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CNA afirma que ferrovias podem reduzir custos de transporte do agro, MT será nova fronteira

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Em 2023, apenas 18,5% de tudo que foi movimentado em ferrovais brasileiras correspondeu a produtos agrícolas. A CNA argumenta que, apesar do crescimento da oferta ferroviária, ela continua estagnada em relação ao ritmo de crescimento da produção agrícola, o que mantém o setor dependente do transporte rodoviário.

O Brasil, conhecido como celeiro do mundo, enfrenta um desafio crucial para manter sua posição de destaque no cenário agrícola global: a necessidade urgente de ampliar e modernizar sua malha ferroviária. Esse debate ganhou força recentemente, especialmente após discussões promovidas pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que ressaltou a importância estratégica das ferrovias para o escoamento da produção agrícola e o desenvolvimento econômico do país.

A CNA, em audiência pública no Senado, na última quinta-feira(10), evidenciou o potencial inexplorado do transporte ferroviário no Brasil, que, apesar de ser mais sustentável e econômico que o rodoviário, ainda é subutilizado. Elisangela Pereira Lopes, assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da CNA, destacou que o predomínio do transporte rodoviário impõe custos elevados ao país, tanto do ponto de vista financeiro quanto ambiental. “Não dá mais para transportar mais de 60% da nossa carga em rodovias tendo potencial para utilizar outros modos como o ferroviário“, afirmou Elisangela, chamando atenção para as externalidades negativas que o modelo atual gera para toda a população brasileira.

Movimentação nas ferrovias

CNA afirma que ferrovias podem reduzir custos de transporte do agro, MT será nova fronteira

Segundo Elisangela, em 2010 mais ou menos 20 milhões de toneladas passaram pelas ferrovias do país, correspondendo a 20% da produção de grãos. Em 2023, os mesmos 20% permanecem, porque, ela explica, a produção aumentou significativamente e a oferta ferroviária, embora tenha crescido, continua estagnada.

Então, isso traz uma preocupação para o setor. Até quando ficaremos cativos do modo rodoviário, percorrendo de 1,5 mil a 2 mil km para chegar com a carga em um supermercado ou porto? Existem projetos em andamento e vemos uma tendência de crescimento nos investimentos, mas eles têm que alcançar a velocidade da produção e não ficar atrás.”, complementa a assessora técnica da CNA.

Mato Grosso: Uma nova fronteira ferroviária

Ferrovia Vicente Vuolo
Senador vicente vuolo – ferrovia em mt

Em meio a esse cenário nacional, o estado de Mato Grosso desponta como um caso emblemático da importância da expansão da malha ferroviária. O estado, maior produtor de grãos do país, carece de uma infraestrutura de transporte que acompanhe o ritmo acelerado de sua produção agrícola.

Neste cenário, o município de Lucas do Rio Verde, está prestes a se tornar um importante centro logístico nacional, com a previsão de receber o entroncamento de três ferrovias: a Ferrovia Senador Vicente Vuolo (Ferronorte), a Ferrogrão e a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO). A convergência dessas três importantes vias férreas em Lucas do Rio Verde terá um impacto extremamente positivo para a economia de Mato Grosso, facilitando o escoamento da produção agrícola do estado e reduzindo significativamente os custos de transporte.

CNA afirma que ferrovias podem reduzir custos de transporte do agro, MT será nova fronteira

A partir desse entroncamento, o estado terá acesso aos portos de Santos (SP), por meio da Ferronorte, e de Miritituba (PA), através da Ferrogrão, abrindo novas rotas para exportação e impulsionando a competitividade dos produtos mato-grossenses no mercado internacional. Além disso, a FICO conectará Lucas do Rio Verde à Ferrovia Norte-Sul em Mara Rosa (GO), integrando o estado à malha ferroviária nacional e ampliando as opções de escoamento da produção.

Já em andamento, a construção da Ferrovia Senador Vicente Emílio Vuolo, projeto avaliado em R$ 14 bilhões, ligará Rondonópolis a Lucas do Rio Verde, com um ramal crucial para Cuiabá, promete revolucionar o escoamento da produção agrícola do estado, reduzindo custos e impulsionando o desenvolvimento regional.

CNA afirma que ferrovias podem reduzir custos de transporte do agro, MT será nova fronteira

Francisco Vuolo, secretário de Agricultura, Trabalho e Desenvolvimento Econômico de Cuiabá e presidente do Fórum Pró-Ferrovia, filho do senador que dá nome à ferrovia, destaca o impacto positivo do projeto para a capital mato-grossense e para todo o estado. “A ferrovia em Mato Grosso já é uma realidade e tem prospecção de geração de mais de 200 mil empregos direta e indiretamente“, afirmou Vuolo durante evento realizado em junho deste ano em Poconé. Vuolo enfatizou o compromisso do Fórum Pró-Ferrovia em acelerar a concretização do projeto. “Estamos trabalhando junto com a Câmara Municipal de Poconé e a sociedade organizada dessa região para poder acelerar o processo e o cumprimento do contrato para que os trilhos cheguem a Cuiabá o mais rápido possível“, complementou.

Avanços e desafios na implementação da ferrovia em MT

A chegada da Ferrovia Senador Vuolo em Cuiabá já registra avanços significativos, como a obtenção da licença para a instalação dos trechos da ferrovia do município de Juscimeira até a capital mato-grossense. Itamar Lourenço, presidente da Câmara Municipal de Poconé, anunciou a indicação de cumprimento de contrato para que a empresa Rumo, responsável pela malha ferroviária, apresente a licença ambiental para a construção dos trechos até Cuiabá. “Estaremos apresentando para a Secretaria Estadual de Meio Ambiente ainda neste mês de junho, o pedido de licença e autorização da construção dos trechos ferroviários que ligarão a região de Juscimeira até a nossa capital“, pontuou Lourenço.

A Rumo, por sua vez, reafirmou o compromisso de finalizar a ferrovia até o final de 2026. Rodrigo Verardino de Stéfani, gerente de relações institucionais e governamentais da Rumo, assegurou que a empresa está empenhada em levar os trilhos até Cuiabá. “Cuiabá está nos planos da Rumo. A chance desses trilhos não chegarem até lá é zero“, afirmou Stéfani. A empresa já solicitou autorização da Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística (Sinfra) para iniciar estudos mais aprofundados da região onde o traçado da ferrovia será implementado.

O presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), Sérgio Ricardo, também se mostrou entusiasmado com o projeto e enfatizou a importância da obra para o desenvolvimento de Mato Grosso e do Brasil. “Cuiabá precisa desse ramal, que tenho certeza que vai beneficiar muito todo Mato Grosso e todo o Brasil. Essa obra está trazendo desenvolvimento e crescimento para o estado e o Tribunal de Contas vai acompanhar periodicamente essa execução, motivando e pedindo para que a estrada de ferro chegue em todos os cantos de Mato Grosso e, principalmente, em Cuiabá”, declarou Sérgio Ricardo.

Benefícios da expansão ferroviária para o agronegócio

A expansão da malha ferroviária, especialmente em Mato Grosso, traz consigo uma série de benefícios para o agronegócio brasileiro. A redução dos custos de transporte é um dos principais atrativos, tornando a produção agrícola brasileira mais competitiva no mercado internacional. A Ferrogrão, por exemplo, linha férrea que ligará Sinop (MT) a Miritituba (PA), promete reduzir em 30% os custos de transporte de grãos, abrindo novas perspectivas para os produtores do Mato Grosso.

Além da redução de custos, a ferrovia também contribui para a sustentabilidade do setor. O transporte ferroviário é reconhecidamente menos poluente que o rodoviário, emitindo menos gases de efeito estufa e contribuindo para a preservação ambiental. A Ferrovia Senador Vuolo, por exemplo, prevê uma redução significativa nas emissões de carbono, alinhando-se aos compromissos de sustentabilidade assumidos pelo Brasil.

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