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Estudo aponta quais raças de cães são mais sensíveis à dor

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Uma pesquisa da Universidade Estadual da Carolina do Norte (EUA), publicada no Frontiers in Pain Research, testou se, realmente, há diferenças na resistências à dor entre raças de cães – e descobriu que as avaliações que veterinários fazem desse quesito nem sempre correspondem à realidade.

“Primeiro, queríamos saber: isso é verdade? Se pegarmos 15 cães de 10 raças classificadas como de alta, média e baixa sensibilidade e testarmos seus limiares de sensibilidade, veremos diferenças? E, em caso afirmativo, elas seriam consistentes com o que os veterinários acreditam?”, diz, em nota,  a  professora associada de Medicina Comportamental na Universidade americana, Margaret Gruen.

Para sanar essas dúvidas, os pesquisadores analisaram fêmeas e machos adultos e saudáveis de 10 raças subjetivamente classificadas por veterinários como tendo uma resistência alta, média e baixa à dor. Ao total, 149 cães participaram do estudo. Inicialmente, o grupo de alta resistência tinha as raças chihuahua, pastor alemão, maltês e husky siberiano, enquanto o de média resistência incluía border collie, Boston terrier e Jack Russell terrier. Já o conjunto de baixa resistência era composto por golden retriever, pit bull e labrador.

“A reatividade a estímulos externos é uma medida comumente usada em neurologia e estudos sobre a dor em humanos. Adaptamos essas medidas para cães de estimação e as usamos neste estudo”, comenta o professor de pesquisa de dor translacional na Universidade Estadual da Carolina do Norte, Duncan Lascelles.

Em primeiro lugar, a sensibilidade à pressão e à temperatura foi testada em cada um dos 149 cachorros. Para isso, os pesquisadores pressionaram as patas dos animais com uma ferramenta semelhante a uma caneta esferográfica – isto é, com uma extremidade pontiaguda e a outra, achatada – e com uma peça aquecida. Assim que os cachorrinhos moviam a pata, os estímulos eram retirados. Cada teste foi repetido cinco vezes.

Existem diferenças biológicas na sensibilidade à dor entre as raças (Foto: reprodução)

Além disso, dois exames de reatividade emocional foram realizados. Querendo avaliar como os cães reagem a coisas ou pessoas desconhecidas, os pesquisadores imitaram alguns dos aspectos estressantes de uma visita ao veterinário. Assim, criaram um teste de objeto novo e outro do “estranho descontente”.

A análise do objeto novo envolvia um macaco de pelúcia que se movia e fazia barulho. Um condutor levava o cão até uma sala na qual havia um cercado, e, em seguida, o brinquedo em formato de primata era ligado em frente ao animal. Então, o comportamento do cachorro era observado.

Já no teste do “estranho descontente”, o condutor levava o cão para um corredor aberto, onde um indivíduo encapuzado com quem o animal não havia interagido anteriormente estava sentado numa cadeira. Seguindo um script preparado pelos pesquisadores, o homem fingia ter uma conversa telefônica em voz num celular, sem dar atenção ao pet. Depois, o “estranho descontente” falava com o cachorro num tom de voz amigável. Cada rodada deste teste durava cerca de 30 segundos.

Os resultados desses exames foram comparados com questionários que veterinários e o público em geral haviam preenchido sobre como viam a sensibilidade de cada raça de cão. Com isso, os cientistas da Universidade Estadual da Carolina do Norte descobriram que existem diferenças reais entre as espécies no que diz respeito a essa sensibilidade; porém, essas divergências nem sempre correspondem às classificações feitas por veterinários.

Os cães da raça maltês, por exemplo, demonstraram baixa tolerância à dor, o que significa que eles reagem rapidamente a estímulos de pressão e temperatura. Esses resultados estão de acordo com a classificação que veterinários deram a esses cães. Porém, essa concordância não aconteceu no caso dos huskies siberianos. Embora veterinários os tenham classificado como altamente sensíveis, os testes os colocaram na faixa intermediária. Essa mesma diferença entre opiniões de especialistas e resultados do estudo ocorreu em relação a outras raças.

Outro ponto levantado pelos pesquisadores é que, às vezes, os cães menos propensos a interagir no teste do objeto novo e no cenário com o “estranho descontente” às vezes eram classificados por veterinários como mais sensíveis à dor. Isso levantou uma pergunta: o nível de estresse de um animal e a reatividade emocional dele em uma visita ao veterinário influenciam nessa percepção sobre ele?

“Essas diferenças comportamentais podem explicar as diferentes avaliações veterinárias, mas não a real tolerância à dor entre as raças”, diz Lascelles. “Este estudo é empolgante, porque nos mostra que existem diferenças biológicas na sensibilidade à dor entre as raças. Agora, podemos começar a procurar possíveis causas biológicas para explicar essas diferenças, o que nos permitirá tratar raças individuais com mais eficácia”, conclui.

Fonte: Galileu, adaptado pela equipe Cães e Gatos VET FOOD.

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