Pular para o conteúdo

Soja tem desvalorização de 7,7% em outubro, milho e trigo seguem outra trajetória – Agronews

  • por

O mês de outubro de 2024 trouxe consigo uma série de flutuações e desafios para o mercado de commodities agrícolas, com a soja experimentando uma notável desvalorização, enquanto o milho e o trigo navegaram por cenários distintos. O relatório divulgado pela Central Internacional de Analise Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA) fornece uma análise abrangente do desempenho dessas commodities, destacando os fatores que impulsionaram suas trajetórias.

Soja: Queda acentuada impulsionada por piversos fatores

A soja, protagonista do mercado de commodities, testemunhou uma queda significativa em seu valor durante o mês de outubro. O contrato futuro da soja em Chicago, um importante indicador do mercado global, encerrou o mês em US$ 9,76 por bushel no dia 30, comparado a US$ 10,57 no dia 1º de outubro, representando uma desvalorização de 7,7%.

Diversos elementos convergiram para essa queda acentuada, incluindo:

Colheita robusta nos EUA: O ritmo acelerado da colheita de soja nos EUA, atingindo 89% da área plantada em 27 de outubro e superando a média histórica de 78%, contribuiu para um aumento na oferta global da oleaginosa, pressionando os preços para baixo.

Expectativa de safra recorde na América do Sul: As projeções de uma safra recorde na América do Sul, com o Brasil potencialmente colhendo 167 milhões de toneladas, também alimentaram a pressão baixista sobre os preços da soja.

Desvalorização do Real: A depreciação do Real frente ao dólar, com a moeda americana atingindo R$ 5,76 na última semana de outubro, impactou diretamente o mercado brasileiro de soja. Apesar de beneficiar as exportações, a desvalorização cambial reduziu o poder de compra dos produtores brasileiros, que dependem de insumos importados.

Tabela 1: Comparativo dos preços da soja em outubro de 2023 e 2024

Data Chicago (US$/bushel) Rio Grande do Sul (R$/saco)
01/10/2024 10,57 N/D
30/10/2024 9,76 127,90
Final Out/23 12,87 136,79

Fonte: CEEMA

A tabela acima ilustra a desvalorização da soja tanto no mercado internacional quanto no mercado brasileiro, comparando os preços de outubro de 2024 com os de outubro de 2023.

Soje tem desvalorização de 7,7% em outubro, milho e trigo seguem outra trajetória

Milho: Trajetória de alta impulsionada pela demanda interna

Em contraste com a soja, o milho trilhou um caminho de valorização no mercado brasileiro, mesmo em face da queda nas exportações. Diversos fatores contribuíram para essa tendência:

Produção interna reduzida: A menor produção de milho na última safra brasileira resultou em uma oferta mais limitada do cereal no mercado interno, sustentando os preços em patamares mais elevados.3

Demanda interna aquecida: A demanda interna por milho se manteve robusta, impulsionada principalmente pelo setor de ração animal, contribuindo para a valorização do cereal.

Tabela 2: Comparativo dos preços do milho em Outubro de 2023 e 2024

Região/Estado Final Outubro/24 (R$/saco) Final Outubro/23 (R$/saco) Variação (%)
Rio Grande do Sul 65,50 53,47 +22,5%
Mato Grosso 52,41 N/D N/D
Demais regiões do país 49,00 – 72,00 36,00 – 55,00 +30% a +36%

Fonte: CEEMA

A tabela acima demonstra a valorização do milho em diversas regiões do Brasil, comparando os preços de outubro de 2024 com os de outubro de 2023.

Trigo: Impacto da seca nos EUA e perspectivas de importação para o Brasil

O trigo também enfrentou volatilidade em outubro, com os preços sendo influenciados pela seca nos EUA e pelas perspectivas da safra brasileira.

Seca nos EUA: A seca que assola as regiões produtoras de trigo nos EUA tem prejudicado as lavouras de inverno, resultando em uma oferta menor do cereal no mercado internacional e sustentando os preços em patamares mais elevados.

Quebra de safra no Brasil: A quebra da safra brasileira de trigo, estimada entre 20% e 25%, e a baixa qualidade do produto colhido, deverão impulsionar as importações do cereal em 2025.5

Tabela 3: Comparativo dos preços do trigo em uutubro de 2023 e 2024

Estado Final Outubro/24 (R$/saco) Final Outubro/23 (R$/saco) Variação (%)
Rio Grande do Sul 68,00 49,64 +37%
Paraná 77,00 – 79,00 54,00 +42% a +47%

Fonte: CEEMA

A tabela acima evidencia a valorização do trigo no Brasil, comparando os preços de outubro de 2024 com os de outubro de 2023.

O mercado de commodities agrícolas segue sendo moldado por uma teia complexa de fatores interligados. A desvalorização da soja em outubro reflete a dinâmica da oferta e demanda global, com a produção abundante nos EUA e a expectativa de safra recorde na América do Sul pressionando os preços para baixo. No entanto, o desempenho do milho e do trigo demonstra que outros elementos, como a produção interna, a qualidade do produto e as condições climáticas em importantes regiões produtoras, também exercem influência significativa sobre a formação dos preços.

É fundamental que os agentes do mercado acompanhem de perto a evolução desses fatores, buscando se adaptar às constantes mudanças e desafios que o mercado de commodities agrícolas apresenta.

As informações acima são referentes ao período entre 25/10/2024 e 31/10/2024, por Prof. Dr. Argemiro Luís Brum.

Sobre o CEEMA

A Central Internacional de Analise Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA) é um centro de pesquisa, extensão e serviços vinculado ao Departamento de Economia e Contabilidade (DECon), da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul(UNIJUI), situada em Ijuí – RS/Brasil.

Como órgão vinculado a uma instituição de ensino superior, a CEEMA atua como canalizadora de informações para pesquisas desenvolvidas pelo corpo docente e discente da própria Universidade. Além disso, se preocupa em desenvolver estudos que possam melhor subsidiar a tomada de decisão dos indivíduos e empresas que atuam na comunidade.

Objetivo: Desenvolver pesquisas e estudos associados à economia, política econômica e mercado do agribusiness brasileiro e internacional visando compreender o passado, analisar o presente e projetar o futuro, indicando as possíveis tendências nas áreas indicadas.

AGRONEWS é informação para quem produz

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *