Revolução: Pecuaristas estão trilhando seu próprio caminho que hoje é dominado por quatro conglomerados que controlam cerca de 85% do mercado de carne bovina: Tyson, JBS, Cargill e National Beef
Sustainable Beef: Produção de carne sustentável
Em North Platte, Nebraska, abriga o futuro da Sustainable Beef, uma planta de processamento de carne que os criadores de gado da região começaram a planejar em 2020.
A Sustainable Beef é uma das poucas iniciativas em todo o Centro-Oeste e as Grandes Planícies, onde produtores locais se uniram para estabelecer suas próprias instalações de processamento de carne, buscando romper com as quatro gigantes empresas que dominam o mercado de carne bovina.
Seguindo a tendência, do Missouri ao Dakota do Sul e Iowa, pecuaristas também estão organizando suas próprias plantas, como a Cattlemen’s Heritage Beef Company, localizada próximo a Council Bluffs, Lowa.
Nebraska à vanguarda da mudança
Em Nebraska, o CEO da Sustainable Beef, David Briggs, expressa sua expectativa de que a instalação esteja totalmente operacional até 2025. Quando a planta estiver a pleno vapor, processará cerca de 1.500 cabeças de gado por dia. Um feito impressionante, representando aproximadamente 1,5% da capacidade de todo o país, conforme explicado por Briggs.
“Nossa missão não era ser apenas local ou cuidar de uma única comunidade“, explica ele. “Era contribuir para o conceito de segurança nacional e efetivamente ser um protagonista na indústria como um todo.”, completa.
Os desafios do negócio pecuarista cresceram significativamente para os produtores e criadores de gado, à medida que empresas processadoras como Tyson, JBS, Cargill e National Beef se expandiram. Hoje, quatro conglomerados controlam cerca de 85% do mercado de carne bovina.
Isso resultou em menos compradores e obrigou os pecuaristas a aceitarem preços mais baixos ao venderem seus animais para serem transformados em cortes de carne. Ironicamente, os consumidores nos supermercados pagam mais por esses mesmos cortes.
Revolucionando o sistema: Pela comunidade e qualidade
Para combater essa realidade, um grupo de pecuaristas e criadores de gado de Nebraska decidiu assumir as rédeas da mudança. Inspirados em modelos de cooperativas, eles estão estabelecendo sua própria planta para processar seus próprios animais, rejeitando a dependência das gigantes corporações.
A Sustainable Beef não é apenas uma tentativa de reter o fluxo de dinheiro longe de contas bancárias corporativas; é uma revolução que coloca esse dinheiro nos bolsos dos criadores locais, como o membro do conselho e fundador, Trey Wasserburger.
Wasserburger trabalha junto com seu sogro, Kirk Olson, na Olson Farms, um confinamento a oeste de North Platte. Ele observa os currais do confinamento, onde os bois se aglomeram nas bordas para empurrar as cabeças através da cerca e alcançar os grãos dourados nos cochos de alimentação.
“Esses provavelmente estarão prontos daqui a 30 ou 40 dias”, afirma Wasserburger. “Eles irão para um grande processador e estarão na cadeia de suprimentos de carne em 60 dias, provavelmente.”
Ele ressalta que leva três anos de trabalho árduo para chegar a esse ponto. Agora, os animais precisam de alimentações duas vezes ao dia, limpezas regulares e verificações de saúde constantes.
O Futuro com sabor de qualidade
Cassie Lapaseotes, outra membra do conselho e fundadora da Sustainable Beef, comanda um confinamento com sua família no extremo oeste de Nebraska. Ela o descreve como um modelo de hotel.
“Antes de ir a um hotel, você quer lençóis limpos e tudo pronto para sua chegada”, diz Lapaseotes. “Quando esses animais chegam ao confinamento, queremos que os currais estejam limpos, os tanques de água estejam limpos, a ração esteja fresca diante deles.”
Wasserburger e Lapaseotes se orgulham de como cuidam dos animais para oferecer carne de qualidade ao mercado.
Porém, quando os processadores compram seu gado, eles basicamente recebem uma taxa predefinida com base no preço de animais de qualidade muito inferior àqueles que estão criando.
“É como comparar um Audi e um Kia. E o Kia define o preço do Audi”, explica Wasserburger. “É um sistema defeituoso, completamente.”
Atualmente, seus salários não refletem o esforço, a ciência e o dinheiro investidos em seu gado. Eles esperam que a Sustainable Beef possa corrigir isso e oferecer uma nova opção para pecuaristas e criadores de gado, apontando para um futuro promissor.
Impulso da gigante do varejo
A Walmart Inc. deu um passo à frente e se tornou uma das primeiras clientes da empresa. O varejista investiu no projeto e concordou em comprar e distribuir a maioria dos produtos da Sustainable Beef.
Para Briggs, essa parceria é o que pode destacar a empresa em relação a outros projetos fracassados de processamento de carne.
“Isso é o que costuma dar errado, na minha opinião. Têm essa grande ideia. E são boas ideias”, destaca ele. “Tiveram um bom apoio dos produtores, construíram uma planta, mas então, o que fazer com toda a carne?”
Mesmo com o apoio da maior cadeia de supermercados do país em participação de mercado, Wasserburger ressalta que eles não estão tentando competir com os grandes processadores.
“É como comparar os Yankees com o time de T-ball do meu filho”, afirma ele. “Não queremos ser os Yankees e não estamos fingindo que somos. Esse modelo funciona para nós e nossas famílias, então vamos jogar como sabemos.”
Com determinação, visão e um toque de audácia, a Sustainable Beef e seus fundadores estão preparados para redefinir o futuro da indústria pecuarista, mantendo a tradição e a qualidade em cada pedaço de carne que chega ao mercado.
Pecuaristas seguem seu próprio caminho
Por Vicente Delgado, com informações de Kcur
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