O Dia Mundial Contra a Raiva é uma data importantíssima para a saúde de pets e humanos. Comemorada todo dia 28 de setembro, a campanha busca conscientizar a população sobre os riscos e as consequências da doença, que mata cerca de 60 mil pessoas por ano pelo mundo.
No Brasil, 45 pessoas foram contagiadas entre 2010 e 2020. Apesar dos números parecerem baixos, trata-se de uma doença com letalidade próxima a 100%, ou seja, as chances de sobrevivência ao contrair o vírus são baixíssimas.
Os animaizinhos também podem sofrer bastante com a enfermidade, que acaba paralisando certos músculos do corpo e deixando o pet com comportamento bastante agressivo, o que pode levá-lo à morte.
No post de hoje, vamos explicar um pouco mais sobre a importância do Dia Mundial Contra a Raiva e os cuidados que você deve ter com a doença, principalmente se tiver um bichinho em casa. Boa leitura!
O que é a raiva?
Também conhecida como hidrofobia, a raiva é uma doença infecciosa causada pelo vírus do gênero Lyssavirus e não tem cura. É uma condição que pode acometer mamíferos em geral, incluindo pets e humanos.
Para que a transmissão aconteça, é necessário que a saliva de um animal portador do vírus Lyssavirus entre em contato pela pele ou por mucosas por meio de lambidas, arranhões ou mordidas.
A zoonose apresenta três ciclos de transmissão: urbano, principalmente por cães e gatos; rural, por equinos, caprinos, suínos e bovinos; e silvestre, sendo o principal responsável o morcego, além de primatas, raposas e guaxinins.
Para se ter uma ideia da gravidade da doença, a OMS divulgou que somente duas pessoas sobreviveram após terem contraído raiva no Brasil. No caso dos animais, entre 2009 e 2019, houve quase 50 mil casos de raiva, envolvendo cães, em sua grande maioria, gatos, bovinos e também equídeos.
Dia Mundial Contra a Raiva: origem da data
Afinal, qual o mês dedicado à campanha de vacinação contra a raiva? Não há um mês, mas sim um dia específico no ano para o combate à doença no mundo.
A data foi instituída em 2007, com o objetivo de conscientizar a população mundial quanto aos riscos de contrair a doença, ensinar a identificar os sintomas e esclarecer sobre as maneiras corretas de prevenção.
A campanha é realizada pela Aliança Global para o Controle de Raiva, uma organização sem fins lucrativos que busca erradicar a raiva no mundo até o ano de 2030, por meio de ações globais de educação.
O dia escolhido para se comemorar as práticas de prevenção da doença tem um significado especial: trata-se de uma homenagem a Louis Pasteur (1822-1895), cientista francês que criou a vacina antirrábica, em 1885. 28 de setembro, portanto, é o dia de seu falecimento.
Pasteur teve um papel fundamental para a diminuição da contaminação da doença e o principal responsável pelo método mais eficaz contra os efeitos da raiva: a vacina!
Efeito das campanhas de prevenção
A partir da década de 70, diversas campanhas de prevenção contra a raiva surgiram, principalmente nas Américas. Até esse período, a doença atingia uma boa parte da população, principalmente em casos envolvendo cachorros.
Países como o México e o Peru, por exemplo, apresentavam, respectivamente, 63 casos e 69 casos por mil habitantes. O Brasil não ficava muito atrás: em 1980, foram registrados 168 casos por 100 mil habitantes.
Por aqui, no início dos anos de 1970, houve a criação do Programa Nacional de Profilaxia da Raiva (PNPR), que buscava erradicar ou diminuir consideravelmente os casos da doença em humanos e outros animais no país.
Uma das principais realizações do programa foi a implementação da vacinação antirrábica canina e felina em todo o território nacional, que resultou em uma diminuição significativa no número de casos nas décadas seguintes: de 1.200 cães positivados para a raiva em 1999 para somente 11 casos em 2021.
Em 1983, outro projeto surgiu para conter o aumento dos casos de raiva humana no Brasil. O Programa Regional de Eliminação da Raiva da Organização Pan-Americana de Saúde também iniciou uma série de ações que visavam controlar o surto da doença no país.
Desde o início do programa, os casos de raiva humana no Brasil por transmissão urbana diminuíram 98%, caindo de 300 casos em 1983 para 6 notificações em 2021.
Quais são os sintomas da raiva?
Extremamente letal e sem cura, a raiva deve ser levada a sério. O principal agravante está nas semelhanças dos sintomas da doença com outras enfermidades, o que pode prejudicar o diagnóstico, retardar o tratamento e, consequentemente, levar à morte.
É uma condição de caráter infeccioso que geralmente compromete, em poucas semanas, todo o sistema nervoso central, parte cerebral importantíssima para os mamíferos, responsável por receber e processar informações.
Sintomas da raiva em pets
Cachorros e gatos estão suscetíveis a contrair raiva e, potencialmente, transmiti-la a seus tutores e outros moradores da casa. No entanto, a doença é mais comum nos cães.
A janela dos sintomas da raiva pode aparecer entre 10 e 60 dias após o contágio. A partir desse momento, a zoonose começa a progredir no organismo do animal, que passa por alguns estágios da doença.
Aquele comportamento raivoso e com saliva espumante tão conhecido no imaginário popular acontece nos primeiros dias da doença. O pet, portanto, adquire uma tendência à agressividade, podendo morder todos por perto, inclusive pessoas com grandes laços de afetividade.
O problema é que esse comportamento também pode ser autodestrutivo. O cachorro, então, começa a morder a si mesmo, podendo gerar ferimentos graves e profundos.
A salivação nesse estágio da doença é excessiva: o cãozinho não consegue deglutir, por conta do impacto da doença no sistema nervoso e da potencial paralisia dos músculos.
Além disso, os sintomas mais comuns da raiva em pets são:
- Agitação
- Perda de apetite
- Agressividade
- Excitação
- Falta de coordenação motora
- Dificuldade para se alimentar
Sintomas da raiva em humanos
Parecida com a gripe, os sintomas da raiva em humanos podem começar a aparecer a partir do momento que o vírus se instala no cérebro, aproximadamente nos 45 dias após o contágio.
É comum que a pessoa comece a se sentir mais fraca, indisposta, com picos de irritação e com tonturas e cefaleias. Esse estágio, portanto, é o mais perigoso, já que a pessoa pode achar que se trata de alguma virose que logo vai passar.
Os sintomas mais comuns de raiva em humanos são:
- Febre
- Dores de cabeça intensas
- Irritabilidade
- Sensação de fraqueza
- Dor de garganta
- Sensibilidade no local da ferida
- Paralisia nos músculos
- Dificuldade de deglutição
Como é feito o tratamento da raiva?
Aqui vai uma notícia não tão boa: não há tratamento para a raiva. Isso significa que a partir do momento em que a doença se instala no organismo do pet ou do humano, as chances de sobrevivência são muito pequenas, por ser é uma doença quase sempre letal.
Por isso, se notar qualquer sintoma parecido com os descritos ali em cima, leve imediatamente seu pet ao médico-veterinário. O mesmo vale para você, humano, que teve algum acidente com algum animal e potencialmente teve contato com a sua saliva: vá a um posto de saúde o quanto antes!
Como prevenir a raiva?
A raiva pode ser silenciosa e só dar os primeiros sinais semanas ou meses após o ocorrido. A prevenção, portanto, se torna fundamental para evitar a proliferação do vírus e a morte de animais e humanos pela doença.
Como prevenir a raiva em pets
No caso dos pets, não há outro caminho para a prevenção da raiva a não ser pela vacinação antirrábica obrigatória, que acontece todo ano para cães e gatos. Basta conversar com o médico-veterinário de confiança e seguir as orientações. Geralmente, cães a partir de 6 meses de idade já podem ser vacinados.
Dessa forma, seu bichinho não correrá nenhum risco de contrair o vírus, o que também evita que a raiva se espalhe para os moradores da casa.
Como prevenir a raiva em humanos?
Além da vacina pós-exposição, ou seja, a imunização após o contato com um animal infectado, existe outro tipo de vacinação da raiva em humanos: a de pré-exposição.
Indicada para profissionais da saúde, biologia, zootecnia e áreas afins, é um tipo de imunização prévia antes do contato com animais potencialmente infectados, geralmente para situações de contenção, manejo e pesquisa de mamíferos.
Para humanos, o caminho mais seguro para a prevenção é estar atento a qualquer contato com animais. Sendo assim, evite interagir com cães e gatos sem dono, já que a saliva deles pode estar contaminada.
Jamais, em hipótese alguma, toque em algum animal morto. Além da raiva, animais nesse estado podem ser foco de inúmeras outras doenças, como a febre amarela e a febre maculosa.
Se você vive em regiões de mata que abrigam morcegos hematófagos (aqueles que se alimentam de sangue), evite dormir com a janela totalmente aberta, pois há riscos de mordidas. O ideal é investir em telas ou vedações reforçadas.
A raiva é uma doença totalmente evitável, apesar de letal. Por esse motivo, o dia mundial de luta contra a raiva se torna fundamental para conter a proliferação dessa zoonose e evitar riscos de saúde para nós, humanos, e nossos peludinhos.
Aproveite para conhecer mais dicas sobre cuidados com o seu pet no blog da Tudo de Bicho. Nos vemos na próxima!
Author: Sarah
Publicitária, pedagoga, apaixonada pela vida e extremamente curiosa.
Leitora voraz de vários assuntos, vidrada em tecnologia e desbravadora do mundo pet.
Vamos juntos saber mais sobre os cuidados com os nossos bichinhos?