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Preço da soja despencando, a culpa é da Argentina?

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O mercado de soja tem sido alvo de intensas oscilações nos últimos tempos, gerando preocupações e incertezas entre os produtores. Uma das questões que tem sido levantada é o impacto da produção argentina na dinâmica dos preços globais da soja. Neste artigo, vamos analisar a situação atual do mercado, considerando os dados recentes de cotações da soja nas principais regiões do Brasil e as perspectivas para o futuro próximo.

Impacto da Produção Argentina

Segundo estimativas recentes, a produção argentina de soja pode chegar a 53 milhões de toneladas, um aumento significativo em relação ao ano anterior que foi de um pouco de mais de 21 milhões de toneladas. Esse aumento na produção argentina tem impactado diretamente os preços globais da soja, criando um cenário de oferta abundante no mercado internacional. No entanto, é importante ressaltar que o Brasil também desempenha um papel fundamental nesse contexto, sendo responsável por 38% da produção global de soja. A competição entre os dois países tem contribuído para o desequilíbrio na oferta e demanda, afetando os preços da commodity.

No Brasil, a colheita da soja está em pleno andamento, com um ritmo mais acelerado do que a média dos últimos cinco anos. Apesar de algumas quebras na produção devido às condições climáticas adversas, especialmente em Mato Grosso e no Paraná, a expectativa é de que o país registre a segunda maior safra da história. No entanto, mesmo com a provável redução na oferta brasileira, os preços futuros da soja não têm apresentado a esperada alta.

Produção de Soja: Brasil vs. Argentina (Até 2023/24)

Brasil:

Ano Produção Total (milhões de toneladas) Observações
2021/22 125,6 Média nacional
2022/23 154,5 Recorde de produção
2023/24  149,4 Redução devido ao clima

Argentina:

Ano Produção Total (milhões de toneladas) Observações
2018/19 – 2021/22 Média de 43,1 Variação antes da seca
2022/23 21 Drástica redução devido à seca
2023/24 53 Recuperação esperada com El Niño

Observações Importantes:

  • Argentina 2023/24: A safra de soja é esperada para ser uma das maiores dos últimos anos, potencialmente superando as safras recentes devido às condições climáticas favoráveis proporcionadas pelo fenômeno El Niño. Após enfrentar uma seca histórica que reduziu significativamente a produção para apenas 21 milhões de toneladas em 2021/22, a Argentina espera recuperar-se com uma produção estimada de 53 milhões de toneladas em 2023/24, segundo a Bolsa de Cereais de Rosário.
  • Brasil 2023/24: Devido as adversidades climáticas, o Brasil deve retrair sua produção de soja em relação a última safra, alcançando 149,4 milhões de toneladas. O país mantém sua posição como um líder global na produção de soja, beneficiando-se de condições climáticas favoráveis e práticas agrícolas eficientes.

Previsão de queda nos preços

Vários especialistas tem quebrado a cabeça para responder corretamente pra onde caminha o preço da soja. Mas a maioria tem chegado a conclusão de que o caminho do preço futuro da soja aponta para uma queda ainda maior. Alguns fatores devem ser considerados como: o Sul do Brasil colhendo uma safra recorde e a perspectiva de um aumento na área plantada nos Estados Unidos, espera-se um aumento na oferta global da commodity. Isso deve pressionar ainda mais os preços para baixo, com estimativas apontando para valores próximos aos 11 dólares por bushel.

Vale destacar que a safra de soja no Brasil ainda não está totalmente definida. A progressão da colheita de soja neste ano alcançou pouco mais de 1/3 da área total destinada ao cultivo, um pouco acima do ano anterior. Esse aumento é  natural devido a antecipação do ciclo de algumas lavouras por imposição de condições climáticas específicas, como a ocorrência de seca, que levaram a ajustes no calendário agrícola em algumas regiões.

Para tentar entender melhor a falta de reação do mercado, os diretores da Aprosoja Brasil acreditam que a divulgação de dados sobre a safra, que não condizem com a realidade, tem provocado uma tendência de baixa nos preços. Segundo a entidade, os produtores, além de terem redução de produtividade, têm que lidar com preços incompatíveis com a realidade, trazendo prejuízo aos sojicultores e às regiões produtoras.

Quando o produtor recebe um valor abaixo do que seu produto realmente vale, e que não cobre o custo de produção, o prejuízo não fica somente com os produtores, mas é compartilhado na forma de redução da atividade econômica nas regiões produtoras, o que significa uma redução dos postos de empregos e oportunidades de investimento. Além de levar produtores em todo o Brasil a deixarem a atividade, diminui a arrecadação dos municípios, do estado e do Governo Federal”, alerta a Aprosoja Brasil.

Possível impacto do La Niña no segundo semestre

No entanto, há uma variável que pode alterar esse cenário: a chegada do La Niña. Com previsões indicando a ocorrência desse fenômeno climático entre junho e setembro deste ano, há a possibilidade de que ele afete as safras nos Estados Unidos e no Brasil. Se isso ocorrer, pode haver uma revisão nas projeções de oferta e demanda, além de um possível risco evidenciado pelo fenômeno, o que poderia impulsionar os preços da soja novamente para cima. Este pode ser o suspiro que os produtores estão aguardando.

Diante desse cenário, é fundamental que os produtores estejam atentos aos sinais do mercado e preparados para se adaptar às mudanças. Estratégias como a diversificação de culturas, a busca por mercados alternativos e a utilização de tecnologias para aumentar a eficiência na produção podem ajudar a mitigar os impactos da volatilidade nos preços da soja. Além disso, é importante que o setor público e privado trabalhem em conjunto para promover políticas e iniciativas que fortaleçam a competitividade e a sustentabilidade do agronegócio brasileiro. Afinal, em um mercado tão dinâmico e globalizado, é essencial estar sempre preparado para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem.

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