Em uma demonstração de união e força, mais de 7.000 produtores de leite de Minas Gerais se mobilizaram em um protesto marcante contra as importações de leite em pó do Mercosul. Esta grandiosa reunião, sob o movimento “Minas Grita pelo Leite!”, aconteceu no auditório do Expominas, em Belo Horizonte, na manhã desta segunda-feira (18/3). O evento foi uma iniciativa liderada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), com amplo apoio da CNA, sindicatos rurais, cooperativas, e a presença de mais de 80 autoridades dos poderes Executivo e Legislativo, marcando um momento histórico na luta pelos interesses do setor leiteiro em Minas Gerais e em todo o Brasil.
A mobilização destacou-se não apenas pelo número impressionante de participantes, mas também pela entrega de mensagens poderosas e pela busca de soluções emergenciais para proteger o segmento. Um dos momentos mais significativos foi o anúncio do governador Romeu Zema sobre alterações no ICMS para laticínios que importam leite, visando apoiar os produtores locais e garantir justiça fiscal. “Nós temos laticínios em Minas Gerais que possuem um regime especial de tributação, uma vantagem com relação ao ICMS. Alguns deles importam leite e, a partir de hoje, vamos retirar o incentivo para isso. Para mim, isso é tratar justamente quem produz, paga imposto e gera emprego aqui em Minas Gerais”, disse.
Produtores de leite unidos
Antônio de Salvo, presidente da Faemg, enfatizou a necessidade de uma ação urgente do Governo Federal para valorizar o produtor rural brasileiro, destacando a ameaça de desabastecimento e as consequências para os consumidores. O evento também contou com a participação de figuras importantes como a deputada federal Ana Paula Leão e o deputado federal Pedro Lupion, que reforçaram a urgência de renegociação de dívidas e de políticas públicas estruturantes para o setor.
“O Governo de Minas teve a sensibilidade de fazer a parte dele. E estamos aqui tentando sensibilizar o Governo Federal para enxergar o tamanho do problema. São 220 mil produtores de leite em Minas. No Brasil inteiro, 1,1 milhão. O Governo Federal precisa valorizar o produtor rural brasileiro e não o produtor argentino e uruguaio. Se continuar assim, certamente teremos desabastecimento muito em breve, e a conta será paga por muitos consumidores mineiros e brasileiros”, reforçou Antônio de Salvo.
Gritômetro e Minas Grita pelo Leite
Além das discussões e pronunciamentos, o evento foi marcado pela assinatura do manifesto “Minas Grita pelo Leite!” e pelo lançamento do “Gritômetro“, um relógio simbólico que marca o tempo de espera por uma resposta do Governo Federal aos pleitos dos produtores. Este manifesto inclui demandas críticas como a suspensão das importações subsidiadas, a implementação de um plano de renegociação de dívidas, a inclusão permanente do leite nos programas sociais do governo, e a ampliação da fiscalização conforme o Decreto 11.732/2023.
A força do evento também foi evidenciada pela participação de produtores de todo o estado, que compartilharam suas histórias e a realidade enfrentada no campo, destacando a importância do leite como um pilar da agricultura e da economia local. Essa união mostra a gravidade da situação e a determinação dos produtores em buscar melhorias e soluções duradouras para o setor. “Há cerca de um ano, recebíamos em torno de R$ 3,50 o litro de leite e hoje estamos recebendo cerca de R$1,80 a R$ 2,00. Não tem planejamento rural possível em uma situação dessa, os produtores estão sufocados e precisando de um apoio governamental”, reforçou o presidente da cooperativa de produtores de Bocaiuva, Otaviano de Souza Pires.
Este movimento não só ressalta o espírito de luta e resiliência dos produtores de leite de Minas Gerais, mas também serve como um chamado à ação para políticas mais justas e efetivas que garantam o sustento e o futuro do setor leiteiro no Brasil.
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