Secretária de Meio Ambiente de Mato Grosso avalia principais desafios enfrentados na transição energética
Hoje, no quadro Direito Ambiental do portal Agronews desta semana, temos a honra de receber uma convidada especial, Mauren Lazzaretti, Secretária de Meio Ambiente do estado de Mato Grosso. Com uma vasta experiência na área do direito ambiental, Mauren traz sua visão sobre um tema crucial: a transição energética. E para tratar desse assunto tão importante para o futuro do país, a Dra. Alessandra Panizi conversou com a Secretária e você pode assistir esse bate-papo logo abaixo. Aperte o play e confira!
Desvendando a transição energética
A transição energética, tão debatida nos cenários brasileiro e global, é um tópico que não pode ser simplificado. Não se trata apenas de substituir energias fósseis por fontes limpas. Mauren nos lembra que esse processo abarca um trilema complexo: a segurança energética, equidade energética e sustentabilidade.
“Eu acho que esse é um tema que tem sido extremamente debatido a necessidade de se promover no Brasil e no mundo a transição energética. Porém ao contrário do que se pensa, esse não é um assunto simples não se esgota exclusivamente em substituir energia fóssil por energia de geração limpa, nós temos que entender que mesmo esse processo ele passa, para o que nós chamamos de um trilema, que é exatamente você fazer um enfrentamento de que essa transição precisa ver associada com uma segurança energética, com a equidade energética e sustentabilidade.“, explica Mauren.
A voz da Secretária destaca que, apesar do apelo pela energia solar, é crucial reconhecer que todas as fontes energéticas, sejam elas solar, eólica ou hidráulica, trazem consigo impactos ambientais. A transição energética demanda um preparo para enfrentar desafios que vão além do óbvio.
Os desafios ocultos: Mineração e legislação
A energia solar e eólica, por exemplo, requerem uma mineração mais intensa, algo muitas vezes não tão discutido quanto os benefícios dessas fontes. A mineração, por sua vez, é um tópico em si, com aspectos positivos e negativos que precisam ser avaliados cuidadosamente.
A transição energética não é apenas um movimento técnico, mas também legislativo. O licenciamento ambiental, a modernização das leis minerárias e do licenciamento são peças-chave nesse quebra-cabeça. Além disso, a preocupação estende-se ao destino dos equipamentos que serão substituídos à medida que avançamos rumo a maior eficiência.
“Assim como a energia hidráulica, por exemplo, a energia solar e energia eólica exigem que nós tenhamos que fazer um processo de mineração pouco mais expressivo. E a mineração também é um outro item que gera muito debate porque tem seus impactos positivos e negativos. A transição energética não é simples, ela é um processo que vai necessitar de um amadurecimento, inclusive legislativo, para nós entendermos que esse processo vai envolver o licenciamento ambiental. A efetiva modernização de legislações minerárias, a legislação de licenciamento e as nossas resoluções“, enfatiza a Secretária
Um ciclo intrincado: Carros elétricos, energia e mineração
Um ponto crucial levantado por Mauren é o ciclo intrincado da transição energética. Carros elétricos, frequentemente vistos como uma alternativa mais sustentável, ainda dependem de energia e, portanto, da mineração. O processo é entrelaçado, com várias peças contribuindo para o todo.
Finalizando as suas observações, a Secretária Mauren enfatiza a importância de encarar a transição energética com seriedade e discernimento. Uma abordagem simplista não é suficiente. O tema requer estudo profundo, engajamento da sociedade e uma compreensão abrangente de todas as implicações envolvidas.
“Esse é um processo que terá que ser debatido amplamente pela sociedade. Por fim a gente tem que lembrar que um carro elétrico que poluem muito menos do que os carros normais, precisa de energia e energia precisa de mineração. Tudo que foi dito aqui então é um ciclo, não é uma coisa independente. Não devemos de forma alguma pensar muito simplista na transição energética, não é razoável. A solução que a gente espera é a longo prazo. A sociedade quero chamar atenção para estudar um pouco mais sobre transição energética, sobre todos os processos que estão envolvidos com esse planejamento que é importante para o país e para o mundo, mas que exige bastante cautela e muito discernimento na hora de fazer as definições“, finaliza.
A conversa com a Secretária Mauren Lazzaretti nos lembra que a transição energética é uma jornada complexa e desafiadora, permeada por nuances que vão além das manchetes. É um apelo à educação e à conscientização, para que possamos tomar decisões assertivas e preparar o terreno para um futuro mais sustentável, sem subestimar a complexidade do caminho que temos pela frente.
Por Vicente Delgado – AGRONEWS®