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Graças ao agro, preços dos alimentos representam apenas 40% do valor praticado na década de 70

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Coordenador do CEPEA aponta redução impressionante de preços dos alimentos nas últimas 5 décadas “O preço dos alimentos hoje está em torno de 40% em termos reais, do que era lá atrás“, afirma o especialista.

Em uma reveladora entrevista com o Prof. Geraldo Barros, coordenador científico do Cepea/Esalq – USP, mergulhamos fundo nas contribuições do agronegócio brasileiro para a economia e sociedade. O destaque não poderia ser outro: a impressionante trajetória de diminuição dos preços dos alimentos ao longo das últimas cinco décadas, um feito notável que tem impactado diretamente no bolso e na mesa dos brasileiros. “Tanto que: Por que o Brasil é um grande exportador de produtos do agronegócio? Porque nós somos um dos que vendem mais baratos os produtos do agronegócio. Se fosse caro, o pessoal não estava nem comprando, eles iam comprar em outros lugares. Então os preços mais competitivos são os que o agronegócio brasileiro produz hoje em dia.“, afirma Barros.

Aperte o play no vídeo abaixo e confira!

Redução histórica nos preços dos alimentos

Para esclarecer melhor esses números, visitamos o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), unidade da Universidade de São Paulo (USP), localizada em Piracicaba – 150 km da capital. O grupo de pesquisas também é registrado no CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

Na oportunidade, conversamos com o Coordenador do CEPEA, Prof. Geraldo Barros sobre a realidade do setor agro e os impactos diretos para a sociedade. “Se você comparar os preços dos alimentos em 1970-75 com os preços hoje, em termos reais, é uma relação de 100 para 40. O preço dos alimentos hoje está em torno de 40% em termos reais, do que era lá atrás“, exemplifica o Prof. Barros. Esta analogia nos permite visualizar não apenas números frios, mas sentir no bolso o impacto dessa transformação.

Sem o devido reconhecimento, na avaliação do especialista, o agronegócio tem conduzindo com maestria um processo de inovação, eficiência produtiva e expansão da economia brasileira “Esse aumento de produção levou a uma queda espetacular de preços.“. Nesse sentido, “O CEPEA, o Centro de Pesquisas do Agronegócio da Universidade de São Paulo, está trabalhando há 42 anos… tentando conhecer os mais diferentes aspectos do agronegócio“, compartilha Barros sobre o compromisso da entidade em gerar dados científicos sobre o avanço contínuo do setor.

Graças ao agro, preços dos alimentos representam apenas 40% do valor praticado na década de 70
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) – Piracicaba/SP (Foto: Agronews)

Como podemos perceber, a engrenagem que move o agronegócio é composta por inúmeros elos, desde pequenos a grandes produtores, todos inseridos em cadeias produtivas complexas que envolvem produção, transporte, transformação e armazenamento. Cada etapa é uma peça vital no quebra-cabeça que visa levar alimentos da fazenda à mesa de forma eficiente e econômica. “São cadeias produtivas onde todos os produtores de todos os tamanhos estão inseridos“, enfatiza o professor, destacando a importância de cada participante no processo.

Além dos números: Impacto social e econômico

O impacto do agronegócio vai muito além da redução de preços. Há uma dimensão social crucial nesse processo, principalmente quando consideramos os desafios relacionados à pobreza e ao acesso à alimentação no Brasil. “O problema que nós temos aqui é que existe o grau de pobreza no Brasil, e é tão alto que muitos dos pobres não têm acesso adequado à alimentação“, alerta Barros, colocando em perspectiva a necessidade urgente de ações para mudar essa realidade.

Diante de um problema tão complexo quanto a pobreza, segundo o especialista, a solução requer um esforço conjunto e multifacetado. Investimentos em educação, programas sociais eficazes e políticas públicas orientadas para a inclusão são essenciais. “Vai exigir investimentos em educação, etc, que tem um retorno a longo prazo“, sugere Barros, apontando para a educação como uma das chaves para o desenvolvimento sustentável e a redução da pobreza.

O Agronegócio faz sua parte

Graças ao agro, preços dos alimentos representam apenas 40% do valor praticado na década de 70

Enquanto o debate sobre as causas e soluções para a pobreza continua, uma coisa é clara: o agronegócio está cumprindo seu papel. “O agronegócio está fazendo seu papel ao produzir em grandes quantidades e a preços historicamente cada vez menor. Você não pode fazer o mesmo, falar o mesmo dos outros setores da economia“, afirma o professor. Este é um testemunho do compromisso do setor com a produção eficiente e acessível, contribuindo significativamente para a segurança alimentar do país.

O Brasil é reconhecido mundialmente como uma potência agrícola, não apenas pela qualidade de seus produtos, mas também pela competitividade dos seus preços. “Por que o Brasil é um grande exportador de produtos do agronegócio? Porque nós somos um dos que vendem mais baratos os produtos do agronegócio“, ressalta Barros. Esta competitividade não beneficia apenas os consumidores internos, mas também posiciona o Brasil como um fornecedor chave no cenário global, alimentando nações e contribuindo para a estabilidade alimentar mundial.

O desafio da distribuição de renda

Apesar dos avanços notáveis, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos no que diz respeito à distribuição de renda e acesso aos alimentos. “A distribuição de renda é feita através dos programas sociais e não é ainda suficiente. Cada setor deveria fazer a sua parte e, claro, a sociedade como um todo assumir a responsabilidade sobre isso.“, aponta Barros, evidenciando a lacuna existente entre a produção de alimentos e seu acesso por parte das camadas mais pobres da população. A questão central, portanto, transcende a capacidade de produção, mergulhando na complexidade da distribuição de riqueza e oportunidades dentro do país.

Uma das soluções de longo prazo identificadas por Barros é o investimento em educação. Melhorar o nível educacional do país não é uma tarefa que se completa da noite para o dia; é um investimento de décadas, que requer paciência, dedicação e recursos. “São anos, décadas. E enquanto isso, você tem que ter esses programas de transferência de renda que sejam minimamente eficazes para contornar isso aí“, diz ele, sublinhando a importância de soluções imediatas que possam aliviar os problemas enquanto as soluções de longo prazo ganham tração.

Projeções futuras

Olhando para o futuro, o papel do agronegócio na economia brasileira e na mesa dos consumidores parece cada vez mais indispensável. O agronegócio não apenas tem a capacidade de continuar a alimentar o Brasil e o mundo, mas também de ser um protagonista nas discussões sobre a distribuição de renda e a luta contra a pobreza.

A entrevista com o Prof. Geraldo Barros não apenas ilumina os sucessos do agronegócio brasileiro nas últimas cinco décadas, mas também destaca os desafios persistentes que o país enfrenta. A redução dos preços dos alimentos é um legado impressionante, mas a batalha contra a pobreza e pela equidade no acesso à alimentação continua. É um chamado à ação para todos os setores da sociedade: governos, empresas, ONGs e cidadãos. A contribuição do agronegócio é inegável, mas seu maior impacto talvez resida no futuro, em como ele pode liderar pelo exemplo e inspirar mudanças estruturais mais amplas no Brasil.

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