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Médica-veterinária é primeira indígena com doutorado do País

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Ao finalizar seu doutorado, a médica-veterinária Nahuria Karajá se tornou a primeira indígena com o título no Brasil. Natural de Goiânia (GO), ela reside no Tocantins desde os cinco anos de idade. 

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Incentivada pelo pai Idjarruri Karajá, um grande líder indígena, Nahuria enfrentou as falhas educacionais, dificuldades financeiras e o preconceito, buscando realizar um sonho para ela e sua comunidade. Hoje, é inspiração para futuras gerações, não somente indígena, mas de outras minorias, que muitas vezes sucumbem às barreiras impostas pela sociedade colonial e patriarcal há centenas de anos.

Ela atualmente trabalha em um consultório veterinário e tem muito orgulho de toda sua trajetória, aplicando tudo o que aprendeu no mestrado e doutorado em Ciência Animal Tropical com ênfase em Patologia Animal aplicada à Toxicologia para dar um diagnóstico mais assertivo, mesclando teoria e prática. 

“Em 2004, eu fiz o vestibular, o único vestibular que eu fiz na vida foi para Medicina Veterinária, na Universidade Federal do Tocantins (UFT). Também fiz o ENEM e ganhei bolsa integral para Engenharia Agrícola na ULBRA – Universidade Luterana do Brasil. Levando em consideração que nós vivemos na maior ilha fluvial do mundo, que é a Ilha do Bananal, que além dos animais silvestres, também tem projeto de bovinocultura que é vigente, vimos que a Medicina Veterinária poderia ser muito interessante para o desenvolvimento da região e do meu povo também”, conta.

A pós-graduação entrou em sua vida como uma continuação de sua jornada. “Quando eu terminei tudo, tanto o mestrado como o doutorado, eu cheguei em Formoso sem uma perspectiva de emprego. Enquanto eu estava lá, pelo menos eu estava conseguindo mais conhecimento, que me ajuda bastante até hoje, com o desenvolvimento do raciocínio lógico. Foi importante para a minha formação, e atualmente faz diferença no meu dia a dia”, afirma.

Hoje, ela atua com clínica de pequenos animais (Foto: reprodução)

No entanto, políticas internas não a permitiram trabalhar no meio do seu povo. Aquele plano, de trabalhar com bovinocultura na Ilha do Bananal, não aconteceu. “Acabei indo em outra direção, que foi a clínica de pequenos animais, que sou a proprietária, mas que também tem sido muito interessante, porque aqui não tinha nenhum consultório veterinário até então. Os pets eram basicamente atendidos em clínicas veterinárias em Gurupi. Com a chegada do consultório em Formoso, essa realidade mudou bastante”, diz.

Ela ainda acrescenta: “O que acho bacana é que as pessoas têm aprendido mais a respeito dos cuidados com os animais e a cidade de certa maneira, está sendo educada também a respeito de que independente da sua origem, da sua raça, se você tiver muito esforço, sacrifício, dedicação, vai gerar conhecimento e isso pode salvar vidas”.

“O que eu espero mesmo é que sirva de exemplo e que dê esperança para outras pessoas que fazem parte de uma minoria ou que não são de minoria também, mas para mostrar que é possível”, finaliza.

Fonte: CRMV-TO, adaptado pela equipe Cães e Gatos VET FOOD.

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