Segundo presidente da cooperativa, o Pelicano é o projeto de engenharia do Brasil e talvez do mundo a eliminar o uso de mercúrio na extração do ouro.
A Cooperativa de Desenvolvimento Mineral de Poconé (CooperPoconé) lançou um sistema de extração de ouro sem utilização de mercúrio, chamado “Pelicano”. Este projeto de engenharia é o primeiro do Brasil a substituir o uso de mercúrio na separação de lama e ouro pelo cianeto de sódio, um agente menos tóxico. O evento de lançamento foi realizado na Mineradora São Rafael, localizada em Poconé, a cerca de 100 km de Cuiabá.
Pelicano, primeiro sistema do Brasil e talvez do mundo sem usar mercúrio na extração do ouro
O presidente da CooperPoconé, André Molina, esclarece que este é um projeto que vem sendo trabalhado há mais de 5 anos e representa o primeiro modelo legalizado do Brasil e talvez do mundo. “Hoje a gente conseguiu instalar e lançar o primeiro projeto de lixiviação para mineração de pequena escala do Brasil, talvez institucionalmente e legalmente o primeiro do mundo. Nossa ideia é levar esse projeto para todo o Brasil, principalmente para a Amazônia para acabar com essa questão da contaminação, pelo menos na utilização do mercúrio.“, diz o presidente.
A lixiviação é um processo químico utilizado na extração de metais, como o ouro, do minério. Durante o processo, um agente químico é adicionado ao minério para dissolver os metais e liberá-los na solução. O cianeto de sódio é um agente comumente utilizado neste processo, pois é capaz de dissolver o ouro e outros metais preciosos de forma eficiente.
A química Isabella Sella diz que o processo inicial é semelhante ao sistema anterior, porém, com a diferença na separação do mineral (lixiviação).”O ponto de mistura é que vai ser substituído pelo novo equipamento que iremos usar aqui. Após essa reação de lixiviação intensiva, gera-se essa solução que sai do reator e vai para outros tanques para ser feito o tratamento final. Aqui a gente um processo de lavagem desse material, de tratamento do resíduo e tudo isso implica em um processo mais sustentável.“, explica Isabella.
Processo implantado pela CooperPoconé está alinhando aos protocolos internacionais estabelecidos pelo Acordo de Minamata.
Este Acordo estabelece medidas para controlar a produção e o uso de mercúrio, assim como para monitorar e avaliar os níveis de mercúrio no ambiente. Também prevê ações de apoio para ajudar os países a implementar as medidas do acordo e promove a cooperação internacional para enfrentar os desafios do uso do mercúrio.
A coordenadora de licenciamento de empreendimentos de mineração da Secretaria Estadual de Meio Ambiente – Sema, Sheila Klener, que também participou do evento de lançamento, afirma que a redução do uso de mercúrio na mineração é uma das grandes preocupações do estado e por isso parabeniza a iniciativa da CooperPoconé.
“Essa é uma empresa que sai a frente, que dá um passo na eliminação da utilização do mercúrio. Por que além de cumprir o protocolo, ela vai melhorar a qualidade ambiental e ter o ganho econômico na retirada do mercúrio.“, avalia Sheila.
O Acordo de Minamata é um tratado internacional que visa proteger a saúde humana e o meio ambiente de possíveis danos causados pelo mercúrio. O tratado foi assinado em 2013 pelas Nações Unidas e entrou em vigor em 2017. O objetivo do acordo é controlar e reduzir a liberação de mercúrio na atmosfera e no ambiente aquático, bem como promover a substituição de tecnologias que utilizam mercúrio por alternativas mais seguras.
Para Vitor Hugo Moura, diretor da Fomentas Mining Company, isso representa um avanço tecnológico no setor de mineração e aproveitou para salientar o comprometimento na conservação do meio ambiente com o novo sistema de separação dos metais.
“É isso que nós os mineradores estamos alavancando nesse ano de 2022/23, destaque para o trabalho excelente que a cooperativa vem fazendo ao longo desses 7 anos para substituição do mercúrio. O que a gente quer é realmente o comprometimento com a sociedade, o meio ambiente, fazendo tudo dentro das normas ambientais federais, estaduais e internacionais.“, conclui Vitor Hugo.
O mercúrio é um metal altamente tóxico e pode ser prejudicial para o meio ambiente e a saúde humana, por isso é proibido em muitos países. O novo sistema da CooperPoconé vem como uma alternativa mais sustentável e aliada ao protocolos internacionais. Mas é importante lembrar que o cianeto de sódio também pode ser prejudicial se não for utilizado de forma adequada, sendo necessária a garantia de segurança e proteção ambiental durante o processo de extração.
Taxação sobre a mineração
Projeto de lei, encaminhado pelo Poder Executivo, poderá arrecadar até R$ 200 milhões por ano sobre o setor de mineração. Taxação ainda deixa muitas dúvidas e legislativo discute a pauta nesta segunda-feira(19).
Para entender melhor como isso será aplicado a TFRM, quais os impactos para o setor e como as empresas mineradoras devem se preparar para esta mudança. A Dra. Alessandra Panizi explica os detalhes no quadro de Direito Ambiental. Clique aqui para acessar a matéria.
Por Vicente Delgado – AGRONEWS®