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Boi gordo atinge R$ 318,30 na B3, falta de animais em Mato Grosso aquece mercado nacional – Agronews

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Escalas de abates apertadas, falta de animais, clima adverso e outros fatores impulsionaram alavancagem do preço do boi gordo nas últimas semanas. Entenda os principais motivos e fique atento aos sinais para não perder as oportunidades.

O mercado do boi gordo vive um momento de grande efervescência, com preços em trajetória ascendente desde o início de agosto. O indicador CEPEA/B3, que reflete a média de preços em diversas praças pecuárias do país, atingiu R$ 318,30 nesta quarta-feira (30 de outubro), representando uma variação diária de 0,82% e uma alta expressiva de 16,02% no acumulado do mês. Essa valorização, que se mantém consistente ao longo das últimas semanas, é reflexo de um conjunto de fatores que convergem para uma oferta restrita de animais para abate e uma demanda aquecida por carne bovina.

Boi gordo atinge R$ 318,30 na B3, falta de animais em Mato Grosso aquece mercado nacional

Influência do mercado mato-grossense

Mato Grosso desponta como um dos protagonistas no cenário pecuário brasileiro. O estado é o maior produtor de gado bovino do país, com um rebanho estimado em mais de 31 milhões de cabeças, o que representa cerca de 14% do rebanho nacional. Essa expressiva participação reflete a importância de Mato Grosso para o abastecimento do mercado interno e externo com carne bovina.

Em entrevista para o Agronews, Celso Nogueira, presidente do Sindicato Rural de Cuiabá, destaca a escassez de animais como o principal motor da escalada dos preços. “A alta nos preços é reflexo da falta de animais na praça“, afirma o presidente, que também é empresário no ramo de leilões de gado (Estância Nogueira Leilões). Nogueira aponta que a saída de diversos produtores do mercado, em especial aqueles que não tinham a pecuária como atividade principal, contribuiu para a redução do rebanho disponível para abate. “Muitos produtores deixaram a atividade, ficaram somente aqueles que de fato vivem da pecuária. Profissionais liberais, médicos e outros empresários que apenas tinham a pecuária como investimento, enviaram seus rebanhos para o abate e deixaram a atividade“, explica Nogueira.

Crise financeira e clima adverso

Boi gordo atinge R$ 318,30 na B3, falta de animais em Mato Grosso aquece mercado nacional

A crise financeira enfrentada por pequenos e médios produtores também agravou a situação, forçando-os a abater parte de seus rebanhos, incluindo matrizes, para cobrir dívidas. “Produtores de pequeno porte e até médios, mas que não tem a infraestrutura financeira equilibrada, acabaram quebrando e também perderam parte do seu rebanho. Enviando as suas matrizes para abate para pagar parte das dívidas. Isso causou falta de bezerros para reposição e consequentemente boi gordo“, observa o presidente do Sindicato Rural de Cuiabá.

As condições climáticas adversas, com calor excessivo e períodos prolongados de seca, também impactaram negativamente a oferta de animais. O calor extremo prejudicou as pastagens, elevando os custos de produção para os pecuaristas, que precisaram complementar a alimentação do gado com ração. “O clima severo, calor excessivo por um período muito longo, acabou comprometendo a pastagem e aumentando o custo de produção, pois os pecuaristas tiveram que alimentar o gado com ração“, pontua Nogueira. A falta de uma cultura de armazenamento de forragem para o período seco, como a silagem, também intensificou os efeitos da estiagem sobre a produção.

Mercado aquecido

A alta concentração de frigoríficos em Mato Grosso também impulsiona a pecuária local, proporcionando um mercado comprador forte e competitivo. A presença de grandes empresas frigoríficas no estado estimula a profissionalização da atividade e a busca por melhores práticas de produção, visando atender aos padrões exigentes do mercado.

Com a oferta restrita e a demanda aquecida, tanto no mercado interno quanto no externo, os preços do boi gordo dispararam. “Com essa alta nos preços e falta de animais, o mercado esta muito aquecido e fervoroso. Praticamente quem tem um animal em condições, até mesmo os cruzados, estão conseguindo comercializar rapidamente“, destaca Celso Nogueira.

O encurtamento do ciclo pecuário, impulsionado por avanços genéticos, de manejo e tecnológicos, também contribui para a dinâmica atual do mercado. “Vale destacar que o ciclo pecuário encurtou bastante. Hoje praticamente estamos abatendo um boi de 24 arrobas, com menos de 2 anos. Isso graças ao desenvolvimento genético, manejo e tecnologia que conseguimos desenvolver ao longo dos anos“, observa Nogueira.

Boi gordo atinge R$ 318,30 na B3, falta de animais em Mato Grosso aquece mercado nacional

A análise da tabela revela que os preços do boi gordo nas principais praças de Mato Grosso, apesar de apresentarem alta expressiva, ainda se encontram abaixo do preço de referência do CEPEA. Na média geral, a oferta no estado é de R$ 295,46 /@. Mas na região Centro-Sul de Mato Grosso o preço já está acima dos trezentos reais (R$ 302,16 /@). Essa diferença em relação ao preço de referência do CEPEA pode ser atribuída a fatores regionais, como a logística de transporte e a concentração de frigoríficos, que influenciam a dinâmica de preços em cada região.

Em suma, o mercado do boi gordo atravessa um momento de grande volatilidade, impulsionado pela conjunção de fatores como a escassez de animais, a demanda aquecida e o encurtamento do ciclo pecuário. As perspectivas para o setor são de preços firmes no curto prazo, com a oferta restrita e a demanda consistente sustentando a valorização da arroba. No entanto, é preciso acompanhar atentamente a evolução dos fatores que influenciam o mercado, como a recuperação das pastagens, a entrada de novos produtores e as oscilações do mercado internacional, para traçar um panorama mais preciso do futuro da pecuária bovina no Brasil.

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