Enaltecer o sucesso e as conquistas de, como ele mesmo diz, 90 anos de vida adulta consciente, seria o caminho mais fácil para o médico-veterinário Milton Thiago de Mello. Porém, às vésperas de completar 107 anos de idade, data celebrada no dia 05 de fevereiro, ele segue alimentando ideias, lendo e escrevendo sobre o presente e o futuro da Medicina Veterinária.
Para receber o Prêmio Professor Paulo Dacorso 2021, o professor, cientista e leitor voraz surge com alguma dificuldade de locomoção, devido a um acidente sofrido três anos atrás, porém lúcido como sempre e bem-humorado como nunca. Considerado uma referência na Medicina Veterinária brasileira e mundial, Mello foi homenageado em cerimônia realizada no dia 27 de janeiro, na sede provisória do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), em Brasília (DF).
À mesa, além dele e de sua esposa, a psiquiatra Ângela, estavam o presidente do CFMV, Francisco Cavalcanti de Almeida; o ex-presidente do federal, René Dubois (representando a Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária, SBMV); Josélio de Andrade Moura, presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária (Abramvet); e o conselheiro titular do CFMV Marcílio Magalhães, responsável pela indicação de Mello ao prêmio.
O evento contou com a presença da Diretoria Executiva, de conselheiros titulares e suplentes do CFMV, além de presidentes de regionais e do corpo funcional, de familiares, colegas e admiradores do homenageado. A solenidade teve transmissão on-line, assistida por mais de 30 pessoas, simultaneamente. O médico-veterinário Guilherme Marques, consultor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e a tenente-coronel veterinária Orlange Rocha, representando o Exército Brasileiro compareceram presencialmente, assim como Eliana Dea Lara Costa e Alexander Dornelas Gomes, ambos do Ministério da Agricultura e Pecuária.
Acompanharam o evento virtualmente, entre outros, o senador Wellington Fagundes (MT); o jornalista e médico-veterinário Luiz Octávio Pires Leal, autor da biografia de Mello; o coronel veterinário Francisco Augusto, do Exército Brasileiro; a professora Maria José de Sena, presidente da Comissão Nacional de Educação da Medicina Veterinária; o ex-presidente do CRMV-SP, Mario Pulga; o professor Ismar Moraes, presidente do Grupo de Trabalho Técnico-Jurídico (GTTJ) do CFMV; Nestor Werner, ex-conselheiro suplente do CFMV; Leonardo Napoli, membro da Comissão Nacional de Desastres em Massa Envolvendo Animais; e Glória Boff, ex-secretária-geral do CRMV-RS.
Reconhecimento
Todos lembraram passagens da vida do homenageado, como o recebimento, em 2013, da maior honraria da Medicina Veterinária no mundo, o prêmio John Gamgee. Anos antes, Mello foi escolhido Honorary Fellow da Zoological Society of London, o que lhe propiciou a oportunidade de ser cumprimentado pela Rainha Elizabeth II, da Inglaterra. Ao todo, foram mais de 20 prêmios ao longo de mais de 80 anos de atuação como médico-veterinário.
Magalhães fez o primeiro da série de discursos emocionados que marcaram a tarde. Na ocasião, lembrou de uma conversa com o professor, que respondeu-lhe qual seria o segredo de sua saudável longevidade (“as boas amizades e uma boa dose de um bom uísque”). O conselheiro destacou:
“A honra de contar com a amizade do Dr. Milton não foi o principal motivo da minha indicação. Expoente figura da Medicina Veterinária brasileira e mundial, nosso ilustre agraciado é possuidor de um dos mais brilhantes currículos profissionais de que temos conhecimento. Sua destacada carreira de médico-veterinário, militar do Exército, pesquisador e cientista, e sua vasta produção acadêmica é incomparável”, assinalou, emendando sua fala a alguns destaques na trajetória do homenageado e lembrando a importância da parceria de Ângela, por meio da dedicatória de Mello no livro autobiográfico “O poste de Cozumel”.
Em seguida, foi a vez de o presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, Josélio de Andrade Moura manifestar sua alegria pela entrega da honraria a Mello e lembrar uma de suas frases emblemáticas.
“Quero deixar um pequeno recado da ‘segunda lei de Milton’, que é um recado a professores e alunos: ‘Os professores têm a obrigação de fazer seus alunos melhores que eles próprios; e os alunos têm a obrigação de estudar tanto para se tornarem melhores que seus próprios mestres”, lembrou, passando a palavra a René Dubois, “dos aqui presentes, o mais antigo amigo do professor Milton Thiago, e que o acompanha em sua brilhante trajetória de cientista luminar”.
Em sua fala, Dubois destacou ser a entrega do Prêmio Paulo Dacorso Filho a Mello um momento histórico. “Sem demérito aos demais (vencedores do prêmio), hoje estamos homenageando um super-homem, o maior de todos os agraciados até agora”, afirmou, provocando aplausos da plateia.
Para ele, Dacorso e Mello se equivalem em grandiosidade como médicos-veterinários, e que por isso aquele se tratava de um momento histórico. Antes, destacou a história do patrono da premiação e de seus idealizadores, todos já falecidos: o ex-presidente do CFMV Laerte Silvio Traldi (gestão 1975-1978) e Waldemar Naclério Torres, conselheiro que apresentou a ideia da premiação, pouco após a morte de Dacorso. Encerrou citando o poema Le grand homme (O grande homem), do francês Jacques Prévert: No ateliê do talhador de pedras/onde o encontrei/lhe tiravam as medidas para a posteridade.
“Que seja esculpida na pedra da Medicina Veterinária esta homenagem feita a um grande homem, Milton Thiago de Mello”, concluiu Dubois.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
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