Um “acordo mal redigido” afirma presidente da Acrimat. A entidade diz que está muito preocupada com a situação atual da pecuária e espera que as autoridades competentes possam revisar o acordo sanitário entre Brasil e China.
Acrimat pede revisão de protocolo com a China
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) informou que irá requerer às autoridades competentes a revisão do protocolo sanitário entre o Brasil e a China para exportação de carne bovina. O motivo é a suspensão temporária das exportações após a confirmação de um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina, mais conhecida como “vaca louca“, em uma propriedade no município de Marabá, no Pará.
O acordo sanitário entre os dois países determina que as exportações para a China sejam temporariamente suspensas a partir da identificação de registro da doença, mesmo que seja do tipo atípico. Com a confirmação da doença, a suspensão das exportações para a China se iniciou nesta quinta-feira (23/02).
O diretor-presidente da Acrimat, Oswaldo Pereira Ribeiro Júnior, afirmou que a suspensão é consequência de um “acordo mal redigido” que não fez distinção entre os tipos clássico e atípico da doença. A forma atípica da vaca louca não apresenta risco à saúde humana, porém o acordo estabelece a suspensão das exportações automaticamente após a identificação de um caso da doença, o que pode gerar prejuízos econômicos para a cadeia produtiva.
“Um acordo mal redigido em 2015, entre Brasil e China, não separou as duas formas da doença. E quando se identifica um caso ocorre automaticamente o embargo. Isso significa que o Brasil para imediatamente de exportar para a China, provocando um caos econômico em toda a cadeia. No último episódio, em 2021, quando ocorreu situação semelhante, tivemos quase 100 dias para retomar as exportações, com prejuízos incalculáveis para o setor”, afirmou Oswaldo.
De acordo com o presidente, a entidade está preocupada com o cenário atual da pecuária, que já enfrenta custos crescentes de produção e preços baixos na arroba, e que sofrerá ainda mais com a suspensão das exportações para a China. Atualmente, a China é um dos principais destinos da carne bovina brasileira, e Mato Grosso é o estado com o maior rebanho bovino do país.
A Acrimat solicita às autoridades competentes a revisão do acordo para que casos semelhantes não prejudiquem a exportação de carne bovina. O diretor-presidente da entidade ressaltou que o caso atípico registrado acometeu um animal macho de nove anos criado em pasto, sem ração, e que já foi abatido e sua carcaça incinerada no local, portanto, não representa risco aos demais animais e à população.
A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) classificou o Brasil como área de risco insignificante para a doença propriamente dita. Oswaldo garantiu que a forma atípica da doença não representa risco sanitário para outros animais e para a população, e que o problema deve ser tratado de forma consciente, sem causar pânico e prejuízos econômicos desnecessários. A Acrimat está muito preocupada com a situação atual da pecuária e espera que as autoridades competentes possam revisar o acordo sanitário entre Brasil e China.
Por Vicente Delgado – AGRONEWS®