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Pranto. Encontrando um lugar para a dor

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Quando enfrentamos sofrimento e dificuldades, isso pode ser um teste severo para a nossa fé. Mas a nossa própria fé em Deus também pode dar uma nova esperança. A Bíblia nos mostra um caminho da tristeza para a confiança, quando levamos nossa angústia a Deus em um lamento.

Todo mundo experimenta algum tipo de sofrimento e dificuldade. Os cristãos não são exceção. Lutamos com emoções fortes quando enfrentamos dor e tristeza. Isto se torna ainda pior quando as nossas circunstâncias dolorosas parecem contradizer o caráter de Deus como O conhecemos. Afinal, Ele é bom, soberano e todo-poderoso. Então, por que Ele permite que o mal e a tristeza aconteçam conosco? Onde está Deus em tudo isso?

Não somos a primeira geração a lutar com estas questões. A Bíblia contém muitos exemplos de crentes que passaram por dificuldades. A Bíblia também nos mostra uma maneira de lidar com isso: lamentar. Muitos Salmos são canções de lamento. Contêm um apelo a Deus, uma reclamação, um pedido de ajuda e uma expressão de confiança ou louvor. Como tal, canções de lamento são uma forma bíblica de passar da dor à promessa e do quebrantamento à misericórdia de Deus. Não é uma solução fácil, mas uma forma de dar espaço às nossas emoções e encontrar esperança em Deus quando nos sentimos oprimidos, abalados e magoados. O lamento nos dá a oportunidade de reorientar nosso coração ferido para o que é verdadeiro.

Parte 1: Dirigindo-se a Deus

Se não entendemos as pessoas ao nosso redor, se elas nos decepcionam ou não respondem às nossas tentativas de conexão há algum tempo, tendemos a ignorá-las. Não temos vontade de investir mais tempo e energia nesses relacionamentos. Se você está lutando e decepcionado com o Senhor Deus, você pode ter a mesma tendência. Afinal, se Ele não responde, se Ele não parece estar fazendo o que prometeu, então é melhor pararmos de orar…? Não. Este pensamento é uma armadilha perigosa. Vários Salmos nos mostram uma alternativa melhor. Salmo 77:1-2, por exemplo, “Eu clamo em alta voz a Deus… No dia da minha angústia busco o Senhor”. Ou Salmos 22:2: “Ó meu Deus, choro de dia, mas tu não respondes, e de noite, mas não encontro descanso”.

Este último exemplo deixa claro que o poeta não recebeu resposta imediata. E ainda assim ele continuou a orar. Isto é um sinal de fé, mesmo que essa fé seja por vezes fraca e cercada pela dúvida. Podemos clamar a Deus com confiança de que Ele nos ouvirá – no Seu tempo. Acreditamos que Ele está aí e que nos ouve, mesmo que às vezes não O vejamos responder (ainda). Não desista!

Parte 2: Reclamação

Reclamar com Deus parece inapropriado a princípio. Ele é muito maior e muito mais santo do que nós, humanos; como poderíamos censurá-Lo? Isso não é muito ousado e audacioso? É realmente bom ter em mente o nosso lugar diante de Deus. No entanto, uma reclamação é, no nível mais profundo, uma expressão de fé. Pois somente quando acreditamos que Deus é bom e poderoso é que faz sentido apresentar-Lhe as nossas questões prementes. Podemos contar-Lhe sobre a nossa situação dolorosa ou injusta que não está de acordo com o Reino de Deus e com o Seu carácter. Podemos colocar nossas dúvidas e nossas emoções confusas diante Dele. Ele já sabe profundamente o que está acontecendo em nós, porque pode ver diretamente em nossos corações. Mas é bom abrir o coração diante do Senhor.

Vários Salmos dão exemplos disso:

  • “Por que te conservas longe, Senhor? Por que te escondes nos tempos de angústia?” (Salmo 10:1)
  • “ Direi a Deus, a minha Rocha: Por que te esqueceste de mim? Por que ando angustiado por causa da opressão do inimigo?’” (Salmo 42:9)
  • “Senhor, por que rejeitas a minha alma? Por que escondes de mim a tua face?” (Salmo 88:14)

Parte 3: Solicitação

Em Hebreus 4:16, somos encorajados: “Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno”. Podemos fazer isto mesmo antes de as nossas perguntas e reclamações serem respondidas, porque baseamos os nossos pedidos não nas nossas circunstâncias actuais, mas no carácter e nas promessas de Deus. Isso nos ajuda a invocá-Lo com confiança, mesmo quando temos dificuldades. Dor e crença podem coexistir, como vemos em muitos Salmos. Por exemplo, o Salmo 80:6-7 diz: “Tu nos pões por objeto de contenção entre os nossos vizinhos; e os nossos inimigos zombam de nós entre si. Faze-nos voltar, ó Deus dos Exércitos; faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos!”

Existem muitos pedidos diferentes para levar a Deus, dependendo das necessidades e circunstâncias do crente. Podemos clamar por resgate, pedir ao Senhor que intervenha e restaure o que há de errado neste mundo, pedir perdão quando pecamos ou solicitar a punição dos ímpios que tornam a vida tão difícil para os outros. Ou podemos simplesmente pedir a Deus que nos ouça, ou que nos ensine o caminho certo em meio às nossas dificuldades, como está expresso no Salmo 86:11.

“Ensina-me, Senhor, o teu caminho,
e andarei na tua verdade;
une o meu coração
ao temor do teu nome.”

Parte 4: Expressão de confiança ou louvor

É fácil ficar preso no modo de reclamação quando nos dirigimos a Deus. No entanto, vários Salmos mostram que o sofrimento também pode levar à confiança, e que cânticos de tristeza podem oferecer um caminho entre a reclamação e a confiança no Senhor. Isso não vem automaticamente. É uma escolha de fé o renovar o compromisso de acreditar em Deus, mesmo que as nossas dificuldades não sejam resolvidas. Ao fazer isso, estamos “pregando a nós mesmos”, o que pode ser definido como “lembrar-nos de forma consciente e intencional da pessoa, da presença e das provisões do nosso Redentor”. Este pode ser o passo final que conclui o nosso lamento e o transforma numa declaração de confiança e fé. Encontramos um exemplo disso no Salmo 10: “O Senhor é Rei eterno; da sua terra serão desarraigados os gentios. Senhor, tu ouviste os desejos dos mansos; confortarás o seu coração; os teus ouvidos estarão abertos para eles;” (Salmos 10:16-17).

Isso não quer dizer que este seja um passo que damos apenas uma vez! Talvez precisemos lamentar repetidamente para percorrer emocionalmente o caminho da dor à confiança. Canções de tristeza geralmente não são perfeitamente estruturadas e eloqüentes. Pelo contrário, as nossas orações muitas vezes refletem a turbulência interior que vivenciamos. E isso é totalmente aceitável! Se você ler os Salmos com atenção, também notará que os vários elementos do lamento podem ser repetidos e misturados à medida que as pessoas abrem seus corações diante de Deus.

Apoiando irmãos em sua dor

É curativo abrir o coração diante de Deus; dizer a Ele o que está em sua mente, colocar suas perguntas diante Dele e implorar por ajuda. Vimos como isto pode abrir caminho para uma nova esperança e uma confiança renovada. Mas às vezes as pessoas mal conseguem fazer isso. Alguém pode estar tão dominado pela dor, ou tão desanimado depois de anos de sofrimento sem esperança, que mal consegue orar. Então é muito difícil confortar ou ajudar tal pessoa. Afinal, nós também não temos solução e muitas vezes nenhuma resposta para as perguntas angustiantes sobre por que Deus permite que tudo isso aconteça! Talvez nos sintamos tão desamparados quando confrontados com a tristeza avassaladora da outra pessoa que preferimos ficar longe….

Especialmente em tais situações, pode ser uma bênção lamentar juntamente com – ou em nome de – o irmão que sofre. Podemos usar nossas próprias palavras ou palavras da Bíblia; podemos lamentar individualmente ou em grupo. Podemos apresentar nossas queixas a Deus e pedir-Lhe com ousadia que intervenha. Podemos expressar a nossa confiança Nele, mesmo que a outra pessoa não possa naquele momento, para apoiá-la nas suas necessidades. Existem pessoas ao seu redor que estão sofrendo intensamente? Você poderia lamentar com eles?

 

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