kris e Douglas Tompkins (1943 – 2015), mantenedores da Tompkins Conservation, instituição que criou ou expandiu 17 parques nacionais na Argentina e no Chile, totalizando 14,8 milhões de acres de terra e 30 milhões de acres de áreas marinhas.
Criada em 2010, a Fundação Rewilding Argentina é herdeira do legado do The Conservation Land Trust Argentina, instituição fundada em 1997 por Doug e Kris Tompkins. Por meio das atividades desenvolvidas na Fundação Rewilding Argentina, o casal consolidou um de seus feitos mais notáveis, a criação do Parque Nacional Iberá, na província de Corrientes. A compra de terras para a realização do projeto se deu em 1998, e as iniciativas de reintrodução da fauna extinta tiveram início em 2007, com a ambiciosa meta de reintegrar ao ecossistema seu predador de topo, a onça-pintada.
Em janeiro de 2021, sete décadas depois de ser considerada extinta em decorrência da caça ostensiva, as onças-pintadas voltaram às planícies de Iberá. Um ano depois, um integrante brasileiro entrou para o grupo, graças a uma ação coordenada em parceria com a Associação Onçafari. No livro, esse episódio é contado por Mario Haberfeld, fundador da instituição, que assina o prefácio da obra com o texto A história de Isa e Fera: de volta à natureza, no qual é detalhado o processo de reabilitação e encaminhamento de uma onça macho que apareceu doente e muito debilitado na Escola Jatobazinho, mantida pelo Instituto Acaia Pantanal na Serra do Amolar, no MS, e, mais tarde, foi reintroduzido à natureza na Argentina. Nesta jornada, o animal, que ganhou o nome Jatobazinho, foi tratado e reaprendeu a caçar na Fazenda Caiman. De lá, em 1º de janeiro de 2022, foi solto no Iberá, onde segue gerando descendentes.
Atualmente, o Parque Nacional Iberá é reconhecido como o projeto multiespécies mais ambicioso da América, com reflexos igualmente positivos para a recuperação da vida silvestre e para o desenvolvimento de uma nova economia local. A restauração de ecossistemas promovida pela Fundação Rewilding Argentina também contribui para o enfrentamento de graves problemas ambientais como a perda da biodiversidade, a emergência climática e o surgimento de pandemias. O livro deixa evidente que trazer de volta espécies-chave para a restauração desses ecossistemas é também uma forma de preservação da própria humanidade.
Fonte: Assessoria de imprensa, adaptado pela equipe Cães e Gatos VET FOOD.
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