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Uma Questão de Nascimento – por Rodrigo Arrais – ORVALHO.COM

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A.W. Tozer fala da questão do nascimento e da cidadania celestial de uma maneira esclarecedora e muito inteligente no seu livro “Homem, a habitação de Deus”. Explica que, no que diz respeito a difícil classificação dos seres humanos, se quisermos de fato pensar como Deus, só existem dois tipos de pessoas: Os nascidos uma vez e os nascidos duas vezes.

Ao ser inquirido por Nicodemos, Jesus fala sobre isso dizendo: “Em verdade, em verdade te digo que quem não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” (Jo 3.3). E continua explicando: “O que é nascido da carne, é carne, mas o que é nascido do Espírito, é espírito” (Jo 3.6). Aquele que nasceu uma vez conhece um reino material onde tudo pode ser visto, experimentado pelos cinco sentidos e racionalizado. Ele vive em um nível de existência que todas as criaturas experimentam. Vivem, comem, morrem. Os nascidos da carne são simplesmente carnais. Uma existência limitada à ela nunca provará de Deus. Já os nascidos duas vezes experimentam algo diferente, que não pode ser racionalizado e que lhes dá a certeza de que, uma vez tendo nascido pela segunda vez no Espírito de Deus, não pertencem mais a esse mundo. Nascer de Novo é uma experiência espiritual que muda nosso lugar no Universo. Transforma-nos em cidadãos de um outro Reino onde passamos a habitar imediatamente. O que é nascer de novo? É aceitar Jesus como Senhor e Salvador da nossa vida e entrar em aliança com ele. A partir deste momento passamos a ser cidadãos do seu Reino. Parece simples, não é? Na verdade, este segundo nascimento envolve coisas complexas. A mudança de Reino é uma mudança de vida, cultura, comportamento, enfim, uma diferença total nos nossos padrões de pensamento.

O Reino do Espírito nunca funcionará pelas leis do Reino da carne. Quando somos introduzidos nele através do novo nascimento percebemos que coisas começam a mudar dentro do nosso coração. Começamos a ser regidos por um outro código de comportamento. Pude entender isto rapidamente logo após meu novo nascimento. Sendo filho de pastor, passei por várias fases e andei durante algum tempo longe do Senhor. Mas, graças a Deus, em um poderoso culto em um de nossos retiros de carnaval, Deus se revelou a mim. Foi algo grandioso e marcou o começo da minha verdadeira mudança de vida. Posso dizer que não lembro o dia, nem como, fui à frente da igreja pela primeira vez, aceitar a Jesus quando era criança. Eu e o meu irmão mais novo tínhamos competições de quem ia a frente receber Jesus mais vezes! No entanto, se você me perguntar sobre aquela noite em que fui tocado pela presença manifesta de Deus, posso contar todos os pequenos detalhes. Depois daquela noite algo mudou dentro de mim. Verdadeiramente, nasci de novo e, no espírito, comecei a fazer parte de um outro Reino.

Você quer saber as consequências daquela experiência na minha vida? Bem, a primeira foi que comecei a prestar atenção em coisas que nunca tinham me incomodado e sentir-me arrependido em relação a elas. Coisas que antes nem notava que estava fazendo, como colar respostas da prova dos colegas ou pequenas mentiras em casa, estavam agora pesando em meu coração. Meu coração entendia que agora as coisas não funcionavam do mesmo jeito para mim. Eu havia nascido para outro Reino e meus valores deveriam ser outros.

Nossa igreja recebe muitos novos convertidos todas as semanas. Nas reuniões de discipulado, quando tenho a oportunidade de gastar algum tempo com eles, gosto de fazer esta pergunta: “Quantos de vocês, quando praticam coisas que hoje sabem serem pecado, mas que antes nem mesmo percebiam estar fazendo, sentem algo diferente nos seus corações, como um lembrete ou um aviso?” É maravilhoso ver toda a turma, cheia de pessoas que há poucos dias aceitaram a Jesus, levantando suas mãos. É aí que digo: “Este é o Espírito Santo avisando vocês de que agora as regras mudaram”.

“Não podemos andar com Jesus e viver guiados pelas regras deste mundo. Uma diferença de padrões morais deve existir entre os que nasceram uma vez e os que nasceram duas vezes. Estilos de vida opostos precisam ser claramente discernidos entre os que nasceram do Espírito e os que nasceram da Carne. Sem isso, o mundo ficará confuso”.

Nunca a igreja precisou ser tão lembrada de que não pertence a este mundo como hoje. O meio cristão está poluído. Algumas igrejas, levadas pelo enganoso desejo de agradar as massas, esqueceram-se de que estão na terra a fim de desagradar. Deixe-me explicar: a igreja deveria ser o completo oposto do mundo, o reflexo de um Deus Santo. Sendo assim, se alguém quisesse ver a Glória de Deus e um estilo de vida diferente, bastava-lhe contemplar a igreja de Cristo na terra e ela seria Sal e Luz. Ao invés disso, a igreja de Jesus olha para o mundo em busca de estratégias para o alcance de pessoas e publicidade. O mundo Gospel, na verdade, traz para a igreja, o pensamento de que: “As pessoas lá fora precisam ver que nós, os crentes em Cristo Jesus, não somos assim tão diferentes deles”. Caros leitores, são de pensamentos assim que nasce o show de aberrações da mídia cristã. Nasce também uma geração de jovens sem identidade, uma igreja fraca e sem vida, pastores e cantores desejando a glória deste mundo. Apelando para o anseio de todo ser humano de sentir-se “incluído”, estas coisas levam o mundo para dentro da igreja e Deus para fora dela.

Não queremos desagradar. O desejo de ser aceita na comunidade já levou diversas igrejas a abrir mão do avivamento. Pastores mudaram o tom de suas pregações para agradar pessoas importantes nas suas congregações, o jovem cristão começou a “ficar” para não parecer diferente de seus amigos na escola e o medo da crítica continua a levar milhões de cristãos nominais para o inferno todos os anos. Não há como viver nesta terra, no verdadeiro poder do Espírito Santo, sem desagradar o espírito deste mundo. Assim como existem duas classes de homens, existem dois espíritos: O espírito que opera nos filhos da desobediência, como escrito em Efésios 2.2, e o Espírito Santo de Deus. Eles nunca poderão entrar em acordo.

“O moderno esforço para fazer as pazes entre estes dois espíritos não é apenas fútil, mas contrário às leis morais do Universo”. (A. W Tozer)

A Bíblia diz:

“Mas, como então o que nasceu segundo a carne perseguia o que nasceu segundo o Espírito, assim é agora.” (Gálatas 4.29)

“O Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece. Mas vós o conheceis, pois habita convosco, e estará em vós.” (João 14.17)

O mundo não pode receber do Espírito de Deus e persegue tudo o que diz respeito a ele. A causa principal para a perseguição talvez seja o fato de que, o nascido uma vez, nunca conseguirá compreender as coisas do Espírito.

“Ora, o homem natural não pode compreender as coisas do Espírito de Deus, pois lhe parecem loucura, e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”. (1 Coríntios 2.14)

O homem carnal não somente desprezará o que não entende como também fará de tudo para acabar com isso. Sendo assim, fica claro que não há como evitar o choque, se é que verdadeiramente vamos viver de acordo com nosso chamado. A guerra é inevitável em um Universo onde Espíritos tão opostos habitam o mesmo espaço. Como filhos de Deus cheios do Espírito Santo, não podemos permitir que o Espírito que opera a desobediência influencie nossos corações. Na verdade, devemos lutar para chocar o mundo, brilhando com toda força a glória do nosso Senhor. Sendo amorosos, verdadeiros, puros e nunca abrindo mãos dos nossos valores é que mostraremos a verdade do Evangelho. Não devemos aceitar que os costumes de uma sociedade nascida dos lombos de Adão influenciem a vida de uma comunidade nascida do Espírito Santo. Entre importar uma cultura mundana, prefiro exportar uma cultura bíblica. E você?

Somos peregrinos frutos de um segundo nascimento, no Espírito. Andaremos sempre nesta terra como um povo estranho aos seus costumes porque, se não for assim, deixaremos de ser peregrinos e construiremos nossas casas neste lugar. Quem faz isso abre mão de uma casa que Jesus prometeu construir nos céus. Escolhendo viver na terra, o peregrino deixa o caminho e esquece o propósito da jornada. Ele precisa ter um coração com um foco somente: completar a jornada, finalizar a carreira. Se ele já sabe claramente que é de outro Reino e compartilha de outro Espírito, não negociará sua fé, e caminhará decidido para a vitória que o espera logo em frente. O coração do peregrino é o lugar onde se guardam as esperanças do destino final em Jesus.

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Autor: Rodrigo Arrais – O Pr. Rodrigo Aranha Arrais é um dos pastores da Igreja Batista do Angelim, em São Luis/MA, onde lidera a Rede de Missões, coordenando projetos de missões em todo o Brasil e em outras nações. Tendo dado seus primeiros passos no ministério ainda com 16 anos, mesmo jovem, acumula grande experiência ministerial sendo já a segunda geração de pastores na família. Ele e sua esposa Carla são apaixonados por Jesus que desejam ver milhares de jovens, como ele, descobrindo a alegria de ser cristão.

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