“Nunca se utilizou hormônio na indústria da produção avícola, NUNCA!“, afirma Dr. Mário Penz, especialista em aves da Cargill
A avicultura é uma das indústrias mais importantes do mundo, fornecendo uma fonte crucial de proteína para milhões de pessoas. No entanto, ao longo dos anos, surgiram diversos mitos em torno da produção de aves, especialmente em relação ao uso de hormônios. Durante a Show Rural Coopavel 2024, entrevistamos o Dr. Antônio Mário Penz Júnior, Diretor Global de Contas Estratégicas e Especialista em Aves da Cargill, para falar sobre esse tema controverso.
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Produção avícola no Brasil
A produção de frangos no Brasil é um pilar fundamental da economia agrícola do país. Com o Brasil ocupando o segundo lugar na produção mundial e liderando as exportações, o setor avícola brasileiro desempenha um papel crucial no abastecimento global de aves. Os dados do IBGE revelam a impressionante marca de mais de 6 bilhões de unidades produzidas em 2022, evidenciando a magnitude e o alcance da indústria avícola brasileira.
A qualidade e competitividade dos produtos avícolas brasileiros têm sido reconhecidas internacionalmente, permitindo que o país atenda às demandas diversificadas de consumidores em todo o mundo. Com projeções otimistas de crescimento na oferta e demanda mundial, o Brasil está posicionado para continuar sendo um líder global na produção avícola nos próximos anos.
Mito desmistificado: Nunca se utilizou hormônio na produção avícola
Em entrevista exclusiva para o Agronews, o Dr. Mário Penz é enfático ao declarar que “Nunca se utilizou hormônio na indústria da produção avícola, NUNCA!“. Ele esclarece que essa crença é infundada e baseada em falta de informação. Segundo o especialista, a literatura científica é clara em demonstrar que não há embasamento para o uso de hormônios na avicultura.
O Dr. Penz explica que, academicamente, não há justificativa para o uso de hormônios, como demonstraram estudos das décadas de 70 e 80. Além disso, ele ressalta a impraticabilidade logística e econômica de aplicar hormônios em larga escala na produção avícola. Em um setor que produz bilhões de aves, a aplicação de hormônios seria totalmente inviável.
O segredo: Genética e eficiência de produção
Um dos mitos mais difundidos é o rápido crescimento das aves na indústria avícola moderna. O Dr. Penz desmistifica essa ideia, explicando que os avanços genéticos ao longo de décadas são os responsáveis pelo crescimento acelerado das aves. Ele destaca que a seleção genética permitiu a produção de aves mais eficientes, que exigem menos ração para alcançar o peso ideal. “Isso foi melhorando geneticamente durante esses 50 anos para chegar no frango que nós estamos hoje. Então não é um frango que era 70 dias, e hoje, é 40. Não, ele é o frango que era 70, 69, 68 e assim sucessivamente“, explica Penz.
A redução no consumo de ração por ave tem impactos significativos na sustentabilidade da indústria avícola. Menos ração significa menos demanda por grãos como soja e milho, reduzindo a pressão sobre os recursos naturais. Além disso, a diminuição na excreção de nitrogênio e fósforo contribui para a redução da poluição ambiental. “Eu comecei a trabalhar com frango com 2,4 quilos de ração para um quilo de frango, o que nós chamamos de conversão alimentar. Hoje, os frangos estão com 1,3 a 1,4 de conversão alimentar, ou seja, nós estamos precisando hoje um quilo a menos de ração para fazer o mesmo quilo de frango.“, diz o especialista.
O Dr. Mário Penz destaca que a produção animal, incluindo aves, suínos e bovinos, tem se tornado mais eficiente a cada ano. Graças aos avanços genéticos e tecnológicos, os produtores conseguem selecionar animais mais eficientes e adaptados às necessidades do mercado. Essa evolução é resultado de décadas de pesquisa e desenvolvimento na indústria. “Isso vale para o suíno, isso vale para o bovino. Isso vale para a produção de leite. Isso vale para a produção de ovos. Quando nós produzimos uma quantidade de ovos por galinha há 20 anos atrás, pelo mesmo programa de genética, por melhoramento, por eficiência, nós fomos sempre selecionando animais mais eficientes que os seus irmãos.”, comenta Dr. Mário.
As pesquisas e avanços conquistados ao longo dessas últimas 5 décadas, se tornou uma vantagem significativa para entender a genéticas desses animais. Segundo Dr. Mário, hoje nós conhecemos o DNA deles, coisa que no passado nós não conhecíamos. “Hoje, com a leitura do DNA, do código genético, eu não só escolhi os melhores, mas sei porque eles são melhores que no passado. Nós escolhíamos melhor, mas não sabíamos porque era melhor. Hoje nós colhemos o melhor e sabemos porque é melhor.“, completa.
Comunicação transparente e a responsabilidade da informação correta
Por fim, o Dr. Penz ressalta a importância da comunicação transparente na indústria agrícola. Ele reconhece o papel fundamental dos veículos de comunicação especializados em fornecer informações precisas e equilibradas. A comunicação entre produtores e consumidores desempenha um papel crucial na construção de confiança e transparência no setor. “Agronews é a informação para quem produz. A responsabilidade de vocês é impressionante, porque vocês fazem um canal de comunicação entre quem produz e aquele que consome. E essa transferência tem que ser sem um viés equivocado. É vocês que fazem a reportagem hoje, a informação agrícola tem uma responsabilidade muito grande e estamos aqui para colaborar com vocês. Sempre!“, finaliza.
Em resumo, a entrevista com o Dr. Mário Penz oferece uma visão esclarecedora sobre a produção avícola e desmistifica alguns dos mitos persistentes associados ao uso de hormônios. Ao destacar a importância da ciência, da sustentabilidade e da comunicação transparente, ele lança luz sobre os avanços e desafios da avicultura moderna.
Sobre Dr. Mário Penz
Antônio Mário Penz Júnior possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul(1972), mestrado em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul(1976) e doutorado em Nutrição pela University of California(1980). Atualmente é professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Diretor Global de Contas Estratégicas e Especialista em Aves da Cargill. Tem experiência na área de Zootecnia, com ênfase em Nutrição e Alimentação Animal.
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