A Lei Federal 9605/98 protege animais silvestres de crimes contra a fauna e a sua comercialização, já que a exposição desses animais a ambientes domésticos pode ser prejudicial para o desenvolvimento e reprodução de sua espécie.
Mas, segundo a médica-veterinária do Ambulatório de Aves do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, Marta Guimarães, em alguns casos, é possível ter um animal silvestre em casa.
Ela explica que, primeiro, é preciso buscar uma autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Procedimentos ilegais de “adoção” desses animais podem levar a consequências rígidas aos sujeitos que praticam essa ação, como multas e processos direcionados a quem cometeu o crime.
“Quando falamos sobre esses bichos, precisamos analisar a categoria em que eles se encaixam. Isso porque os cuidados direcionados para aves, répteis e mamíferos são diversos entre si”, comenta.
Hoje, os principais animais silvestres que se encontram em lares domiciliares são os papagaios, saguis e jabutis. Os procedimentos para a compra desses animais devem ser realizados por criadores e, com a realização desse processo, o indivíduo se torna proprietário ou tutor.
“Se a pessoa tem uma ave, por exemplo, ela precisa ter certeza de que esse animal não vai fugir, ela precisa garantir que ele tenha bem-estar, que tenha uma boa alimentação e que tenha um espaço adequado para poder se movimentar e para poder circular pelo ambiente. Além disso, eles precisam de outros cuidados, como atenção e carinho”, conta.
Além disso, é interessante analisar que alguns desses animais podem ser perigosos aos seres humanos, a especialista exemplifica com os filhotes de quatis, que podem arranhar, e os saguis que costumam morder as pessoas. As zoonoses, doenças transmitidas dos animais para os seres humanos, também são um problema que pode ser associado às práticas ilegais.
“A proximidade com as capivaras, por exemplo, pode causar a febre maculosa para as pessoas pelo carrapato estrela encontrado nesses animais e que mantém a bactéria Rickettsia rickettsii e, na dependência do caso, podem acarretar até mesmo a morte de sujeito”, afirma especialista.
Outro ponto importante que pode ser levantado sobre a temática é a exposição desses bichos nas redes sociais, muitas vezes tendo como principal objetivo a autopromoção e a lucratividade. Marta comenta que essa prática é crime e os indivíduos que desejam conhecer esses animais podem suprir essa vontade por meio de práticas legais, como os zoológicos.
Existem alguns centros de recepção de animais silvestres, para onde são encaminhados os animais encontrados abandonados. Um tratamento preventivo costuma ser direcionado e, depois disso, é comum que alguns deles, após cadastro do Ibama, sejam soltos e retornem aos seus habitats naturais.
Muitas vezes, esses animais são direcionados aos centros pelo próprio indivíduo que o adquiriu – mesmo que de forma legal -, por este não estar preparado para as mudanças físicas, hormonais e comportamentais que são inerentes ao animal.
Mas, como “adotar” um bichinho silvestre? A professora explica que, caso o indivíduo queira, de fato, apresentar esses animais em sua residência, é possível se inscrever como criador/mantenedor por meio de processos legais aprovados pelo Ibama e pela Secretaria do Meio Ambiente.
Fonte: FMVZ, adaptado pela equipe Cães e Gatos VET FOOD.
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