Companhia de “Toureiros anões” leva espetáculo à França após proibição na Espanha
Uma companhia espanhola de “Toureiros anões” levou seu espetáculo à França após ter sido proibida em seu país de origem. Os membros da ‘Diversiones en el ruedo‘ (Diversões na arena) apresentaram esquetes e cenas cômicas com e sem animais, trocando de figurino várias vezes, arrancando risos e aplausos dos 650 espectadores em Téthieu, uma cidade próxima à fronteira espanhola.
Espetáculo cômico e a questão da proibição
Para Daniel Calderón, coordenador da companhia de 11 artistas, o espetáculo é cômico e não envolve sangue ou execução, sendo apenas uma paródia. No entanto, na Espanha, esse tipo de apresentação foi proibido por uma lei aprovada pelo Parlamento espanhol em abril, com apoio da esquerda e da direita. A lei visa proibir espetáculos considerados humilhantes para pessoas com deficiência, incluindo os de “toureiros anões”.
Calderón vê essa proibição como uma falsa defesa, acreditando que ela foi impulsionada por pessoas que simplesmente desaprovam as touradas em geral. O Parlamento espanhol embasou a decisão em atuações que exploram pessoas com deficiência para gerar chacota e ridicularização em público.
Reações e perspectivas sobre o espetáculo dos Toureiros Anões
Paul Muñoz, que possui dez anos de experiência no mundo das touradas, considera essa proibição uma injustiça, lamentando a falta de consulta aos envolvidos nessa atividade. Para ele, o espetáculo faz parte do trabalho que eles gostam de realizar.
Porém, essa prática enfrenta críticas em outros países também. Violette Viannay, presidente da associação francesa de pessoas de baixa estatura, trabalha para promover maior inclusão e considera esse tipo de espetáculo “contraproducente”. Ela enfatiza que o nanismo não é apenas uma questão de tamanho, mas também pode envolver dificuldades de acessibilidade e sérios problemas de saúde.
Abaixo você pode ver um pouquinho do ensaio dessa cia de toureiros. Aperte o play!
O que se sabe sobre este tipo de espetáculo
Origem controversa: A inclusão de toureiros anões em espetáculos de touradas é uma prática controversa e com origens obscuras. Alguns acreditam que ela remonta a séculos atrás, enquanto outros apontam que surgiu mais recentemente como uma forma de atrair mais público e chamar a atenção para o evento.
Esforço e habilidade: Os toureiros anões não são meramente uma atração cômica, eles são profissionais que dominam as habilidades e técnicas da tauromaquia, realizando movimentos arriscados e precisos com a mesma destreza dos toureiros tradicionais. Seu pequeno tamanho exige ainda mais habilidade e agilidade para enfrentar os touros.
Controvérsia ética: O envolvimento de toureiros anões nas touradas é objeto de debates intensos em relação aos direitos humanos e questões éticas. Algumas organizações de direitos humanos e defensores dos direitos dos animais criticam essa prática, alegando exploração e perpetuação de estereótipos negativos sobre pessoas de baixa estatura.
Popularidade em alguns países: Embora seja uma prática controversa, os espetáculos com toureiros anões ainda encontram apoio em alguns países. Em determinadas regiões, eles atraem um público entusiasmado, que vê na atuação desses artistas uma forma única de entretenimento.
Evolução dos espetáculos: Devido às críticas e pressão de grupos ativistas, alguns eventos e locais têm buscado mudar a forma como os espetáculos com toureiros anões são realizados. Algumas iniciativas visam promover uma abordagem mais inclusiva e respeitosa, eliminando práticas que possam ser consideradas ofensivas ou desrespeitosas.
Legislação e regulamentações: Em certos países, as leis e regulamentos em relação a espetáculos com toureiros anões variam. Em alguns lugares, a prática é proibida ou restrita devido a preocupações com a exploração e bem-estar dos artistas envolvidos.
Alternativas criativas: Como forma de atender a demanda por entretenimento e ao mesmo tempo evitar polêmicas, alguns eventos têm buscado alternativas criativas e menos controversas, como espetáculos com bonecos ou representações simbólicas dos toureiros anões, preservando a tradição sem comprometer questões éticas.
Encerrando a tradição controversa
A autoridade francesa responsável pelas pessoas com deficiência, Fadila Khattabi, acredita que embora todos sejam livres para participar ou não dessas apresentações, a zombaria e a discriminação contra pessoas de estatura baixa fazem parte de uma história que precisa ser encerrada. Para Khattabi, considerar o nanismo como fonte de entretenimento é um problema que exige uma reflexão coletiva sobre essa representação.
Em meio às controvérsias e opiniões divergentes, a discussão sobre o tema continua em pauta, e a necessidade de respeito à dignidade e inclusão de todas as pessoas, independentemente de suas características físicas, permanece como um importante ponto de reflexão em nossa sociedade.
AGRONEWS®, com informações de AFP